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Plantão Saúde

Santa Casa de Campo Grande está a beira de um colapso

"Vai chegar um tempo, que não vamos conseguir ficar com as portas abertas", disse o Dr. Luiz Alberto Kanamura

Quarta-feira, 16 Setembro de 2020 - 17:19 | Marina Romualdo


Santa Casa de Campo Grande está a beira de um colapso
Presidente da Santa Casa de Campo Grande Heber Xavier e o superintendente da Gestão Médico-hospitalar, Dr. Luiz Alberto Kanamura (Foto: Marco Miatelo)

A Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de Mato Grosso do Sul, está à beira de um colapso. A unidade sofre com superlotação e falta de medicamentos e insumos. O número de internações dos pacientes complicaram a situação, que já estava crítica. A crise foi exposta pela diretoria do hospital que concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 16 de Setembro.

A Santa Casa tem atualmente 635 pacientes internados, sendo que o maior fluxo de atendimentos está na urgência e emergência do pronto-socorro de politraumatizados como — neurocirurgia, ortopedia e com problemas cardiovascular.

Com a volta da Unidade Manual de Respiração Artificial (AMBU) para apenas transportes, o hospital está com 95% de ocupação. O problema do excesso de pacientes não são os casos positivos de covid-19 e sim, os casos de acidentes.

Além disso, foi exposto que todos os pacientes do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HU) e do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) e, enfermos com o plano do Sistema Único de Saúde (SUS), estão sendo atendidos na Santa Casa da Capital.

Participaram da coletiva o presidente da Santa Casa Heber Xavier e o superintendente da Gestão Médico-hospitalar e Dr. Luiz Alberto Kanamura.

O Dr. Luiz Alberto disse que o hospital está com grande números de pacientes e com estoque de medicamentos zerados. "A unidade hospitalar não tem capacidade para atender à todos. A equipe de profissionais está esgotada e, desta forma, a Santa Casa caminha para o abismo. Vai chegar um tempo, que não vamos conseguir ficar com as portas abertas".

"Fora os pacientes com coronavírus, temos pessoas que chegam aqui com sintomas de diabetes e são as mesmas que ocupam por vários dias os leitos do hospital. O atendimento do SUS está sendo todo por aqui, as despesas com cada paciente é de R$ 1.450,00 e somos pagos apenas por R$ 59,00", declarou Luiz Alberto.

Contudo, a Prefeitura Municipal de Campo Grande está devendo um repasse para o hospital de R$ 5 milhões e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, R$ 2,6 milhões. "Sendo assim, estamos tendo que lidar com o financeiro e com a precária situação de assistência da Santa Casa", esclareceu o médico.

Ainda durante a entrevista, o superintendente da Gestão Médico-hospitalar relatou que nos finais de semana, durante à noite, na sala de gessos aumentam em média de 16 para 23 pacientes. E, que Santa Casa não pode fechar o atendimento de politraumatizados pois, a unidade hospitalar é único a realizar o procedimento para o tipo de acidente. Inclusive, 100% dos acidentes automobilísticos estão sendo atendidos no hospital. Mas, afirma que se cada hospital voltar a trabalhar de maneira como eles estão trabalhando, os hospitais de Campo Grande não terão problemas de superlotação.

O presidente da Santa Casa expôs que antes da pandemia do novo coronavírus, a unidade hospitalar já tinha que lidar com os diversos problemas. Porém, com o vírus, os impasses foram ainda maiores.

"Temos a situação financeira e a questão da equipe toda sobrecarregada. Tivemos mais de 200 funcionários afastados e, atendemos não apenas a Capital e sim, o Estado. Diante disso, a quantidade de pacientes é enorme. Apesar disso, o debito da Santa Casa é de R$ 70 milhões como impostos e entre outros, já o operacional é de R$ 4 milhões. Portando, há um indício de um colapso, mas ainda sem prazo".

"Estamos com 100% da ocupação e 30 pacientes aguarda vagas. E, sobre os casos positivos do coronavírus, o hospital está com 17 leitos na enfermaria e 10 leitos da Unidade de terapia intensiva (UTI) covid-19. E, com essa crise estamos devendo R$ 2 milhões para empresas de fornecedores e que corremos o risco de perder o contrato com eles", discorreu Heber.

Por fim, o médico Luiz Alberto revelou para que a população fique ciente, que se o paciente chegar hoje, na unidade de saúde precisando realizar o exame de cateterismo, não tem como atender, pois, o hospital não tem cateter. "Antes não tínhamos UTI, agora não temos o básico de um hospital", comentou.

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