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Arte Inclusiva forma turmas de alunos cegos e surdos em Campo Grande

Projeto apoiado pela Política Nacional Aldir Blanc promove oficinas de argila e a criação artística

Terça-feira, 04 Novembro de 2025 - 13:31 | Sandra Salvatierre


Arte Inclusiva forma turmas de alunos cegos e surdos em Campo Grande
O resultado ultrapassa as 90 peças de artesanato produzidas: o projeto deixa um legado de empatia, inclusão e autonomia, demonstrando que a arte é, antes de tudo, uma ponte entre as diferenças. (Foto: Divulgação).

O projeto Arte Inclusiva encerra suas atividades em Campo Grande com a formação de duas turmas compostas por pessoas cegas e surdas que encontraram no artesanato em argila novas formas de expressão, sensibilidade e conexão com o mundo. A ação é realizada pela Política Nacional Aldir Blanc, por meio de edital da Prefeitura de Campo Grande, e ofereceu um espaço de aprendizado acessível, afetivo e transformador.

 

Durante os meses de setembro e outubro, as oficinas ocorreram no Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (ISMAC) e na Associação dos Surdos de Campo Grande, conduzidas pelos mestres artesãos Rodrigo Marçal, Vanderson Avalhaes, Cleber Ferreira e Felipe Avalhaes, sob produção da artesã Fabiane Avalhães. Ao todo, 30 alunos  15 cegos e 15 surdos  participaram das atividades, que contaram com materiais sensoriais, intérprete de Libras, divulgação em Braille e equipe técnica especializada.

 

O resultado ultrapassa as 90 peças de artesanato produzidas: o projeto deixa um legado de empatia, inclusão e autonomia, demonstrando que a arte é, antes de tudo, uma ponte entre as diferenças.


Transformação

Para a produtora Fabiane Avalhães, o encerramento das oficinas é motivo de celebração.

“Estamos muito felizes com o resultado. Foi um período de intensa troca e aprendizado. Cada participante nos mostrou que a arte é um território sem barreiras  um espaço onde todos podem criar, sentir e se expressar”, afirmou.

O mestre artesão Rodrigo Marçal, responsável pelas aulas no ISMAC, destacou o impacto pessoal da experiência:

“Dar aula de argila para pessoas cegas foi algo profundamente transformador. Aprendi que o fazer artístico não depende do que se vê, mas do que se sente. O toque, a textura e a temperatura da argila ganham outro significado. Essa vivência me ensinou a sentir a arte antes de vê-la.”

Já o mestre Cleber Ferreira, que conduziu as oficinas com pessoas surdas, ressaltou a descoberta de uma nova linguagem artística:

“Com os surdos, aprendi outro tipo de escuta — uma escuta feita com o olhar, com o corpo, com a presença. A comunicação acontecia pelos gestos e pelos silêncios, e vi nascer obras únicas, cheias de expressão e significado. A arte não precisa de som ou fala: ela se comunica por sensações, encontros e sentimentos que não precisam de palavras.”


Legado

Mais do que ensinar uma técnica, o Arte Inclusiva promoveu uma vivência de humanidade e solidariedade, reafirmando o papel da cultura como instrumento de inclusão e transformação social.

O encerramento do projeto simboliza não apenas a conclusão de um ciclo, mas o início de muitos outros nas mãos, na sensibilidade e na confiança de cada participante que descobriu, na arte, uma nova forma de existir no mundo.

 

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