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Polícia

Advogada sofre injúria racial em show na Capital

Agressora ficou encostando na vítima e proferiu falas e atos racistas

Terça-feira, 05 Dezembro de 2023 - 15:31 | Taís Wölfert


Advogada sofre injúria racial em show na Capital
Vítima é advogada e contou no vídeo, que postou em suas redes, como se deu a situação (Reprodução/Redes Sociais)

Juliana Silva, 31 anos, estava no evento "Patricinha Também Sambá", que ocorreu no sábado, dia 02, quando foi vítima de injúria racial. Agressora proferiu palavras e teve atitudes racistas com Juliana durante o show que acontecia. Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado na segunda-feira, dia 04, na Delegacia de Pronto-Atendimento Comunitário (CEPOL) de Campo Grande (MS). Vítima fez um vídeo, que repercutiu nas redes sociais, sobre o caso.

A vítima é advogada e contou no vídeo, que postou em suas redes, como se deu a situação. De acordo com ela, a agressora pegou uma bebida e atirou em uma menina que passava, mas a bebida acabou por acertar Juliana. Juliana manteve a calma e respirou fundo. Com isso, a filha da agressora estava ao lado de Juliana e se incomodou com a situação começando a tocar na vítima, que pediu para não fazer isso.

"Nisso, a mãe dela veio para cima de mim me empurrar, ficar me tocando e falar várias coisas de baixo calão" falou Juliana no vídeo, ela contou que a todo momento falava pra não encostarem nela. A mulher então olhou e disse: Olha para você, guria, se enxerga". Juliana questionou e a agressora então passou a mão em cima do próprio antebraço e afirmou: "por isso", além de repetir o ato.

Algumas moças, também negras, que estavam próximas foram chamar a segurança que por motivo desconhecido não apareceu. O celular da moça que gravava a ação foi quebrado pela agressora. "Atos como esse não devem ficar impunes" afirmou Juliana no vídeo.

Em menos de 24 horas do vídeo ter sido postado, Juliana conseguiu descobrir o nome da agressora e demais informações. A vítima contou como se sentiu com o engajamento das pessoas nas redes sociais. "Está sendo incrível, eu nem esperava que fosse ter toda essa repercussão. Eu acreditava que apenas os meus amigos fossem compartilhar para me ajudar e nem esperava que fosse encontra-la, identifica-la tão cedo. Em menos de 24 horas o vídeo viralizou e eu consegui identificar ela podendo enfim registrar o Boletim de Ocorrência de forma mais eficaz".

Juliana também falou sobre a importância das pessoas denunciarem atos e situações racistas. "Queria deixar uma mensagem para minha comunidade preta, queria pedir que não se calem. Nós temos hoje uma legislação que nos abraça. A gente teve uma alteração recente, onde configura hoje injúria racial equiparado ao racismo, então hoje  a injúria racial é um crime inafiançável, imprescritível e tem uma pena aumentada de dois a cinco anos".

Advogada sofre injúria racial em show na Capital
Juliana contou que não esperava o engajamento nas redes (Foto: Acervo Pessoal)

"Nós temos o ministério da igualdade racial hoje também, que luta pelos nossos direitos. A gente vai conseguir exterminar, pelo menos um pouco, o racismo no mundo se a gente tiver atitudes como essa de denúncia que acontecem todos os dias contra nós. É uma absurdo, mas a gente está aqui na luta e que juntos somos mais fortes" complementou a advogada.

E depois desses dias após o ocorrido, Juliana afirmou ser bom dar voz para outras pessoas. "Apesar de ter sido um episódio vergonhoso e deplorável, eu consegui dar voz as outras tantas pessoas pretas da nossa comunidade que lutam por isso já há anos, por igualdade há anos. Está sendo incrível fazer com que as pessoas saibam, reflitam, que racismo é crime, crime inafiançável. Então dar voz a todos para que nunca deixem o crime de racismo impune, para tentarmos fazer do mundo um pouco melhor. Eu sei que a gente não vai mudar o mundo da noite pro dia, eu sei que a gente não vai conseguir conscientizar as pessoas, mas tendo atitudes como essa de registrar o boletim de ocorrência, denunciar, expor o racista. Eu acho que esse é o caminho pra gente conseguir amenizar, diminuir um pouco o racismo. Pelo menos fazer com que a pessoa se iniba mais de expressar o teu ódio, principalmente em meio tão público".

A agressora mora em Ribas do Rio Pardo (MS). A equipe do Diário Digital tentou contato com ela, mas não houve resposta.

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