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Pecuária prova que é possível produzir mais e emitir menos com tecnologia

Evento técnico destacou experiências que unem produtividade, inovação e sustentabilidade na pecuária brasileira

Sábado, 15 Novembro de 2025 - 17:42 | Sandra Salvatierre


Pecuária prova que é possível produzir mais e emitir menos com tecnologia
Segundo Guidolin, o mercado de créditos ligados à pecuária sustentável está em expansão global, devendo saltar de US$ 3,8 bilhões em 2024 para mais de US$ 14 bilhões até 2032, com crescimento anual próximo de 30%. (Foto: João Carlos Castro).

O setor pecuário brasileiro vem consolidando um novo paradigma de produção, em que eficiência, ciência e sustentabilidade caminham lado a lado. Durante o encontro técnico realizado recentemente, especialistas e produtores rurais demonstraram que é possível aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio do uso de tecnologias sustentáveis e de boas práticas de manejo.

De acordo com Diego Guidolin, consultor em pecuária do Departamento Técnico da Famasul, o aumento da eficiência produtiva é o ponto de partida dessa transformação. “Animais mais produtivos e geneticamente superiores convertem melhor o alimento em carne ou leite, ficam menos tempo no sistema e, com isso, emitem menos metano por quilo produzido. É um ganho duplo, ambiental e econômico”, destacou.

 

A melhoria genética e o manejo nutricional de precisão foram apresentados como pilares dessa nova pecuária. Dietas balanceadas, suplementação estratégica e cuidado com o bem-estar animal reduzem a fermentação ruminal, diminuindo a liberação de metano, um dos principais gases de efeito estufa.

Outro tema em destaque foi o manejo de pastagens, que melhora a ciclagem de nutrientes, reduz a compactação e favorece a vida biológica do solo, criando um ambiente mais fértil e com maior capacidade de infiltração de água. A recuperação de áreas degradadas e a adoção de sistemas integrados, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), foram apontadas como estratégias que aumentam o sequestro de carbono e reduzem a necessidade de abrir novas áreas.

 

“Ao restaurar áreas de baixa produtividade, o produtor promove o acúmulo de matéria orgânica e o aumento dos estoques de carbono no solo, contribuindo diretamente para a mitigação das emissões de CO₂”, ressaltou Guidolin.

Também ganhou destaque o uso de biodigestores no tratamento de resíduos gerados em confinamentos. A tecnologia transforma dejetos em biogás e biofertilizantes, substituindo insumos químicos e reduzindo a emissão de óxidos de nitrogênio (N₂O). A compostagem e a fertirrigação completam o ciclo sustentável de aproveitamento dos nutrientes.

 

O avanço tecnológico, com uso de sensores, softwares de gestão e plataformas digitais, tem permitido monitorar emissões em tempo real e aprimorar o controle ambiental. Essas ferramentas ajudam a quantificar e relatar com precisão o impacto da atividade pecuária, fortalecendo a rastreabilidade e as certificações de baixo carbono, como Carne Carbono Neutro e Carne Baixo Carbono.

As práticas sustentáveis apresentadas estão alinhadas a programas nacionais como o Precoce MS, o Plano ABC+ e o Plano Nacional de Pecuária de Baixo Carbono (PNPB), que orientam a adoção de manejos integrados, melhoria alimentar e mitigação de emissões.

 

Segundo Guidolin, o mercado de créditos ligados à pecuária sustentável está em expansão global, devendo saltar de US$ 3,8 bilhões em 2024 para mais de US$ 14 bilhões até 2032, com crescimento anual próximo de 30%.

“O caminho para uma pecuária de baixo carbono já está traçado. Agora é hora de ampliar políticas de incentivo, difundir conhecimento técnico e fortalecer a governança do setor. Assim, o Brasil consolida seu papel como líder mundial na produção sustentável de alimentos e na busca pela neutralidade climática até 2050”, concluiu.

 

 

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