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MS poderá comercializar 86 milhões de toneladas de carbono no Cerrado

Com reconhecimento nacional, Estado poderá captar recursos internacionais para conservar florestas e reduzir emissões de carbono

Sexta-feira, 17 Outubro de 2025 - 14:00 | Sandra Salvatierre


MS poderá comercializar 86 milhões de toneladas de carbono no Cerrado
Reconhecimento atesta a capacidade técnica e de governança ambiental do Estado (Foto: Arquivo|Secom)

Com reconhecimento nacional, Mato Grosso do Sul torna-se elegível para certificação e futura comercialização de 86 milhões de toneladas de carbono no bioma Cerrado. A aprovação, ocorrida na terça-feira (14) pela Comissão Nacional para REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal/CONAREDD+), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, representa um passo relevante na trajetória do Estado para alcançar a meta de se tornar “Carbono Neutro” até 2030.

Com a decisão, Mato Grosso do Sul passa a estar oficialmente habilitado a captar recursos internacionais voltados à conservação das florestas e à redução das emissões de gases de efeito estufa. O reconhecimento atesta a capacidade técnica e de governança ambiental do Estado, consolidando-o entre os protagonistas nacionais na implementação de políticas de mitigação climática reconhecidas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

“Essa decisão reconhece a capacidade técnica, jurídica e institucional do Governo do Estado, por meio da Semadesc, para coordenar o programa jurisdicional de REDD+ no território sul-mato-grossense”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

O Governo estadual deve, em breve, realizar o chamamento público para parcerias e iniciar o processo de verificação e certificação dos créditos gerados pela redução de desmatamento e degradação. “É justamente nesse movimento que o Estado avança agora. Não apenas com esses créditos do Cerrado, mas incorporando todo o território estadual em um chamamento público para estruturar o REDD+ jurisdicional. Nossa expectativa é de que, apenas em créditos de REDD+, o potencial esteja na casa de R$ 1 bilhão”, destacou o secretário adjunto da Semadesc, Artur Falcette.

O Estado também desenvolve um projeto voltado à restauração de áreas dentro das unidades de conservação estaduais. “Isso traz outro potencial relevante, que está sendo calculado. É importante lembrar que os recursos do REDD+ seguem um sistema de repartição de benefícios. Todos os entes da sociedade que contribuíram, direta ou indiretamente, para o desempenho desses créditos poderão acessar, conforme a governança criada, os recursos obtidos com a venda. Estamos estruturando esse modelo, e o chamamento público deve ocorrer ainda este ano, para que o projeto avance em 2026”, acrescentou Falcette.

A resolução oficializando a elegibilidade de Mato Grosso do Sul será publicada nos próximos dias pelo Ministério do Meio Ambiente. O reconhecimento abrange a redução de emissões provenientes do desmatamento no bioma Cerrado e autoriza a Semadesc a conduzir a captação dos recursos de REDD+ em nome do Estado. Na mesma reunião, também foi aprovada a elegibilidade do estado de Goiás.

Com políticas públicas consolidadas, sistemas de monitoramento e salvaguardas socioambientais em operação, Mato Grosso do Sul demonstrou estar preparado para acessar mecanismos financeiros internacionais com transparência, segurança e legitimidade.

O engenheiro florestal Fábio Bolzan, da Secretaria-Executiva de Meio Ambiente da Semadesc, foi o responsável pela defesa da proposta sul-mato-grossense durante a 6ª Reunião Ordinária da CONAREDD+. Ele destacou que o resultado é fruto de mais de um ano de trabalho técnico coordenado pela Semadesc, com apoio do Earth Innovation Institute. “Cumprimos todas as exigências legais e técnicas necessárias para organizar a estrutura do REDD+ institucional em Mato Grosso do Sul”, afirmou.

A submissão reforçou a relevância ambiental do Estado, que abriga três biomas: Cerrado (62,2%), Pantanal (27,3%) e Mata Atlântica (10,5%). São mais de 110 mil km² de vegetação nativa remanescente, essenciais para a regulação climática e a oferta de serviços ecossistêmicos. No CONAREDD+, Mato Grosso do Sul comprovou que reduziu suas emissões de forma consistente, avançando rumo a um modelo de desenvolvimento mais sustentável e integrado.

Com a elegibilidade reconhecida, Mato Grosso do Sul consolida sua posição de liderança ambiental e abre caminho para captar investimentos internacionais voltados à restauração florestal, ao fortalecimento da economia verde e à mitigação das mudanças climáticas — reforçando seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental.

 

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