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Primeiro posto avançado para desastres no Brasil é instalado no Pantanal

Estrutura busca reforçar a preservação do bioma, principalmente espécies ameaçadas e vítimas de desastres ambientais

Quinta-feira, 16 Outubro de 2025 - 13:00 | Redação


Primeiro posto avançado para desastres no Brasil é instalado no Pantanal
(Foto: Divulgação)

O Pantanal passa a contar com o primeiro posto médico-veterinário avançado em área remota do Brasil para atender animais selvagens em situações de desastre ambiental, como é o caso de incêndios florestais. A unidade está instalada na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, na Serra do Amolar, e é mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), com apoio de parceiros. A Base de Resgate Técnico Animal (Barta) é uma estrutura inédita no país que foi estruturada depois dos incêndios de 2020, a partir do conhecimento científico das instituições que integram o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), além de ter contado com apoio do World Animal Protection (WAP).

A licença de funcionamento da Barta foi emitida pelo Instituto de Meio Ambiental de Mato Grosso do Sul (Imasul) neste mês de outubro de 2025. Essa nova estrutura é fixa, licenciada para o Pantanal sul-mato-grossense e está preparada para atender animais selvagens atingidos por situações de desastre na região do Alto Pantanal, onde a ajuda é complexa por conta da localização remota. Além disso, nesse território, o monitoramento contínuo do IHP já identificou mais de uma centena de espécies de animais, entre elas há mais de 10 com algum grau de ameaça.

A analista ambiental Franciele Oliveira, que é a responsável técnica pela Barta, explica que a unidade tem condições de aumentar a sobrevida da biodiversidade e ainda pode permitir atendimentos emergenciais também para animais domésticos na região do Alto Pantanal.

Primeiro posto avançado para desastres no Brasil é instalado no Pantanal
(Foto: Divulgação) A Barta está localizada Reserva Particular de Patrimônio Natural Acurizal, na Serra do Amolar

“A Barta nasceu da dor e da urgência dos incêndios de 2020, quando o Instituto Homem Pantaneiro, junto com o Gretap e outros parceiros entenderam que era preciso uma resposta permanente à altura dos desafios da região. Hoje, ela representa esperança, compromisso e cuidado com a vida no coração do Pantanal. Poderá ser oferecida uma resposta rápida e qualificada à fauna afetada por desastres ambientais e sua principal função é realizar o atendimento emergencial e a estabilização clínica de animais silvestres e domésticos em situação de risco, garantindo socorro imediato dentro do próprio bioma, algo inédito no país, aumentando as chances de sobrevivência até o encaminhamento seguro ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande (MS), quando necessitam de cuidados prolongados”, detalha Franciele.

Além do resgate e atendimento emergencial em situação de desastre, a Barta apoia a prevenção e promoção da saúde única. O trabalho dos analistas médicos-veterinários envolvidos busca apoiar ações que integram o cuidado com a fauna, o ambiente e as comunidades locais. Também vai promover treinamentos práticos de resgate técnico animal e atividades de educação ambiental. O intuito é fortalecer a conscientização sobre a importância da conservação da vida no Pantanal.

Funcionamento - Em casos de emergências, as equipes do IHP sempre realizam buscas ativas em áreas que foram atingidas pelo fogo. Os técnicos seguem protocolos de resgate, contenção e estabilização clínica de animais silvestres e domésticos. O Imasul regula as normas estabelecidas que precisam ser aplicadas nesses casos.

Primeiro posto avançado para desastres no Brasil é instalado no Pantanal
(Foto: Divulgação)

Depois que acontece o resgate, os animais passam por avaliação e atendimento imediato na base e, na maioria das vezes, são encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) para reabilitação e acompanhamento. Cada atendimento é registrado e posteriormente reportado aos órgãos ambientais competentes para garantir a legalidade e a transparência das ações.

Principais atividades - As principais atividades incluem treinamentos práticos e capacitações em resgate técnico animal para médicos-veterinários, biólogos e brigadistas, ações de educação ambiental com comunidades locais e escolas ribeirinhas e indígenas,  atividades contínuas de monitoramento e resgate de fauna, realizadas pelo próprio IHP, apoio a iniciativas de prevenção e promoção da saúde única, integrando o bem-estar dos animais, das pessoas e do ambiente.

Equipe multidisciplinar -  A unidade da Barta precisa contar com equipe multidisciplinar e capacitada para conseguir atender no resgate e atendimento da fauna pantaneira. Integram a base médicos-veterinários (responsáveis pelos atendimentos), biólogos (acompanhar manejo, identificação e monitoramento das espécies), além de brigadistas e técnicos ambientais (suporte para as operações de campo, captura e transporte da fauna silvestre).

“A Barta representa um marco histórico na conservação e no cuidado com a fauna do Pantanal. Antes dessa unidade estar regulamentada, os resgates dependiam de longos deslocamentos até centros urbanos, o que reduzia drasticamente as chances de sobrevivência dos animais. Além de salvar vidas, a base fortalece o trabalho integrado entre resgate, ciência e educação ambiental”, explica Franciele Oliveira.

Primeiro posto avançado para desastres no Brasil é instalado no Pantanal
Foto: Divulgação

Estrutura da Barta - A estrutura conta com ambientes destinados ao atendimento, estabilização e apoio técnico, incluindo área de preparo e assepsia, sala de procedimentos e estabilização, almoxarifado veterinário para insumos e medicamentos e setor de esterilização e suporte técnico.

Entre os principais equipamentos estão mesa de procedimento, foco cirúrgico, autoclave, refrigerador, cilindro de oxigênio, projetor de dardos, zarabatana, cambões, redes, macas, caixas de transporte e kits de contenção.

SOBRE O IHP - O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. 

Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/


 

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