Mãe solo sonha em abrir salão de beleza em casa e ficar perto do filho com deficiência

Mãe solo de três, a cabeleireira Grazianny Farias de Rezende, de 41 anos, busca a realização do sonho de criança: abrir um salão de beleza. 'Grazy', como é conhecida, afastou-se do mercado de trabalho após o filho caçula Leonardo José, de 16 anos, ser diagnosticado com paralisia cerebral. Desde então, entre idas e vindas, batalha para ter o próprio espaço em casa, para ficar perto do filho, que necessita de cuidados especiais.

Grazy contou ao Diário Digital que há pouco tempo trabalhava em salão de beleza do bairro Pioneiros. Todos os dias, acordava cedo, preparava Leonardo e iam os dois -  o filho na cadeira de rodas e a mãe, a pé, empurrando-o - da casa dela, no bairro Universitário, até o espaço. "Ficou muito cansativo para o Leonardo. Era um desgaste para ele acordar cedo, tirar ele de dentro da casa dele e ele passar o dia inteiro dentro de um espaço que não era dele. Às vezes passava o dia inteiro sentado. Eu chegava cedo e tinha dia que saía às 19h ou 20h", explica.

A cabeleireira, então, optou por conciliar o conforto do filho com o sonho de abrir o próprio salão de beleza. O local escolhido foi primeiro a varanda da própria casa, na rua Augusto dos Anjos, número 48. Depois, a cozinha desativada dentro da residência. "Meu filho do meio, Victor [de 18 anos] começou a trabalhar e com o primeiro salário, comprou meu lavatório. Minha filha Isabelly [de 23 anos] também sempre me deu apoio. Hoje em dia, ele e ela me ajudam com as redes sociais, fazem até Tik Tok", conta.

Aos poucos e com auxílio de doações, o salão foi ganhando mais itens. No momento, é simples, além do lavatório, possui apenas alguns equipamentos para realização dos serviços, porém atende clientes. "Temos planos de pintar o espaço, dar uma melhorada, para atender melhor minhas clientes", sonha. Para isso, conta com doações de móveis - como bancada, espelhos, sofás - equipamentos de salão - como secadores, pranchas de alisamento e mais itens - e até mesmo material para realizar as manutenções do cômodo.

Sonho de criança - Hoje, Grazy é cabeleireira formada em curso doado por amigo, porém nem sempre foi assim. Possuía vida ativa no mercado de trabalho, onde trabalhava em empresas. Aos nove meses de vida de Leonardo, foi informada sobre o diagnóstico do filho e interrompeu os sonhos para dedicar-se a vida de mãe. "Por conta do tratamento, eu viajava muito para Anápolis (GO) e São Paulo (SP), cidades onde o Leonardo faz tratamento. Não é toda empresa que dá suporte, porque as vezes eu precisava ficar muitos dias fora", explica.

Com o passar do tempo e necessidade de renda para cuidar dos filhos, Grazianny passou a vender doces. "Fazia trufas, mini pudins, mas não era a minha área, não me sentia realizada. Eu vendia, porque supria minha necessidade, mas não era o que eu estava desejando desde criança", conta.

Foi então que reacendeu o sonho de criança, de ser cabeleireira. Criada em sítio de Presidente Epitácio, interior de São Paulo, tinha os "cabelos dos milhos" dos como "clientes". "Desde criança queria trabalhar na área. Eu brincava de boneca, sendo minhas clientes, os milhos. Eu arrumava, penteava, fazia trança. Sempre fui apaixonada em ver as pessoas mexendo no cabelo".

Aos poucos, aprendeu algumas técnicas, como escova, luzes, tintura e penteados, e comentou com um amigo próximo o desejo. O colega, então, resolveu presentear Grazy com um curso de cabeleireira, o qual deu a certificação necessária para atuar profissionalmente na área. Além disso, hoje faz curso de design de unhas acrílicas e procura se especializar em mais áreas da beleza. "Minhas clientes já perguntaram se eu coloco mega-hair, e daqui a pouco pretendo fazer um curso na área", conta.

Vaquinha - Com poucos recursos e um sonho gigante, a mãe solo resolveu criar uma 'vaquinha' virtual para arrecar dinheiro, que será investido no salão. Grazy conta que conheceu a plataforma Donativa quando ainda trabalhava no espaço do bairro Pioneiros. "Eles sempre ajudaram o Leonardo com equipamentos. Eu falei com a menina da Donativa, contei minha ideia e perguntei se era uma causa que eles poderiam abraçar", explica.

E batata: a plataforma abraçou a causa e abriu o espaço de doações monetárias para quem quiser ajudar Grazy. As doações serão revertidas no espaço de beleza, que será uma forma de Grazy ter uma renda e trabalhar perto do filho, dando continuidade aos cuidados e tratamentos dele. "Eu gostaria de trabalhar próxima do Leonardo. Tenho dificuldades de deixá-lo com outra pessoa, porque, mesmo que ele se expresse bem, tem aquela dificuldade de 'cortar' aquele cordão umbilical. Então, quem quiser ajudar pode doar no link da vaquinha", pede.

Os interessados podem realizar doações pela vaquinha Um Salão para Grazy, mãe solo de 3. Doações de móveis e equipamentos também são bem-vindas. O contato com a cabeleireira é pelo número (67) 98202-2327.