Garrafa pet vira armadilha para o Aedes

Uma armadilha caseira e de baixíssimo custo é uma esperança para diminuir a população do mosquito Aedes Aegypti – transmissor da dengue, zika e chikungunya. A chamada ‘mosquitoeira’ tem como matéria prima principal a garrafa pet e está sendo popularizada graças à iniciativa de uma assistente social ensina a fazer o objeto em cursos rápidos na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Iracy Coelho, em Campo Grande.

A lógica desta armadilha se assemelha a de uma ratoeira. A fêmea do Aedes é atraída para ‘mosquitoeira’ graças ao alimento colocado dentro da água. Ali mesmo, ela fará a postura dos ovos que após virarem mosquitos não terão como sair já que a armadilha é vedada por tela. “Os novos mosquitos não terão como sair da armadilha e acabarão morrendo ali dentro, de forma que a população do Aedes não vai crescer”, explica a assistente social Rosemary Castanho do Nascimento.

Durante a oficina, inclusive, ela mostra uma armadilha que já cumpriu seu objetivo. Na água é possível ver larvas que em breve serão mosquitos, mas que não terão sobrevida, pois estão presos na 'mosquitoeira'. "É uma prole que não vai sobreviver", ressalta. 

As oficinas são realizadas de forma programada e têm como foco a comunidade no entorno da UBSF, especialmente pessoas que possam repassar o conhecimento adquirido na aula. Na tarde desta terça-feira, por exemplo, as educadoras sociais Juliana Vilela e Elizani Grabner, ambas do Cras Aero Rancho, participaram da oficina.

Agora, elas vão ensinar as crianças e adolescentes atendidas no Cras a fazerem as armadilhas. “É muito fácil. Tenho certeza de que com a orientação de um adulto qualquer criança conseguirá fazer e levar para a família”, analisa Juliana. “Outro ponto positivo é que você evita o descarte da garrafa pet no meio ambiente e aproveita para o bem da saúde pública”, acrescenta Elizani. O Cras Aero Rancho atende 130 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos.

Para fazer a ‘mosquitoeira’, é necessário ter uma garrafa PET, micro tule ou tela fina, lixa de madeira, fita isolante, alpiste, arroz cru ou ração de gato. Esses alimentos é que vão “nutrir” a água com microorganismos. Depois de pronta, a armadilha vai atrair o Aedes aegypti e outros mosquitos, que vão depositar os ovos naquela água. Quando os ovos virarem larvas e depois mosquitos, ficam presos dentro da ‘mosquitoeira’.

Uma recomendação importante é que o descarte da água seja feito na areia. O ideal é colocar detergente ou água sanitária no líquido para matar as larvas. O líquido não deve ser jogado na pia, jardins ou vaso sanitário, já que isso pode estimular a proliferação dos mosquitos.

A Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) alerta que mesmo com a armadilha é importante verificar a presença de água parada e erradicar os pontos para coibir a proliferação dos insetos em todo o ambiente.

O que é necessário para fazer uma mosquitoeira ou mosquitérica?

1 garrafa de 2 litros de plástico (tipo PET)

Tesoura

Lixa de madeira (nº 180)

Rolo de fita isolante ou fita adesiva de forte aderência

Pedaço de tecido do tipo “filó” ou “micro tule”, o bastante para a vedação do bico do recipiente

Arroz para alimentar as larvas ou alpiste

Como montar o equipamento?

Passo 1: Cortar a garrafa em dois, sendo que a parte da boca seja menor, a formar um funil

Passo 2: Retirar a tampa do recipiente. De forma cuidadosa, retirar o anel (parte que se destaca da tampa), lacrar e guardar, pois será utilizado posteriormente

Passo 3: Colocar o tecido de vedação no gargalo e prendê-lo com o anel

Passo 4: Lixar o interior do funil, com isso, a área de evaporação aumenta, facilitando ao mosquito a localização da mosquitérica

Passo 5: Colocar o alimento escolhido na parte de baixo do recipiente. Indicam-se cinco grãos de alpiste ou três de arroz, é importante que seja bem triturado

Passo 6: Coloque a parte do gargalo de cabeça para baixo, na parte de baixo do recipiente

Passo 7: Utilize a fita isolante para fazer a fixação das 2 partes, externamente

Passo 8: Insira água filtrada (sem cloro) na parte de dentro da mosquitérica, deixando a alguns centímetros do gargalo.