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Polícia

'No Brasil, o ataque de onças a humanos são raros', explica o biólogo de MS

Além disso, o Gustavo Figueiró esclareceu ao DD alguns fatores que podem levar a onça atacar uma pessoa

Terça-feira, 22 Abril de 2025 - 17:30 | Marina Romualdo


'No Brasil, o ataque de onças a humanos são raros', explica o biólogo de MS
O felino foi encontrado na região durante o resgate dos restos mortais do caseiro (Foto: Divulgação/PMA)

No Brasil, o ataque de onças a humanos são raros e há poucos relatos no país sobre o fato. Além disso, de acordo com o biólogo, Gustavo Figueiró, a morte fatal do caseiro, Jorge Avalo, de 60 anos, não é algo comum. O trabalhador foi morto durante o ataque de uma onça-pintada no rancho "Touro Morto", aproximadamente 150 quilômetros do município de Miranda, em uma área de difícil acesso.

Segundo o biólogo, é muito difícil saber o que realmente aconteceu no momento do ataque. Porém, alguns fatores que podem levar a onça atacar uma pessoa está geralmente associado quando um ser humano interfere no espaço dela, encurrala ela quando está com um filhote, acasalando ou com alimento.

"Outra coisa que tem sido muito falada e divulgada em Mato Grosso do Sul é que na região existem vários relatos de quando as pessoas estão no barco e jogam peixe para a onça comer ou está fazendo churrasco, a onça está longe e deixa comida no local para o animal silvestre comer. Esse tipo de comportamento pode fazer com que a onça não tenha medo das pessoas e perca esse medo natural das pessoas e, isso abre uma brecha para atacar as pessoas", esclareceu o biólogo.

Na manhã desta terça-feira (22), os restos mortais do caseiro foi encontrado a cerca de 280 metros do rancho "Touro Morto". Após análise nas evidências, a Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou que a vítima foi morta durante o ataque de uma onça-pintada e, que durante o resgate dos restos mortais, um felino avançou em um dos homens que estavam no local.

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 Jorge Avalo de 60 anos desapareceu na manhã de segunda-feira (21) - (Foto: Divulgação)

Segundo as informações policiais, a denúncia realizada na segunda-feira (21) foi feita por um guia de pesca local que havia se dirigido ao rancho para adquirir mel com o caseiro. Ao estranhar sua ausência, encontrou vestígios de sangue e pegadas de animal silvestre de grande porte nas proximidades. Em seguida, as imagens foram enviadas à PMA e também nas redes sociais.

A equipe da Polícia Militar Ambiental de Corumbá, Miranda e Aquidauana foram mobilizadas e seguiram até o local, acessível apenas por embarcação com trajeto de cerca de duas horas a partir do porto de Miranda ou por aeronave. No local, os policiais constataram a veracidade dos relatos e acionaram o Grupamento Aéreo da Polícia Militar (GPA) e a Polícia Civil, que transportaram o delegado e o perito criminal até a área dos fatos.

Desta forma, as buscas seguiram ao longo da segunda-feira (21) e se estenderam até o início da noite, porém sem êxito, encerradas temporariamente. Na manhã desta terça-feira (22), os restos mortais de Jorge foram localizados por policiais ambientais, familiares e guias da região, em um capão de mato a cerca de 280 metros do rancho. A Perícia Criminal e uma funerária foram acionadas para os procedimentos legais.

Diante do estado do corpo e da presença de um felino de grande porte no local, é possível afirmar, com base nas evidências, que o caseiro foi vítima de ataque de uma onça-pintada. O caso segue sob investigação e diversas hipóteses estão sendo consideradas, como escassez de alimento, comportamento defensivo do animal, período reprodutivo – em que o macho se torna mais agressivo, ou mesmo alguma atitude involuntária da vítima que possa ter motivado o ataque.

Dias antes, uma onça-pintada aparece atrás de uma árvore no rancho (Foto: Reprodução)
 

Além disso, a PMA verificou-se também que a propriedade contava com sistema de câmeras de segurança, porém os equipamentos não estavam em funcionamento no momento do ocorrido. Sendo assim, a polícia ambiental orienta a população sobre a interação com os animais silvestres como – alimentar animais silvestres é proibido, especialmente mamíferos de médio e grande porte. A prática é vedada pela Lei Federal n.º 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e Lei n.º 5.673, de 8 de junho de 2021, que dispõe sobre a Proteção à Fauna no Estado de Mato Grosso do Sul, e Resolução SEMAD n.º 08/2015, que proíbe a ceva (oferta de alimento) visando atrair fauna para observação ou permanência em determinada localidade.

Além de ilegal, essa prática estimula a aproximação perigosa dos animais ao convívio humano, fazendo com que associem a presença de pessoas à oferta de alimento, o que pode provocar situações de risco. Em 2023, a PMA de Miranda participou do monitoramento de um felino macho adulto na região do Morro do Azeite, inclusive instalando placas de advertência em pontos turísticos e estabelecimentos comerciais alertando para os riscos da ceva.

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