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Tecnologia: sementes plantadas há um ano no Pantanal começam a dar frutos

EcoSeed, startup que apresentou os resultados de seus trabalhos nas Vitrines Tecnológicas do Pantanal Tech, no último final de semana, no campus da UEMS em Aquidauana

Sábado, 05 Julho de 2025 - 08:30 | Redação


Tecnologia: sementes plantadas há um ano no Pantanal começam a dar frutos
(Foto: Mairinco de Pauda, Rosana Siqueira e Ascom Senac)

Projetos de inovação desenvolvidos no Pantanal aquidauanense, à sombra do Morro do Paxixi, começam literalmente a dar frutos – ou melhor, mudas de espécies nativas. Um dos destaques é a EcoSeed, startup que apresentou os resultados de seus trabalhos nas Vitrines Tecnológicas do Pantanal Tech, no último final de semana, no campus da UEMS em Aquidauana.

Na estação que apresentou o sistema de Integração Pecuária-Floresta (IPF) com louro-preto (Cordia glabrata) – árvore nativa de crescimento moderado e madeira valorizada –, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e o secretário-executivo de Ciência e Tecnologia, Ricardo Senna, puderam conferir de perto os resultados da pesquisa aplicada no campo.

Alunos do curso técnico agropecuário do CEPA (Centro Educacional Profissionalizante de Aquidauana), vinculado à UEMS e coordenado pelos professores Dr. Allan Motta Couto e Adriana Soares Luzardo Couto, apresentaram o PackSeed: um pacote tecnológico que melhora a germinação de sementes nativas, acelera o crescimento das árvores e torna mais eficiente a implantação do sistema IPF.

De acordo com a professora Adriana Luzardo, que também é sócia-proprietária da EcoSeed, a empresa nasceu durante o Pantanal Tech do ano passado, dentro do Desafio de Inovação promovido pela FIEMS.

O PICTEC (Programa de Iniciação Científica e Tecnológica no Ensino Médio) é uma iniciativa da Fundect que oferece bolsas para que estudantes do ensino médio desenvolvam pesquisa aplicada nas escolas. Segundo Adriana, isso fez toda a diferença: “A pesquisa ganhou um novo sentido, porque mostramos aos alunos que a ciência pode gerar inovação e empreendedorismo; que eles podem transformar conhecimento em um produto real, algo que pertence a eles mesmos”, destacou.

Hoje, os alunos bolsistas do PICTEC (Programa de Iniciação Científica e Tecnológica) participam ativamente de todas as etapas do desenvolvimento do PackSeed: desde a validação de quantidade de substrato e tipos de sementes até os testes em campo experimental. “Temos testes com caroba, angico e ipê. O apoio da Semadesc, da Fundect e da UEMS é fundamental para integrar ensino, pesquisa, extensão e inovação, que é o elo que conecta tudo isso”, pontuou Adriana.

O secretário Jaime Verruck ressaltou que projetos como o da EcoSeed demonstram o impacto direto da política estadual de ciência, tecnologia e inovação no desenvolvimento sustentável do Pantanal: “Nós acreditamos que a pesquisa científica precisa estar conectada ao campo, gerar inovação e oportunidade de negócios. O que vemos aqui é justamente isso: alunos que transformaram pesquisa em produto e criaram uma startup que pode ajudar a recuperar áreas degradadas do Pantanal. É o conhecimento saindo da universidade e mudando a realidade econômica e ambiental da região”, afirmou Verruck.

Segundo o secretário-executivo Ricardo Senna, o projeto avançou rapidamente: “Eles fizeram o protótipo, validaram em laboratório e estão agora na fase de campo. A próxima etapa será a tração e aceleração, para escalar o produto e chegar ao mercado em maior volume”, explicou.

Da sabedoria tradicional à tecnologia

O PackSeed foi inspirado na prática tradicional dos pantaneiros, que produziam a chamada “muvuca” de sementes com argila para restaurar áreas degradadas. “O que fizemos foi agregar tecnologia: colocamos hidrogel, substrato, adubo e usamos um saquinho hidrossolúvel, que se desintegra com água e garante umidade às sementes”, detalhou o professor Allan Motta.

O objetivo agora é automatizar a produção com uma empacotadora e, futuramente, distribuir os PackSeeds por drone, alcançando áreas de difícil acesso. “Estamos nos primeiros seis meses da startup, mas com o apoio do PICTEC e do ecossistema de inovação, acreditamos que vamos avançar ainda mais”, acrescentou Adriana.

Os estudantes também participaram do Startup Day, vivenciaram o ambiente de empreendedorismo e apresentaram o PackSeed ao público do Pantanal Tech. “Foi um grande aprendizado ver que o que estudamos pode virar negócio, que podemos ser donos de nossas ideias”, relatou Henrique Dias, um dos alunos do projeto.

O projeto está apenas começando, mas as ideias continuam germinando – assim como as sementes que, agora, podem ajudar a transformar paisagens degradadas do Pantanal em novas florestas.


 

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