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Semana de Combate a Pedofilia começa hoje
Segunda-feira, 06 Maio de 2019 - 09:50 | Redação
Inicia hoje até sábado (11) a Semana de Combate a Pedofilia em Mato Grosso do Sul, período em que as instituições públicas ou privadas de todo Estado efetuam campanhas de combate à exploração e ao abuso sexual infantojuvenil. O objetivo é conscientizar a população por meio de ações de informação e educação, para que a sociedade conheça o assunto, e assim, propor debates e iniciativas de combate a este tipo de crime.
A Lei 3.707 criada em julho de 2009 e de autoria do deputado estadual Rinaldo Modesto, constituiu no Estado a Semana de Combate à Pedofilia feita anualmente na 2ª semana do mês de maio, permitindo que as instituições públicas produzam campanhas e palestras que falem a respeito deste tema, que podem contar com a participação de entidades do terceiro setor como ONGs, entidades civis, associações, entre outras.
De acordo com o deputado estadual e criador da Semana de Combate à Pedofilia, Rinaldo Modesto, a Lei foi criada pela necessidade de mecanismos que permitissem informações e orientações que chegassem de forma mais eficiente para as famílias, gerando melhor entendimento sobre a pedofilia e o abuso sexual. “Naquela época já percebemos a necessidade de conscientizar as famílias com o objetivo de criar ambientes mais seguros para as crianças, ainda mais sendo um tema tão delicado, já que uma grande parte dos abusos ocorrem no ambiente familiar”, ressaltou.
Tratar deste assunto não é uma tarefa tão simples, devido à complexidade que envolve a maioria dos casos de abuso sexual. Para a psicóloga do Departamento Psicossocial da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA), Rosiane Hernandes, é preciso entender o que é pedofilia e o que é o abuso sexual. "Pedofilia é um desvio sexual, uma forma doentia de satisfação. Trata-se de uma perversão, enquanto o abuso é o ato praticado pela pessoa que usa criança ou adolescente para satisfação do seu desejo sexual", explicou. De acordo com ela, a pedofilia se caracteriza por um desvio, em que a pessoa tem preferências, desejos e fantasias sexuais com crianças e adolescentes, o abuso sexual infantojuvenil é o ato propriamente dito, praticado por aquele que usa a criança ou adolescente para sua satisfação sexual. Geralmente o pedófilo, aquele que pratica a pedofilia, tem plena consciência do que faz, embora em alguns casos, a pedofilia possa ser considerada um transtorno mental.
Ao buscar um perfil dos abusadores e de que forma agem, o assunto fica ainda mais delicado e complexo. Na maioria das vezes quem pratica o abuso é alguém de confiança da família e da criança. Em casos mais recentes as figuras do pai, avô ou padrasto, saíram da situação de suspeito, tornando-se até mesmo réus confessos. “Muitas vezes é uma pessoa acima de qualquer suspeita”, afirma Rosiane Hernandes.
Mesmo assim, vale lembrar que muitos pedófilos usam as redes sociais se passando por crianças, criando laços de amizade com as vítimas para ganhar confiança e posteriormente marcam encontros. Os abusos possuem diversas características, o que dificulta ainda mais para uma criança entender que, o que parece um carinho, é na verdade um crime. Não precisa ter necessariamente contato físico, por meio de uma cantada obscena, por exemplo, exibição de partes íntimas, visualização ou compartilhamento de pornografia infantil, se enquadram como pedofilia. Quando há contato físico, geralmente o abuso acontece com beijos, abraços maliciosos, carícias, chegando até mesmo ao ato sexual propriamente dito. Pode acontecer sem o emprego de violência, quando o abusador usa da sedução, mentiras ou presentes para as vítimas com o intuito de persuadi-las. Já com o uso da violência, o abuso pode conter ameaças verbais para coagir a vítima ou mesmo usando a força física. A psicológa ressalta que os abusos ocorrem das formas mais sutis às mais violentas, por quem menos se espera.
Muitas vítimas acabam sendo obrigadas, de alguma forma, a se calarem. É a “lei do silêncio”, situação imposta na maioria das vezes pelo abusador, por meio de ameaças, fazendo a criança sentir medo, culpa ou vergonha. Existem casos em que a lei acaba sendo imposta pela família, que descobre o abuso, mas fica com medo de denunciar ou simplesmente se tornam cúmplices com a situação.
A relação saudável de amizade e confiança entre pais e filhos é uma colaboradora importante quando se trata de combate ao abuso sexual e à pedofilia. Para Rosiane Hernandes o diálogo entre pais e filhos é importante. "É fundamental que haja diálogo entre os pais, que eles acreditem na fala da criança, que ouçam pacientemente para que ela se sinta segura para falar. É importante que os pais monitorem o uso do computador, tablet e telefone celular, enfim, sejam amigos de seus filhos", comenta.
Também é preciso ficar atento aos sinais de perigo que as vítimas de abuso podem apresentar, como, mudanças repentinas de comportamento, agressividade, ficar retraído, buscar isolamento, problemas com sono ou pesadelo, sentir nojo ou achar que o corpo está sujo, medo de escola, medo de pessoas ou lugares. Estes comportamentos podem indicar que o perigo está mais próximo do que se imagina.
Para realizar denúncias, os principais telefones são, o Disque 100 da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) e o número 190 da Polícia Militar. Além disso, o cidadão pode procurar também a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) com o número 3323-2500 ou Conselho Tutelar da região.
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