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Polícia

Facção comandada de dentro de presídio atuava em 12 cidades de MS

Apreensão de celular do líder dentro de penitenciária deu início às investigações que duraram cerca de 25 meses

Sexta-feira, 07 Novembro de 2025 - 16:06 | Issel Chaia


Facção comandada de dentro de presídio atuava em 12 cidades de MS
(Foto: Gaeco/MPMS)

A Operação Blindagem, deflagrada na manhã desta sexta-feira (07), tem como alvo uma organização criminosa armada com atuação no tráfico interestadual de entorpecentes, corrupção ativa e passiva, usura, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro. Comandada de dentro de presídios, operava em 12 cidades de Mato Grosso do Sul, como sendo, Campo Grande, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Jardim, Sidrolândia, Ponta Porã e Bonito, além de contar com integrantes nos estados de São Paulo e Santa Catarina.

As investigações, realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco/MPMS), duraram cerca de 25 meses e revelaram que o grupo criminoso operava em diversas frentes, com o envio de drogas para cidades do interior do Mato Grosso do Sul e para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás, por diversos métodos. Entre os modos de operação, o uso de caminhões com fundo falso para ocultar os ilícitos e, no compartimento de carga, transportavam alimentos junto de nota fiscal, com o intuito de dificultar a fiscalização nas estradas. Ainda, enviavam remessas por Sedex, por meio dos Correios, e utilizando veículos de passeio, utilitários e até por passageiros de vans, para o transporte de drogas.

Facção criminosa atuava em 12 cidades de MS
(Foto: Gaeco/MPMS)

Indícios de vínculos da organização criminosa com o Primeiro Comando da Capital (PCC) foram constatados, pelo suporte fornecido por membros da alta cúpula, para ampliar o tráfico e aplicar punições violentas em caso de dívida com o grupo criminoso. Práticas de extorsão mediante uso de arma de fogo, violência e restrição de liberdade de vítimas foram identificadas, afim de obter o pagamento dos débitos advindas do tráfico de drogas e da usura.

As investigações iniciaram a partir da apreensão de um celular, do líder da organização criminosa, que dava comandos de dentro da cela do presídio no interior do estado. Com isso, foi possível indicar a corrupção de servidores públicos, que facilitavam o acesso a aparelhos celulares, assim como informações sigilosas de sistemas restritos ao estado e à permanência em presídios menores, no interior do Estado, onde coordenava as práticas ilícitas.

Facção criminosa atuava em 12 cidades de MS
(Foto: Gaeco/MPMS)

A operação cumpre 35 mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Aquidauana, Sidrolândia, Jardim, Bonito, Ponta Porã e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, além de Porto Belo, Balneário Piçarras, em Santa Catarina, e Itanhaém e Birigui, em São Paulo.

As ações em MS tiveram o apoio operacional de equipes do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Especiais e Força Tática, da Polícia Militar, assim como da AGEPEN. Já no estado de São Paulo, contou com o apoio operacional da Polícia Civil e em Santa Catarina, pelo Gaeco e Polícia Militar. Acompanhou, ainda, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS).

A nomenclatura da operação, denominada Blindagem, faz referência ao fato que os integrantes da organização criminosa, pela corrupção de servidores, eram protegidos no período do cumprimento de suas penas, possibilitando a permanência em unidades prisionais com menor rigidez na segurança e na transferência de internos que consideravam inimigos. Ainda, recebiam informações privilegiadas acerca da movimentação de presos e dados de acesso restrito em bancos de dados públicos.

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