Cultura japonesa chega a biblioteca de Campo Grande com mangás e cosplayers

Os interessados em mangás possuem um novo 'point' em Campo Grande: a Biblioteca Estadual Dr. Isaías Paim. Isso porque a unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul dispõe de um acervo de mais de 1.030 histórias japonesas disponíveis para população local. A exibição iniciou neste sábado (19) e contou até com grupo de cosplayers convidados.

Foi de maneira inusitada que a Biblioteca Estadual Dr. Isaias Paim possui, agora, esse acervo milenar. "Antes nós tínhamos em torno de 30 a 40 mangás, agora ficamos com 1.030", afirmou a coordenadora da Biblioteca, Eleuzina Crisanto de Lima. Ela conta que o recebimento foi de forma inusitada. "Um dia eu comecei a receber ligação com um número de São Paulo no meu celular e não atendi, pensei que fossem aqueles números que ligam sempre. Aí ligaram aqui no telefone fixo da Biblioteca e pediram para eu atender", conta. O que a coordenadora não esperava era que o local tinha sido escolhido para receber os mangás.

"Ganhamos a doação da Fundação Japão depois de eles selecionarem a biblioteca. Nós fomos informados que eles gostaram das nossas ações sociais e nos premiaram. Não teve edital, não teve nada, mas nós ganhamos", explica. Com bom humor, Eleuzina brinca que a primeira coisa que disse ao saber da novidade foi "Mas são escritos em japonês?".

Quando receberam as doações, ainda neste mês, a coordenadora começou a ler os exemplares, e hoje conta até uma curiosidade da coleção "Hokusai". "Esse exemplar foi ilustrado por Katsushika Hokusai, um artista japonês que só conseguiu ter sucesso quando tinha 70 anos. Essa onda foi inspirada nas pinturas Van Gogh. São dois pintores que mostram que uma hora o reconhecimento chega", explicou. O pintor holandês, Van Gogh, apenas conseguiu renome após sua morte.

A exibição é aberta ao público durante os horários de funcionamento da instituição. No caso deste sábado, o espaço recebeu visitantes até as 13h e atraiu fãs de animes e mangás. João Ivo, de apenas 9 anos, foi um dos amantes de mangá que marcaram presença no evento. Ele conta que gosta do gênero de leitura e que ainda não tem uma coleção em casa, mas divide mangás na escola com os amigos. Hoje, ele pôde ler mais histórias disponíveis na unidade.

E na casa de João a mãe, Diene Perin virou companheira dos mangás e animes. Ela relata que teve curiosidade em acompanhar o desejo do filho e, para entender mais, começou a assistir Naruto, uma série de mangá japonês que teve a extensão para a animação, o anime. "Por ele falar muito de anime, eu fiquei perdida, porque são uns nomes muito diferentes, aí comecei a assistir Naruto, para saber quem é quem, mas não sou tão inteirada quanto ele", brinca.

Mas não só as crianças são atraídas pelo estilo. Mabel Valverde Nogueira, de 42 anos, conta que desde muito nova é apaixonada pela cultura japonesa. "Quando eu tinha 2 anos, nos anos 1980, passavam animes na televisão e eu comecei a assistir. Até hoje eu acompanho e gosto muito", relata. A paixão pelo universo dos mangás é tanta que desde 2009 embarcou na arte do cosplay, isto é, da representação de personagens. "Eu só faço cosplay de anime e mangá. Às vezes são personagens masculinos também, para fugir um pouco", conta.

Ela foi uma das "cosplayers" convidadas para a mostra e encarnou Levi Ackerman, do anime "Attack on Titans". Também na forma de mangá, a animação em questão retrata a união de três amigos para tentar recuperar o mundo das garras dos Titãs. Porém, Mabel garante que as temáticas são variadas e agradam todos os públicos. "Tem alguns que falam de tragédia, outros são mais dramáticos. Tem mangá voltado para crianças também, porque é importante ver a classificação da história", explica.

Por enquanto, esclarece a coordenadora, o acesso ao acervo é somente para leitura local, então os interessados podem chegar durante o horário de funcionamento da Biblioteca e desfrutar no espaço preparado especialmente para visitantes das obras escolhidas. Os planos com o acervo são grandes, e Eleuzina adiantou ao Diário Digital que pretende levar o acervo ao Festival América do Sul Pantanal (FASP) deste ano, realizado em Corumbá.

Fora a unidade de Campo Grande, mais sete instituições em todo o país receberam mangás. Para a seleção, a Fundação Japão consultou representações diplomáticas japonesas no Brasil, que tinham conhecimento dos projetos da Biblioteca Dr. Isaías Paim para a população. O objetivo da ação é tornar o estilo de história japonês disponível para mais pessoas no Brasil e fomentar o interesse pela cultura e idioma japonês.

Serviço - A Biblioteca Estadual Dr. Isaías Paim funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, e aos sábados, das 08 às 13h, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, no prédio da Fundação da Cultura de Mato Grosso do Sul.