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Especialista alerta para os riscos do abandono vacinal

Coberturas aumentam em 2024 e 2025, mas reforços e segundas doses continuam abaixo da meta

Sábado, 09 Agosto de 2025 - 12:17 | Redação


Especialista alerta para os riscos do abandono vacinal
(Foto: Divulgação)

Apesar dos avanços nos índices de vacinação registrados nos últimos dois anos, o Brasil ainda enfrenta um desafio: o abandono das segundas doses e dos reforços vacinais. Em ocasião do Dia Nacional da Saúde, lembrado em 5 de agosto, especialistas reforçam que a vacinação precisa ser completa e regular para garantir a proteção individual e coletiva.

Conforme dados do Ministério da Saúde das coberturas vacinais em 2024, imunizantes como BCG (92,82%), Hepatite B (90,54%) e a 1ª dose da Tríplice Viral (96,34%) atingiram níveis elevados de aplicação, próximos ou acima da meta nacional.

Porém, nenhuma das vacinas que exige segunda dose ou reforço atingiu a cobertura de 95%. A segunda dose da Tríplice Viral ficou em apenas 77,67% em 2024 — ou seja, quase uma em cada quatro crianças não completou a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola.

Dados preliminares de 2025 reforçam esse cenário de avanço com limitações. A BCG manteve-se alta, com 87,78% de cobertura, e a Hepatite B em recém-nascidos alcançou 84,45%. Vacinas aplicadas no primeiro ano de vida, como DTP (82,21%), Meningococo C (81,68%), Pneumo 10 (83,09%) e Penta (81,78%), também cresceram, mas sem atingir a meta. A febre amarela permanece com baixa adesão, em 75,48%, no primeiro ano de vida.

Entre as crianças de 1 ano, a 1ª dose da Tríplice Viral alcançou 90,49% em 2025, mas a 2ª dose caiu para 72,57%, confirmando a tendência de abandono vacinal. Os reforços da DTP (79,97%) e da vacina inativada da poliomielite (VIP, 78,36%) também ficaram aquém do esperado. Segundo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a taxa de abandono ocorre quando a pessoa toma a primeira dose, mas não retorna para a segunda ou reforço. Quando esse número passa de 10%, já é considerado alto — como mostram os dados mais recentes, especialmente entre as vacinas do segundo semestre de vida.

Para a infectologista pediátrica Sylvia Freire, do Sabin Diagnóstico e Saúde, a falsa sensação de segurança após a primeira dose é um risco. “As doenças imunopreveníveis, ou seja, que podem ser evitadas com aplicação de vacinas, tendem a reaparecer quando a cobertura vacinal diminui. Completar todas as doses do calendário é essencial.”

A médica explica que o efeito protetor só é completo quando o esquema é finalizado com todas as doses recomendadas. “Muitas vacinas exigem duas ou mais aplicações para que o organismo desenvolva o padrão de resposta desejado. Quando um indivíduo elegível para vacina deixa de ser imunizado, não só o risco de adoecimento dele aumenta, mas o risco de propagação do agravo na população também aumenta significativamente”.

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