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Polícia

Família contesta versão policial sobre morte de jovem indígena

Junior Concianza Severino, de 24 anos era PCD e foi morto a tiros por policiais militares na aldeia Panambizinho, em Dourados

Domingo, 19 Outubro de 2025 - 13:05 | Luiza Ferraz


Família contesta versão policial sobre morte de jovem indígena
Junior chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. (Foto: Andréa Moratelli/Cimi)

Familiares de Junior Concianza Severino, de 24 anos, indígena Guarani e Kaiowá morto pela Polícia Militar na tarde da última quinta-feira (16), na aldeia Panambizinho, em Dourados, contestam a versão policial. A versão era de que o jovem estava “em surto” ou que tenha tentado tirar a arma dos policiais, conforme nota divulgada pela corporação.

“Eu vou cobrar, não vou deixar barato. Por que tiraram a vida do meu filho assim? Ele é jovem ainda. [...] Eu comprava medicamento, ele tomava tudo direito”, diz Fineida Neusa Aquino Concianza, mãe de Junior.

A mãe relata que na tarde desta quinta, foi ao Posto de Saúde da aldeia acompanhada de seu filho, para tratar de um problema no pé do jovem. 

Fineida explica que o rapaz não estava em surto, mas ao ver o Samu ficou agitado. “Sentiu medo, se tremendo todo”, explica. O comportamento assustou os pronto-socorristas, que foram embora. Na sequência, a Polícia Militar foi acionada. 

A mulher não sabe dizer exatamente quem chamou os policiais, mas acredita ter sido o próprio Samu. 

Conforme os familiares, o jovem era oficialmente declarado como Pessoa com Deficiência Psicossocial (PCD). Há cinco anos passou a viver sob constantes cuidados, sendo medicado diariamente – após o almoço e o jantar.

A mãe relata que os policiais já desceram correndo da viatura e partiram para cima do jovem. Ela diz que atiraram contra ele, enquanto ele corria ao redor da árvore, muito assustado.

“Se eu chegasse perto do meu filho, ia acertar bala em mim. Acertou bem no ombro dele, caiu bem aqui, nos meus pés, sem vida. Por que fizeram isso?”, desabafa Fineida.

Versão da Polícia Militar

Um homem de 24 anos, identificado como Junior Severino, morador da Aldeia Panambizinho, morreu na tarde de ontem (16) após sofrer um surto e ser baleado durante intervenção policial. 

Segundo informações preliminares, Junior apresentava um surto psicótico e familiares acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Indígena para prestar socorro. No momento do atendimento, o jovem teria reagido de forma violenta, investindo contra os profissionais de saúde.

Diante da situação, foi solicitado apoio da Polícia Militar. Ao chegar ao local, os policiais também teriam sido atacados por Junior, momento em que um dos agentes efetuou um disparo.

Ferido, ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital da Vida, em Dourados, mas não resistiu aos ferimentos.

Informações de Conselho Indigenista Missionário.

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