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Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital

Ao todo, serão instalados 14 sensores de nível de água distribuídos estrategicamente

Quarta-feira, 10 Janeiro de 2024 - 13:12 | Redação


Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital
Equipamento instalado na margem do Córrego Prosa, na Avenida Ricardo Brandão (Foto: Luiz Alberto)

Quem passa pela Avenida Ricardo Brandão, em Campo Grande (MS), já deve ter reparado em um curioso equipamento na margem do Córrego Prosa. Trata-se de um radar com sensor de medição instalado para monitorar o risco de enchente no local.

Equipamentos semelhantes estão sendo colocados em outras bacias hidrográficas na área urbana de Campo Grande com o mesmo objetivo. A iniciativa é do projeto de Pesquisa HidroEX – Extremos Hidrológicos em Múltiplas Escalas, da Universidade Federal de MS.

As enchentes e inundações são processos naturais que acontecem quando uma bacia hidrográfica e seus afluentes não comportam a quantidade da água da chuva e transbordam temporariamente, daí a importância de monitorar estes locais.Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital

O professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) e coordenador do projeto, Paulo Tarso Sanches de Oliveira, ressalta a necessidade de ver esses processos como naturais, que são intensificados por fatores como o crescimento das cidades em áreas de risco ou a falta de um planejamento adequado.

“É importante falar que as enchentes sempre aconteceram e vão continuar acontecendo, pois são processos naturais. Durante muitos anos, os  bairros e áreas pavimentadas foram aumentando sem um planejamento urbano adequado, fazendo com que a água fosse drenada de forma muito rápida diretamente nos rios e canais, proporcionando picos rápidos de cheias e consequentemente áreas de inundação. Além disso, regiões densamente pavimentadas, com poucas áreas permeáveis e com um sistema de microdrenagem insuficiente ou com pouca manutenção, têm gerado alagamentos em vários pontos da cidade”, explica.

Os estudos precursores sobre o tema foram iniciados em 2017 pelo coordenador, com a participação dos estudantes do Programa de Pós-graduação em Tecnologias Ambientais e financiado pelo projeto Sistema de Alerta e Previsão de Inundações para Bacias Urbanas do CNPq. 

Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital
(Foto: Luiz Alberto)

“O nosso objetivo era criar modelos capazes de simularem as áreas de inundação na Bacia hidrográfica do Prosa. Na época, usamos imagens aéreas e dados hidrometeorológicos coletados pela Prefeitura. Os estudos resultaram em um sistema de alerta em forma de aplicativo de celular, [além da] redação de teses, artigos e um livro”, relembra o coordenador. O projeto ainda serviu como base da proposta na área de cidades inteligentes para o projeto institucional Capes PrInt, Urban Waters: in direct to hydrical security (ou Águas Urbanas: direto à segurança hídrica, na tradução) que proporciona intercâmbio de  estudantes e professores.

Com os estudos, o coordenador observou a necessidade de ampliar a pesquisa para as outras bacias hidrográficas da cidade: ao todo, são 11 bacias e 33 córregos. Portanto, foi necessário montar um sistema de coleta e análise de dados sobre volume e nível de água em tempo real. 

“Nosso objetivo é ter todas as bacias hidrográficas monitoradas e modeladas para estabelecer os sistemas de alerta de inundação. O projeto possui  duas frentes, uma para criar um sistema de alerta de inundações e outra para indicar soluções capazes de mitigar os problemas que as enchentes e inundações trazem”, detalha.

Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital
(Foto: Luiz Alberto)

Até o momento, foram instalados na Bacia do Prosa um radar QR 30, sensores de nível de água, câmeras e uma estação meteorológica. Ao todo serão instalados 14 sensores de nível de água distribuídos estrategicamente em cada bacia estudada. O projeto recebe financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect). 

“A partir do apoio conseguimos comprar equipamentos de ponta. Nós usamos bastante inteligência artificial (AI), e agora, vamos evoluir para medidas mais precisas de nowcasting (termo utilizado para indicar a previsão do presente, do futuro muito próximo e do passado muito recente) de informação meteorológica, que vai servir de dados de entrada para os nossos modelos hidrológicos e hidráulicos, que somadas à ação de machine learning, vão mapear todas as áreas de alagamento e inundação que ocorrem na área urbana de Campo Grande, possibilitando a previsão a curto e curtíssimo prazo”.

Toda essa tecnologia vai resultar em um sistema de alerta capaz de indicar quais as áreas urbanas inundadas e quando, possibilitando que a população desvie do local ou até evacue imóveis. “O sistema de alerta vai ser útil para evitar tragédias, perdas de automóveis e até da própria vida, tendo em vista que pessoas podem ser arrastadas pela água”, ressalta o coordenador do projeto.

Equipamentos monitoram risco de enchentes na Capital
(Foto: Luiz Alberto)

Além de prever a ocorrência, o grupo ainda trabalha em parceria com a Prefeitura Municipal buscando formas viáveis de minimizar os problemas de inundação. O coordenador explica que o intuito é auxiliar, indicando soluções. “Como a construção de barragens de retenção ou sistemas e práticas alternativas de Low Impact Development (desenvolvimento de baixo impacto), como formas de retenção de água nos lotes urbanos, sempre avaliando quais efeitos relacionados aos picos e volumes de cheias. Também estamos estudando quais ações precisamos tomar para deixar a cidade menos vulnerável e mais resiliente em eventos extremos de chuva”, complementa.

Estão envolvidos no projeto cinco mestrandos, quatro doutorandos, e três graduandos do curso de Engenharia Civil e Ambiental da Faeng. Participam também pesquisadores de outras instituições parceiras, como o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual de Campinas, e ainda pesquisadores internacionais das universidades de Auburn, Nebraska, Princeton, Colorado e Arizona dos Estados Unidos, e Dresden na Alemanha. O projeto será finalizado em 2025, e a partir deste mês começam as medições na bacia do Lajeado, seguida da bacia do Segredo, do Anhanduí e as demais.

Confira a galeria de imagens:

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