Polícia
Ex-guarda é julgado hoje por matar ex-namorada e amigo em crise de ciúmes
Réu é julgado por feminicídio, homicídio e tentativa de homicídio; crime ocorreu em 2020
Quinta-feira, 05 Maio de 2022 - 11:35 | victoria oliveira

O ex-guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, de 36 anos, é julgado pela 1ª Vara do Tribunal do Juri nesta quinta-feira (5) pela morte da ex-namorada Maxelline da Silva dos Santos, 28 anos, e o amigo dela, Steferson Batista de Souza, de 32 anos, além da tentativa de homicídio da esposa de Steferson, Camila Teles Bispo, de 37 anos, em 29 de fevereiro de 2020.

O réu é acusado de feminicídio, homicídio e tentativa de homicídio. Ele matou a ex-namorada por não aceitar o fim do relacionamento, que durou aproximadamente sete meses. Maxelline estava em um churrasco no Bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande, entre amigos, quando foi morta. Steferson e Camila eram proprietários do local e foram atingidos por tiro fatal.
A primeira a ser ouvida foi a amiga de Maxelline e esposa de Steferson, que foi ferida na lombar e viu o marido ser morto por Valtenir com um disparo no peito. No dia do crime, ela e a amiga haviam combinado de passar o dia juntas com mais colegas, relatou. "Ela estava separada de Valtenir, mas ele sempre vivia perturbando. Ele era agressivo e ciumento", contou.

Camila explicou que Maxelline possuía medida protetiva contra o ex-namorado, em decorrência de uma invasão à casa dela. A esposa de Steferson relembrou que a amiga vivia com medo de Valtenir. "Ele ficava passando de carro na frente da casa dela", explicou. Ela escapou, mas até hoje tem sequelas. Conforme a vítima, ainda não conseguiu retornar ao trabalho em decorrência de complicações na saúde advindas do tiro na lombar.

29 de fevereiro de 2020
No dia do crime, Valtenir foi até o Jardim Noroeste e conversou por cerca de 40 minutos com a ex-namorada, porque queria levá-la embora. Durante o depoimento, Camila chorou ao lembrar que não imaginou que o réu fosse atentar contra a vida da amiga.
"Eu não achava que ele ia matar ela. Mas aí, ele levantou a arma e eu senti um fogo na perna", relembra. O fogo em questão é referente ao tiro na lombar que atingiu Camila. Maxelline tentou impedir que o ex-namorado atirasse: segurou a mão de Valtenir e empurrou a arma para cima, disparo que, então, atingiu a testemunha.
Em denúncia, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) aponta que Maxelline entrou na frente para proteger a amiga, que correu para dentro da casa. Mesmo assim, Valtenir atirou atingindo a amiga da ex-namorada nas costas.
O marido de Camila, Steferson, viu a esposa caída no chão e foi atingido com um tiro no tórax. A mulher disse que a filha dela, uma criança, de cinco anos, na época, assistia TV no quarto e foi até a frente da casa ao ouvir os tiros, deparando-se com a mãe baleada e Steferson sem vida. Camila foi até a porta da casa e a fechou, para que a criança não presenciasse por mais tempo a cena. Foi quando o terceiro tiro, que matou Maxelline, foi disparo.
Tanto o marido quanto a amiga de Camila morreram na hora. Após o disparo fatal contra a ex-namorada, Valtenir fugiu do local.
Também amigo das vítimas, Vilmar Amorim era um dos presentes no local. Em depoimento, ele relatou que compareceu ao churrasco na companhia da namorada e do filho, porém foi embora assim que ouviu os disparos. "Eu entrei no carro pra ir embora. Foi quando começaram os tiros. Aí arranquei com o carro, só ouvi tiros", contou.

Ele voltou após um tempo e encontrou os corpos caídos no chão. Depois de checar o pulso de ambos, entrou na residência e perguntou se "havia alguém vivo", quando encontrou com Camila e prestou socorro à vítima.
"Nunca foi agressivo"
"Nunca estava nervoso", foi assim que o guarda municipal e ex-colega de trabalho de Valtenir descreveu o réu. Para Dário Macedo, Valtenir não demonstrava comportamentos agressivos. Eles trabalhavam juntos por cerca de dois anos e, segundo o guarda, também conhecia Maxelline,
Dário contou que passou festas de final de ano com Valtenir e Maxelline, além de afirmar que ambos pareciam "um casal normal como qualquer outro".
Bom relacionamento
O réu Valtenir também depôs durante o julgamento. Ele contou que era guarda civil desde 2011 e, por isso, portava armas. O acusado afirma que não perturbava a ex-namorada, como relatou Camila, e que mantinham um relacionamento normal enquanto ficaram juntos, por cerca de um ano.
Valtenir disse não ter entendido quando Maxelline pediu a medida protetiva, e que brigou com ela justamente porque estavam em 'bons lençóis' mesmo separados. "Brigamos quando ela pediu a medida, mas depois voltamos e passamos o dia junto no Carnaval. Estava tudo normal. Nossa relação estava normal até acontecer esses fatos", afirmou.
O réu rebateu o fato relatado por Camila de que teria invadido a casa de Maxelline. De acordo com ele, no dia do ocorrido, o casal estava morando junto, por cerca de seis meses, e somente pulou o muro da residência porque estava sem as chaves.
Ciúmes
Valtenir repetiu diversas vezes durante o depoimento que não lembra porque assassinou Maxelline e Steferson nem porque feriu Camila, porém afirmou que foi motivado por ciúmes e bebidas alcoólicas. Ele relatou que foi até a casa em que ocorria o churrasco no dia do crime porque a ex-namorada não atendia o celular.
No local, ficou incomodado com a presença de casais e acreditou que Maxelline estava em um relacionamento amoroso com outra pessoa. "Fiquei com muito ciúmes", declarou. O réu contou que puxou a arma sem intenção de matar ninguém, porém afirmou que 'perdeu o controle da situação' e deu os disparos fatais.
Justiça
Na manhã do julgamento, a mãe de Maxelline, Marisa Rodrigues da Silva afirmou em conversa com a imprensa que esperou muito pelo momento. "Espero que ele pegue uma pena máxima, porque é o que a gente pensa. Foi um momento muito aguardado por nós", contou.
Marisa espera pela condenação completa de Valtenir. "A dor que ele causou é muito grande para muitas famílias, para mim também. Não sei nem o que dizer [sobre o julgamento], sinceramente. Minha filha não vai voltar, então, espero pela justiça", declarou.
Próximo ao Dia das Mães, ela contou que ainda se emociona ao pensar na filha. "Todas as lembranças que eu tenho com ela são as melhores. Ela era tudo de bom, uma filha perfeita. Não tenho o que falar de errado dela. Infelizmente ela não está mais aqui".
Relembre o caso - Durante confraternização entre amigos, a professora Maxelline da Silva dos Santos, de 28 anos, foi morta com um tiro na cabeça pelo ex-namorado Valtenir Pereira da Silva, na madrugada de 1ª de março de 2020, no Bairro Jardim Noroeste, na Capital.
Na época, o acusado que era Guarda Civil Metropolitano, e não aceitava o fim do relacionamento. Ele ainda atirou e matou o dono da casa, Steferson Batista de Souza, e feriu a esposa dele, a amiga de Maxelline. A vítima já havia denunciado o ex-companheiro na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e tinha medida protetiva contra ele.
Valtenir está preso desde o dia 6 de março, após uma força-tarefa da polícia, e aguarda julgamento por feminicídio e descumprimento de medida protetiva. Além do homicídio de Steferson, qualificado por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e tentativa de homicídio da amiga de Maxelline.
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