Projetos do IFMS unem tecnologia e sustentabilidade para ajudar a piscicultura

Com soluções tecnológicas acessíveis, professores e estudantes do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) desenvolvem projetos que unem inovação, sustentabilidade e impacto social para fortalecer a piscicultura no Estado. As iniciativas dos campi de Coxim e Ponta Porã estarão no Festival Iguassu Inova, que acontece de 22 a 25 de outubro, em Foz do Iguaçu (PR), reunindo 210 ações financiadas pela Itaipu Binacional por meio do Programa de Sustentabilidade Territorial.

A produção de peixes vem ganhando destaque nacional como alternativa de renda para famílias rurais e estratégia de segurança alimentar. Nesse contexto, os projetos do IFMS mostram como a tecnologia pode aprimorar o manejo, reduzir custos e diminuir impactos ambientais  tornando a atividade mais eficiente e sustentável.

Automação e Internet das Coisas

Na fronteira com o Paraguai, o projeto desenvolvido no Campus Ponta Porã, intitulado “Automação e Monitoramento de Tanques Elevados para Criação de Peixes com Tecnologias IoT”, busca aprimorar o controle da alimentação e da qualidade da água na piscicultura familiar por meio da automação e do uso da Internet das Coisas (IoT).

Coordenado pelo professor Celso Soares Costa, o projeto aplica soluções de baixo custo para tornar o manejo mais preciso. “O projeto busca resolver um problema muito comum na piscicultura familiar: o alto custo e a dificuldade de controlar a alimentação e a qualidade da água. Desenvolvemos um sistema automatizado que realiza o arraçoamento [ato de dar ração] e monitora parâmetros como temperatura e pH de forma contínua e remota”, explica.

A principal inovação está no uso de sensores conectados a um microcontrolador acessível, integrados a um sistema que automatiza tarefas críticas. “A inovação é o baixo custo  cerca de 75% menor que os sistemas comerciais  e a integração com tecnologias IoT, o que torna possível levar automação e monitoramento de qualidade a pequenos produtores, antes restritos a grandes empreendimentos”, afirma Celso.

O projeto também avança para o uso de Inteligência Artificial, que será aplicada na análise dos dados coletados, identificando padrões e prevendo situações de risco. Entre os resultados iniciais, o grupo registrou redução no desperdício de ração, melhor controle do ambiente aquático e menor esforço manual. “Os benefícios são diretos: menor custo de produção, maior sobrevivência dos peixes e uma piscicultura mais sustentável, com menos desperdício e impacto ambiental”, resume o coordenador.

O projeto conta com o protagonismo dos estudantes Patrick Duarte de Lima, David Bryan Gonzalez e Fabrício Martins Camargo. Patrick, que representará o grupo no Festival, conta que a experiência ampliou sua visão sobre tecnologia e campo. “Despertou ainda mais o meu interesse pela área da piscicultura e a produção autônoma dos peixes. Hoje me sinto mais confiante e motivado a continuar estudando e atuando nesse campo”, afirma.

Biotecnologia e Energia Solar

Outro destaque do IFMS no Festival Iguassu Inova é o projeto “Inovação na tilapicultura sem emissão de efluentes: biotecnologia, energia solar e tanques de geomembrana como possibilidades para a agricultura familiar”, desenvolvido no Campus Coxim sob a coordenação do professor Odair Diemer.

A iniciativa busca reduzir a emissão de efluentes na produção de tilápias, tornando o processo mais sustentável. O sistema, que utiliza biotecnologia, tanques de geomembrana e energia solar, praticamente elimina a geração de resíduos líquidos, permitindo o reaproveitamento da água durante todo o ciclo produtivo.

“A ideia surgiu há cerca de cinco anos, a partir da necessidade de encontrar soluções práticas e sustentáveis para o manejo dos efluentes gerados na tilapicultura, especialmente em pequenas propriedades rurais”, explica Odair.

O sistema utiliza probióticos para decompor matéria orgânica e bombas movidas a energia solar que realizam a recirculação e oxigenação da água sem custo energético. “O sistema é totalmente biosseguro e permite o controle integral de todas as etapas da produção, garantindo maior eficiência e sustentabilidade”, afirma.

Desenvolvido para ser economicamente viável, o projeto utiliza materiais de baixo custo e fácil manutenção, o que facilita a adoção por pequenos produtores. Segundo Odair, mais de 90 tanques com essa tecnologia já foram implantados em propriedades de Mato Grosso do Sul com apoio do IFMS. Em alguns casos, os produtores conseguiram dobrar a produtividade mantendo a mesma quantidade de água  resultado que alia economia e preservação ambiental.

Sustentabilidade Territorial e Extensão

O Programa de Sustentabilidade Territorial da Itaipu Binacional financia projetos de extensão no Paraná e no sul de Mato Grosso do Sul, concedendo mil bolsas para estudantes e professores. As iniciativas priorizam temas como educação ambiental, agricultura familiar, energias alternativas, piscicultura, comunidades indígenas, gestão de resíduos e saneamento, fortalecendo a integração entre ensino, extensão e inovação científica.

A proposta do programa é promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer a relação entre as instituições de ensino e a sociedade, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os projetos do IFMS contemplados são desenvolvidos nos campi Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã, abordando temas como piscicultura, agricultura familiar, manejo sustentável, hidroponia, reciclagem e prevenção da poluição.

Além do IFMS, também participam do edital a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e outras 12 instituições de ensino superior do Paraná.

Os projetos do IFMS demonstram o papel estratégico da educação pública e da pesquisa aplicada no desenvolvimento sustentável. Com inovação acessível e impacto real nas comunidades, as iniciativas reforçam o compromisso da instituição com a ciência, a tecnologia e o futuro da produção sustentável em Mato Grosso do Sul.