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Polícia

'Minha boca secou e meu coração disparou', relembra réu que matou ex-namorada e o amigo dela

Defesa de Messias Cordeiro pediu requerimento de insanidade mental, porém, juiz indeferiu o pedido

Quarta-feira, 30 Agosto de 2023 - 17:50 | Marina Romualdo


'Minha boca secou e meu coração disparou', relembra réu que matou ex-namorada e o amigo dela
O acusado de feminicídio e homicídio qualificado segue preso e participou da audiência (Foto: Luiz Alberto)

A segunda audiência de instrução e julgamento do acusado, Messias Cordeiro da Silva, de 25 anos, foi realizada nesta quarta-feira, 30 de Agosto, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande (MS). Ele confessou que ceifou a vida da ex-namorada, Karolina Silva Pereira, de 22 anos e o colega dela, Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, no dia 30 de Abril, no bairro Colibri, na Capital.

Na data, ele preferiu apenas responder as perguntas da defesa. Segundo a versão do acusado, ele não tinha a intenção de matar ninguém. "Eu fui até a casa dela, pois, iria me matar na frente dela para que ela pudesse sentir um pouco dessa dor que estava comigo. Eu não sabia que ela estava na presença do rapaz naquele dia. De longe, eu vi quando os dois desceram da moto, começaram a se beijar. Neste momento, minha boca secou e meu coração disparou".

"Andei um pouco até chegar perto deles, como já estava em uma distância perto deles, ela me viu. Em seguida, a Karolina empurrou o rapaz e eu fiz os dois primeiros disparos. Ela caiu e depois saiu correndo. Logo em seguida, o rapaz já veio para cima de mim e foi quando disparei novamente e, ele caiu. Depois, vi a Karolina atravessando a rua e disparei contra ela", relembrou Messias.

'Meu coração disparou', diz réu por assassinatos
Messias alegou que não tinha a intenção de matar ninguém (Foto: Luiz Alberto)

De acordo com o relato do acusado, ele não sabia o que estava fazendo. Na hora bateu um arrependimento e liguei para minha mãe contando que tinha feito uma "merda". "Estava sem saber o que estava acontecendo, que fui com a moto do meu irmão e deixei no local. Quando conversei com a minha mãe, ela disse para voltar e buscar o veículo. Em seguida, fui para casa e sai sem rumo", relatou o acusado.

Indagado sobre tentar tirar a própria vida, Messias contou que tentou disparar duas vezes contra a sua cabeça, porém, os tiros falharam. "Tinha 5 munições e haviam sobrado duas, então foi quando tentei disparar contra minha cabeça e as munições ficaram travadas na arma de fogo. Contudo, após o crime, ainda liguei para mãe da Karolina e disse que para o lugar que a filha dela foi, eu também iria. Eu ia terminar o serviço, que também era tirar minha vida".

Por fim, o acusado de feminicídio e homicídio afirma que se arrepende do crime que cometeu. "Eu penso que destruí duas famílias e uma família de um rapaz que eu nem conhecia. Só queria pedir perdão para todo mundo. Não tinha intenção de destruir nenhuma família", concluiu.

Durante a audiência de instrução, os advogados de defesa, Caio Moura e Antony Martines e as testemunhas de defesa, abordaram que Messias teve um quadro de depressão no período em que esteve no Exército Brasileiro. Inclusive, a família tentou interná-lo, mas o mesmo não queria passar por um tratamento. Diante disso, a defesa pediu requerimento de insanidade mental. Porém, o juiz Aluízio Pereira dos S antos indeferiu.

"Com base em relatos de que ele não representa perigo, pois, ele investia em bolsas de valores, pilotou a moto depois do crime e, ligou para mãe assumindo que havia feito 'merda' depois de cometer o crime. Por tanto, não se enquadra no isento de pena diante de insanidade mental e entre outros. Sendo assim, mediante a lei não há dúvida sobre a sanidade mental de Messias". Ainda ressaltou que o réu decidiu estrategicamente não responder ao juíz e a promotoria, que seguindo ordens claramente da defesa, ou seja, é perceptível a lucidez do réu.

Relembre o crime – Messias Cordeiro da Silva foi preso depois de matar o motoboy, Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, e ferir a ex-namorada, Karolina Silva Pereira, de 22 anos. Ele não aceitava o fim do relacionamento.

Os dois estavam retornando do trabalho em uma motocicleta, quando foram surpreendidos pelo autor dos disparos. Karolina foi atingida no pescoço, quando Luan tentou intervir e acabou sendo atingido também. Em seguida, a jovem tenta fugir e é atingida pelas costas com um tiro na cabeça. Após o crime, Messias fugiu do local.

Já na noite de domingo (30), o suspeito se apresentou à 1ª Del. Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) acompanhado de um advogado. A delegada, Elaine Benicasa relatou que o depoimento durou cerca de uma hora. "Ele contou que mantinha um relacionamento amoroso com Karolina, por 8 meses e algumas semanas haviam terminado. A partir desse dia permaneceram trocando mensagens por aplicativo e que em um certo momento, a vítima teria passado a rejeitá-lo".

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Messias (centro) matou Karolina e Luan (Foto: Arquivo/DD)

"Por algumas vezes ele foi até a residência da vítima, esperando ela chegar do trabalho. E, de acordo com ele, sempre na companhia de Luan e inclusive presenciou beijos entre os dois", afirma a delegada. Durante a madrugada de domingo, 30 de Abril, Messias decidiu tirar a vida de Karolina.

No dia do crime, o autor foi até a casa de Karolina em posse de uma arma de fogo calibre 38, estacionou a motocicleta próximo do local e esperou ela retornar do trabalho. "Ela chega na companhia de Luan. Messias presencia ambos se beijando e, segundo ele, se toma por uma raiva incontrolável e, em seguida, ele aparece e efetua os disparos de arma de fogo", informou a Elaine.

No depoimento, o suspeito ainda disse que havia adquirido a arma de fogo há cinco anos com seis munições. Porém, nunca pensou que usaria. Mas, com o término do relacionamento, começou a pensar em usar o objeto.

Após o crime, Messias fugiu e ficou escondido na chácara do seu genitor, Elio Dias Rocha da Silva, de 63 anos. No entanto, foi localizado e preso em flagrante. A arma usada no crime foi apreendida em posse do pai do suspeito. Além disso, vale destacar que o autor não apresentou nenhum sinal de arrependimento pelo assassinato.

O autor dos disparos está preso e vai responder pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio.

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