Polícia
Em 2022, 43 foram mortas por serem mulheres
"80% das vítimas de feminicídios não possuem boletim de ocorrência contra o autor", explica delegada
Quinta-feira, 29 Dezembro de 2022 - 08:00 | Marina Romualdo

Segundo os dados da Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública, 43 mulheres tiveram suas vidas ceifadas pelo companheiro, ex-companheiro ou até pelo próprio filho, em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, 12 mulheres morreram por serem mulheres cometido em razão de gênero. A equipe do Diário Digital entrevistou a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), Elaine Cristina Ishiki Benicasa.
"No casos de feminicídios, 90% dos casos os autores são os companheiros ou ex-companheiros e, raramento se trata de um desconhecido", afirma. A delegada destaca que o número de feminicídios aumentaram do ano passado para 2022. "Na Capital, em 2021 o ano fechou de 2 mortes para 12. No qual, 80% das vítimas não possuem boletim de ocorrência contra o autor. Sendo assim, não tem o pedido de medida protetiva que é algo que se repete muito nos casos de feminicídio".
Indagada sobre a melhor prevenção para as mulheres que sofrem violência doméstica, a delegada Elaine explica que a vítima precisa ter a informação. "Quando a mulher tem o conhecimento sobre os direitos, os instrumentos protetivos da Lei Maria da Penha, ela tem a informação e o poder de decidir o que exatamente ela quer como convivente e marido".
Neste ano, um desses casos de feminicídios que marcou o Estado foi o de Francielle Guimarães, de 36 anos. Ela foi morta no mês de janeiro estrangulada pelo marido, Adailton Freixeira da Silva, 46 anos, no bairro Portal Caiobá, em Campo Grande (MS). O acusado a manteve em cárcere privado e a torturou com choque elétrico até que as nádegas da vítima ficassem sem pele. O acusado foi preso e condenado a 24 anos de prisão em regime fechado.

No mesmo mês, Marta Gouveia dos Santos, de 37 anos, foi morta pelo próprio filho, Matheus Gabriel Gonçalves dos Santos, de 18 anos. A vítima foi encontrada nua com muitas perfurações na cabeça e pescoço em um uma vegetação às margens do anel viário, próximo da ponte sobre o Córrego Umbaracá, em Nova Andradina (MS). Matheus foi preso e segue preso no Estabelecimento Pena Masculino de Regime Fechado da cidade.

Em fevereiro deste ano, a jovem Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, foi morta pelo companheiro Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos, em Campo Grande. O acusado ficou quatro anos casado com a vítima, antes de matá-la com golpe de mata leão e deixando o corpo por três dias dentro do porta-malas do carro. Após os dias, jogou o corpo às margens da rodovia BR-060. Na época, Tamerson era militar da Aeronáutica, porém, foi excluído da corporação. Ele foi condenado a 23 anos e 4 meses por homicídio e ocultação de cadáver.

Ainda na Capital, Eloisa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos, foi morta com quatro facadas na frente dos filhos no mês de março pelo ex-companheiro, Fabiano Querino dos Santos, de 35 anos. Antes de ser morta, a vítima chegou a registrar cinco boletins de ocorrência por violência doméstica. No mesmo mês, Eloisa pediu a medida protetiva. Ela relatou que o acusado estava agressivo e pedia a separação. Essa foi a última vez que a vítima procurou a DEAM antes de ser assassinada.

Já no município de Terenos (MS), Erica Miranda Souza, de 27 anos, foi morta com cinco tiros pelo marido, Diogo Cardoso de Souza, de 28 anos. Os filhos da vitima de 9 e 2 anos presenciaram a cena do feminicídio que ocorreu no mês de maio. Após o crime, o acusado tentou fugir para Belo Horizonte (MG), mas foi preso em frente a Base Operacional Rodoviária (BOpRv) de Paranaíba (MS). Durante as investigações, os policiais descobriram que o autor pediu para que a criança, de 9 anos, que é seu enteado, fosse dormir com o bebê junto com a mãe que estava deitada na cama, provavelmente já morta.

No mês de setembro, dois feminicídios chocaram Mato Grosso do Sul. A adolescente, Ariane Oliveira Canteiro, de apenas 13 anos, foi morta asfixiada por um adolescente, de 17 anos, em um matagal nas proximidades da Aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS). O menor infrator era ‘obcecado’ pela vítima. Durante a prisão, ele confessou que matou por ciúmes. Além disso, contou que a vítima não aceitou pedido de namoro e tinha interesse por outro rapaz.

Em seguida na Capital, Geni Reis, de 56 anos, foi morta brutalmente com sete facadas pelo ex-companheiro, Silço Donizete Mendes, de 55 anos. O crime ocorreu na casa do filho da vítima no bairro Jardim Tarumã. Silço não aceitava o fim do relacionamento e começou a ameaçar a vítima. Após o feminicídio, o acusado saiu em direção a BR-163, onde acabou jogando o carro contra dois caminhões com a intenção de tirar a própria vida e morreu alguns dias depois na Santa Casa.

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