Exposição ‘Passeio da Alma’ segue aberta até 10 de novembro no MIS

Há artistas cuja trajetória reflete a própria vida, marcada por contrastes, descobertas e renascimentos. A artista visual Amanda Monteiro é uma dessas presenças. Sua exposição “Passeio da Alma”, aberta desde setembro no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande, foi prorrogada até 10 de novembro e tem emocionado o público com obras que traduzem, em cor e luz, um percurso de fé e esperança.

Formada em Artes Visuais pela UFRGS e pós-graduada em cerâmica na Espanha, Amanda construiu sua base artística ainda nos anos 1980. A vida, no entanto, a levou a outros caminhos: ficou viúva muito jovem e encontrou no Direito uma nova forma de atuação.

“Eu nunca deixei de fazer arte. A arte nunca saiu da minha vida, mas agora, aposentada do Direito, posso exercer exclusivamente minha vocação inicial”, afirma.

Ressignificação

As obras em exposição revelam o olhar de quem transformou a dor em luz. Após enfrentar as sequelas da Covid-19, Amanda reencontrou na pintura uma forma de renascer.

“Com muita fé e gratidão superei as sequelas da Covid, transmutando esse período sombrio num convite à esperança e à ânsia de expressar as cores da vida em alegria e luminosidade a cada pincelada”, relata.

Com mais de 500 visitantes, a mostra tem despertado fortes emoções. Um deles, conta Amanda, se disse profundamente tocado diante de uma de suas telas.

“Ele havia servido em missão no Haiti e disse que a pintura o transportou para aquele tempo. Foi comovente ouvir seu relato.”

Outros visitantes afirmam perceber nas obras uma energia que transcende a técnica, a essência da esperança.

“Esses retornos são o maior ganho da exposição. Quando alguém me diz que uma tela despertou uma lembrança boa ou trouxe alegria em um momento difícil, sinto que minha arte cumpriu seu papel”, declara.

Epifania

O uso vibrante das cores marca esta fase da artista.

“As cores são um fascínio na minha vida desde sempre”, confessa Amanda.

Em “Passeio da Alma”, o público é conduzido a um universo lúdico e harmônico, onde o diálogo entre os tons revela a capacidade humana de transformar sombras em epifanias.

Além do aspecto estético, a mostra tem um viés educativo. Escolas têm levado crianças e professores para vivenciar o processo criativo da artista, que faz questão de acompanhá-los.

“Acredito que o viés educativo seja essencial, pois as crianças começam a ter contato com processos criativos que despertam e desenvolvem suas habilidades sensoriais. É um mundo novo para elas”, explica.

Plenitude

A exposição também reafirma a espiritualidade que permeia a trajetória da artista.

“Sem Deus, não somos nada. Sou grata pela vida que me foi concedida e pelo caminho de superação que Ele me proporcionou. Este novo ciclo me permite compartilhar minha arte e transmitir uma mensagem de esperança”, declara.

Com quase 70 anos, Amanda Monteiro vive um momento de plena maturidade criativa e emocional. Após décadas conciliando o Direito e as artes, hoje se dedica integralmente ao ateliê, desenvolvendo novas séries de pinturas e planejando futuras exposições.

“O que mais quero é transmitir o que sei às próximas gerações. Ensinar é uma das maiores alegrias que a vida pode nos oferecer.”

A exposição “Passeio da Alma” segue aberta até 10 de novembro, com visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro, Campo Grande (MS).