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Guia orienta campo-grandenses sobre espécies ideais para o plantio urbano

Publicações indicam árvores adequadas, evitáveis e proibidas, reforçando o título de Campo Grande como cidade mais arborizada do país

Quinta-feira, 16 Outubro de 2025 - 14:30 | Sandra Salvatierre


Guia orienta campo-grandenses sobre espécies ideais para o plantio urbano
Os documentos reúnem informações sobre espécies recomendadas, não recomendadas e proibidas, auxiliando o planejamento do paisagismo urbano e prevenindo problemas decorrentes de escolhas inadequadas. (Foto: PREF|CG).

Campo Grande, a capital mais arborizada do Brasil segundo o IBGE (2022), acaba de disponibilizar aos cidadãos duas ferramentas para o plantio adequado de árvores: o Guia de Identificação de Árvores e o Manual de Arborização Urbana. As publicações foram lançadas em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio de convênio firmado para a revisão do Plano Diretor de Arborização Urbana do município.

Os documentos reúnem informações sobre espécies recomendadas, não recomendadas e proibidas, auxiliando o planejamento do paisagismo urbano e prevenindo problemas decorrentes de escolhas inadequadas.

Com formato ilustrativo e linguagem acessível, o guia e o manual apresentam dados essenciais para a população. O guia destaca mais de 50 espécies identificadas na cidade, com fotografias, características botânicas e ecológicas, orientações de manejo e um calendário de floração  recurso útil para quem deseja planejar ações de paisagismo, educação ambiental e conservação da biodiversidade. Atualmente, Campo Grande possui cerca de 175 mil árvores viárias, distribuídas entre mais de 160 espécies. Destas, 51% são nativas do Brasil e 40% ocorrem naturalmente em Mato Grosso do Sul. O título de “Tree City of the World” (“Cidade Árvore do Mundo”), concedido pela FAO e pela Fundação Arbor Day, foi renovado pela sexta vez consecutiva em 2025, reconhecendo a gestão exemplar das florestas urbanas da Capital.

 

Para o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Martinez, o título é um reconhecimento importante, mas que exige planejamento contínuo.

“Antes de escolher a espécie arbórea, é fundamental avaliar o espaço disponível e o crescimento da planta. É preciso considerar a fiação elétrica, redes subterrâneas, construções próximas e as condições de solo e clima. As espécies nativas, nesses casos, têm maior adaptação e exigem menos manutenção”, afirma.

Martinez destaca ainda o impacto positivo da arborização no bem-estar e no valor dos imóveis.

“As árvores melhoram a saúde física e mental, tornam os espaços mais agradáveis e valorizam os imóveis, podendo elevar o preço entre 10% e 20%, dependendo do padrão. Além disso, proporcionam sombra, conforto térmico e privacidade benefícios ambientais e emocionais”, completa. A auditora fiscal do Meio Ambiente da Semades, bióloga Silvia Rahe Pereira, reforça que o guia e o manual são complementares e fundamentais para orientar o plantio correto em diferentes contextos urbanos.

“Costumamos dizer que não existe árvore errada, e sim espécie inadequada para o espaço disponível. Com base nos elementos urbanísticos — como largura da calçada, presença de rede elétrica e recuo predial, indicamos o porte adequado e as espécies recomendadas. O manual também traz orientações específicas para praças, parques e áreas de preservação permanente”, explica.

 

O que plantar: árvores que combinam com a cidade

De acordo com o Guia e o Manual de Arborização Urbana, as espécies mais adequadas são aquelas de porte compatível, com raízes não agressivas e boa adaptação ao clima local. Entre as principais recomendações estão:

 

  • Ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus)
  • Ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus)
  • Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus)
  • Jacarandá (Jacaranda cuspidifolia)
  • Sibipiruna (Cenostigma pluviosum)
  • Chuva-de-ouro (Cassia fistula)
  • Quaresmeira (Pleroma granulosum)

 

Essas espécies favorecem o sombreamento, a biodiversidade e o embelezamento urbano, equilibrando estética e funcionalidade.

Para calçadas, o ideal são árvores de pequeno a médio porte, com raízes que não danifiquem a pavimentação. Devem ser evitadas palmeiras, devido ao manejo mais difícil.

  • Pequeno porte: Pata-de-vaca, Ipê-amarelo-cascudo, Casca-branca e Aroeira.
  • Médio porte: Jacarandá, Cagaita, Pau-terra, Lixeira e Sucupira-branca.

Em praças e parques, recomenda-se o plantio de espécies de maior porte e copas amplas, como Jatobá-do-cerrado, Vinhático, Açoita-cavalo, Canafístula, Guabirobeira, Peroba-rosa e Carandá.

Nos canteiros centrais, as árvores devem ter crescimento vertical, sem comprometer a visibilidade de pedestres e motoristas — como Sibipiruna, Ipê-branco, Jacarandá e Chuva-de-ouro.

 

O que evitar: espécies que causam problemas

Algumas árvores, embora populares, não se adaptam bem ao ambiente urbano. Podem causar danos a calçadas, entupir encanamentos, atrair insetos ou oferecer risco de queda. Outras são exóticas invasoras, que competem com a vegetação nativa.

Espécies não recomendadas:
Mangueira, Seriguela, Chorão, Figueirinha, Paineira, Munguba, Nim, Cinamomo, Amoreira, Goiabeira, Jasmim-manga, Chapéu-de-Napoleão, Alfeneiro, Limão, Laranja e diversas palmeiras.

Essas espécies exigem alto custo de manutenção e apresentam risco de interferência com redes elétricas e estruturas urbanas.

Espécies proibidas por lei

Em Campo Grande, o plantio de Murta (Murraya paniculata) é proibido pela Lei Estadual nº 6.293/2024 e pela Lei Municipal nº 7.451/2025, por ser hospedeira do inseto transmissor do greening — doença que afeta os citros.

“A murta serve de abrigo para o psilídeo-da-murta (Diaphorina citri), transmissor da bactéria que causa o greening. Os sintomas incluem folhas amareladas, frutos deformados e a morte da planta. Como o Estado vem expandindo o cultivo de citros, a legislação proíbe seu plantio e comercialização”, explica Silvia Rahe.

Também está vetado o uso da Leucena (Leucaena leucocephala), espécie invasora que prejudica o equilíbrio ecológico, conforme a Lei Municipal nº 7.418/2025, que estabelece plano de erradicação da planta em todo o município.

 

Boas práticas de plantio e manutenção

O Manual recomenda que o plantio seja planejado conforme o espaço disponível. Calçadas com menos de dois metros de largura não devem receber árvores, priorizando praças e áreas abertas. Entre as orientações:

Manter o colo da muda visível e livre de terra;

Irrigar com cerca de 4 litros de água por dia até o pegamento;

Evitar muretas e manilhas ao redor do tronco;

Utilizar tutores firmes, sem apertar o caule.

Essas práticas garantem desenvolvimento saudável e reduzem riscos de tombamento e danos à infraestrutura.

Educação ambiental e cidadania verde

Mais do que materiais técnicos, o Guia de Identificação de Árvores e o Manual de Arborização Urbana são instrumentos de educação ambiental e cidadania, incentivando os campo-grandenses a reconhecer, cuidar e valorizar o patrimônio natural da cidade.

 

As publicações estão disponíveis gratuitamente em formato digital nos sites oficiais da Prefeitura de Campo Grande:
 

Confira a galeria de imagens:

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