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Golpe do emprego no WhatsApp envolve até esquema de pirâmide

As mensagens normalmente contam com um número de telefone ou link para iniciar uma conversa, em que o usuário recebe um endereço para cadastro em uma plataforma. “A maioria destes cadastros tem um código passado para a pessoa, que é o código do afiliado, para identificar quem é o recrutador e para que ele receba uma parte”, relata Assolini.

Terça-feira, 07 Junho de 2022 - 10:48 | Suzy Jarde Vera


Golpe do emprego no WhatsApp envolve até esquema de pirâmide
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

“Olá, você foi selecionado para um trabalho de meio período online, com salário diário de R$ 500 – R$ 1000. Entre em contato comigo pelo link…” Se você recebeu uma mensagem similar a esta, prometendo empregos remotos com alta remuneração diária, tome cuidado: provavelmente é uma tentativa de golpe.

Há casos em que o esquema é relativamente simples. O golpista entra em contato anunciando a seleção para uma vaga, mas pede um pagamento, supostamente para a realização de um exame admissional ou de um curso necessário ao trabalho. Em versões mais complexas, o golpe pode envolver esquemas de pirâmide, manipulação de avaliações em plataformas digitais, fraude e roubo de dinheiro e de dados.

Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil, explica que tudo começa com uma mensagem: “Eles estão usando todas as plataformas possíveis. Começou muito forte no WhatsApp e por SMS, hoje a gente já tem visto usando contas no iCloud, para proprietários de iPhone, e até no Telegram.”

As mensagens normalmente contam com um número de telefone ou link para iniciar uma conversa, em que o usuário recebe um endereço para cadastro em uma plataforma. “A maioria destes cadastros tem um código passado para a pessoa, que é o código do afiliado, para identificar quem é o recrutador e para que ele receba uma parte”, relata Assolini.

O analista explica que quem recruta pessoas para a plataforma ganha um valor, aumentando o alcance do golpe.
Após o cadastro, é solicitado ao usuário que faça uma transferência inicial via PIX. “É um valor baixo, pode ser de R$ 20, para uma conta física que você não sabe de quem é. E eles fazem a promessa de que ao fazer este aporte você receberá de volta este valor e mais uma comissão, só por ter se cadastrado.”

Esta etapa serve para ganhar a confiança do usuário: “Eles realmente cumprem com esse combinado. Você recebe o primeiro aporte e a comissão, que pode até dobrar o valor enviado”, afirma Assolini.

Cadastrado, o usuário passa a receber tarefas diárias. “Dentro dessa plataforma, eles pedem para que você simule a compra de um produto e o classifique com cinco estrelas, para receber o dinheiro aportado e mais um valor de volta.”

Assolini diz que o esquema usa a gamificação, ou seja, estratégias de jogos para motivar o envolvimento e participação do usuário. Mas, conforme as tarefas são executadas, são solicitados aportes maiores e tarefas mais difíceis, para que os golpistas ganhem tempo e aumentem o número de recrutados. Em determinado ponto, quando a plataforma já recebeu muitos cadastros, as plataformas são encerradas e as pessoas perdem o dinheiro aportado.

Além do dinheiro não devolvido, que fica com os criminosos quando encerram a plataforma, há ganhos com a manipulação de avaliações de produtos, tarefas realizadas pelos usuários como condição para o pagamento. “Quando você simula a compra, dá estrelas, na verdade, você está manipulando reputações em lojas online”, explica Assolini.
“Isso faz com que você crie um número inflado e irreal de vendas, especialmente em marketplaces, e se uma loja tem um número muito alto de avaliações cinco estrelas ou de vendas, a probabilidade do algoritmo colocar o produto em primeiro lugar nas buscas reais é maior.”

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