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Política

Deputada de MS é alvo de representação por suposta agressão a colega

Autor da representação é o líder do PL Sóstenes Cavalcante; Camila Jara nega ter agredido o deputado Nikolas Ferreira

Sexta-feira, 08 Agosto de 2025 - 17:50 | Redação


Deputada de MS é alvo de representação por suposta agressão a colega
Nikolas Ferreira e Camila Jara, no destaque, segundos antes da confusão (Foto: Reprodução)

A deputada federal Camila Jara (PT-MS) se tornou alvo de representação por quebra de decoro, com pedido de suspensão do mandato. O autor do pedido é o líder do PL (Partido Liberal) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), que protocolou o documento na Corregedoria da Casa nesta sexta-feira, dia 8 de Agosto.

Segundo ele, a medida foi motivada por vídeos mostrariam Jara agredindo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pelas costas, causando sua queda, e depois rindo da situação. “Violência não é argumento. Imunidade parlamentar não é salvo-conduto para agressão. Estamos vigilantes. E vamos até o fim”, declarou Sóstenes em uma rede social. Camila nega as acusações.

A ação teve coautoria do partido Novo, liderado na Câmara por Marcel van Hattem (RS). Agora, a Mesa Diretora irá analisar o requerimento e deve encaminhá-lo ao Conselho de Ética.

Os fatos se passaram na noite de quarta-feira, dia 6 de Agosto, quando deputados da oposição ocupavam a Mesa Diretora da Câmara Federal para impedir as votações da Casa. Houve uma confusão no local, momento em que a deputada teria praticado a suposta agressão.

"Logo após o seu encerramento (desobstrução da Mesa), a Deputada Federal Camila Jara (PT/MS) desferiu contra o Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL/MG) um golpe que, pelas imagens disponibilizadas, não se sabe se foi um soco ou uma cotovelada, mas que atingiu as partes íntimas do Deputado", diz o texto da representação.

"O golpe não foi fraco, uma vez que o Deputado Federal Nikolas Ferreira caiu ao chão pela intensidade da dor, sendo acudido imediatamente por três policiais legislativos", continua a representação.

Veja o vídeo abaixo:

Camila Jara, por sua vez, nega a agressão desde a noite dos fatos. Ela alega que apenas reagiu aos empurrões de deputados bolsonaristas que bloqueavam a entrada no centro da mesa diretora.

Contudo, a representação afirma que no dia seguinte foi um divulgado vídeo da deputada fazendo chacotas e rindo por ter agredido o deputado Nikolas. Os autores da representação, inclusive, transcreveram as falas da deputada no documento. Leia abaixo:

Deputada de MS é alvo de representação por agressão a colega
(Foto: Reprodução)

 

Porém, conforme Camila, tal vídeo não é uma confissão, mas apenas uma conversa descontraída gravada na quinta-feira, 7 de Agosto, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande.

“Camila conversa de forma descontraída sobre um conselho que ouvia da mãe na infância –de não bater nos colegas, mesmo quando discordasse– e que leva como princípio de vida”, diz o comunicado divulgada pela parlamentar ao ser questionada sobre o vídeo.

A pergunta “como está Camila?” referia-se ao seu estado de saúde após o tratamento contra o câncer de tireoide, segundo o texto divulgado pela parlamentar.

O comunicado, aliás, está publicado na íntegra abaixo:

"Nota à imprensa

O vídeo recortado por Nikolas (PL-MG) para ampliar sua falsa narrativa não é uma confissão. 
Camila Jara (PT-MS) já havia explicado, em nota, que reagiu aos empurrões de deputados bolsonaristas que bloqueavam a entrada de qualquer mulher da esquerda no centro da mesa diretora.

Naquele momento, formou-se um paredão de homens da extrema-direita para impedir o acesso. Camila foi a única a conseguir atravessar o bloqueio para acessar o centro.

Deputados como Zé Trovão (PL-SC) chegaram a colocar a perna para impedir até mesmo a entrada de Hugo Motta (REPUBLICANOS-PB), presidente da Câmara. Camila passou por baixo dessa barreira física para chegar à mesa.

O vídeo em questão foi gravado na Assembleia Legislativa de Campo Grande, durante evento do Plano Nacional de Educação (PNE), após ameaças sofridas nas redes sociais. Na gravação, Camila conversa de forma descontraída sobre um conselho que ouvia da mãe na infância – de não bater nos colegas, mesmo quando discordasse – e que leva como princípio. A pergunta “como está Camila?” referia-se ao seu estado de saúde após o tratamento contra o câncer de tireoide.

Camila passou por duas cirurgias para retirada completa da tireoide e de 24 linfonodos. No momento, prepara-se para a etapa de iodoterapia. A recuperação tem apresentado desafios: a cirurgia afetou um nervo no pescoço, limitando a mobilidade do ombro e do braço direito, justamente o braço que esbarrou em Nikolas no jogo de corpo durante o empurra-empurra. A fisioterapia tem ajudado, mas a deputada ainda não consegue erguer completamente o braço sem tremores.

Nikolas Ferreira tenta, mais uma vez, construir uma narrativa falsa, como é praxe da máquina de ataques e ódio da extrema-direita. Hoje, Camila é o alvo.

Camila Jara apenas agiu para garantir seu direito de representar o povo no espaço que lhe cabe, da mesma forma que qualquer mulher reagiria em um tumulto, quando um homem a pressiona contra a multidão. Não houve soco, como Nikolas propaga de forma mentirosa em suas redes, ou qualquer outro ato de violência deliberada.!

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