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Teste da água na Capital inclui sommeliers e laboratório rigoroso
População pode beber água direto da torneira, mesmo aquela que parece leite, sem medo
Quinta-feira, 09 Novembro de 2023 - 14:00 | Valdelice Bonifácio
A água que você consome em casa está agradável ao paladar e ao olfato? A resposta mais provável em Campo Grande (MS) é sim, com certeza. Essa condição é resultado de um complexo processo de tratamento e testes, que incluem um rigoroso trabalho de laboratório e a atuação de profissionais que muitos ainda desconhecem, os 'sommeliers de água'.
Eles se dedicam a provar e cheirar o líquido diariamente em busca de atestar esse bem-estar que a hidratação deve proporcionar aos sentidos. Sua função é igual a dos trabalhadores que verificam sabor e aroma de vinhos e outras bebidas, daí a incorporação do termo 'sommelier' que não é oficial, mas muito adequado em termos de comparação.
No caso da água, somos ensinados desde crianças a defini-la como incolor, inodora e insípida. Mas, sabemos que o líquido recebe elementos químicos para garantir sua higiene e desinfecção. É aí que entram os sommeliers da Águas Guariroba -- concessionária responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário na Capital.
A química Valdirene Hillesheim está à frente desse serviço na empresa. Há 22 anos, ela analisa o gosto e o odor da água servida em Campo Grande, tendo a ajuda de outros dois profissionais. Valdirene é muito feliz em seu trabalho e nesta reportagem explicará o porquê de tanta satisfação.
Nesta matéria você vai ler:
Valdirene foi do óleo à água na carreira de sommelier
Na Capital, população pode beber água direto da torneira
Parece leite, mas é só água com muita pressão
Laboratório da concessionária analisa 114 parâmetros
Valdirene foi do óleo à água na carreira de sommelier - Valdirene, ou apenas Val para os colegas de trabalho, experimenta e cheira o líquido retirado da rede em pontos estratégicos da Capital. Antes de chegarem a ela, as amostras passam pelo teste de bactérias, se aprovadas, Valdirene analisa.
Ela executa o serviço levando em conta escalas de intensidade de gostos e odores, tudo baseado em métodos internacionais, cuja aplicação a química vem aperfeiçoando ao longo dos anos.
"Ao tocar o paladar, o líquido tem que estar agradável e o odor não pode causar ardência no nariz. Beber água precisa ser uma experiência confortável", explica Valdirene. Nos testes, ela não chega a beber a água, apenas 'bochecha' para sentir o gosto e depois devolve o líquido no copo.
Segundo ela, as amostras colhidas na Capital têm gosto normal/agradável garantindo uma experiência satisfatória de hidratação, da mesma forma que o cheiro não é incômodo. A amostra que for considerada fora dos padrões, é encaminhada ao laboratório para exame mais detalhado, como análise de cloro, por exemplo.
A carreira de 'sommelier' de Valdirene não começou com a água. Anteriormente, trabalhava em uma indústria de alimentos, onde testava o odor e gosto do óleo de soja. Foi nesta fase que começou a desenvolver as habilidades para análise sensorial dos produtos.
É preciso estar com paladar e olfato limpos. Convém ainda que o sommelier esteja emocionalmente tranquilo já que o psicológico pode afetar os sentidos. Valdirene faz cada teste com muita satisfação na alma. "Sou muito feliz fazendo o que faço. É como uma missão. A água é vital. O meu trabalho influencia diretamente na vida das pessoas. Por isso, faço tudo com muita atenção e alegria", revela.
Na Capital, população pode beber água direto da torneira - Em Campo Grande, a população pode beber a água direto da torneira, o que é privilégio já que para milhões de brasileiros, a realidade ainda é outra por falta de acesso à água tratada.
Conforme a Águas Guariroba, o que garante tal qualidade na torneira é o cuidado que começa na captação do líquido, o tratamento de ponta a ponta, além dos testes constantes da água - o que inclui o trabalho da simpática Valdirene.
A captação é feita por dois sistemas, um pelos córregos Guariroba e Lageado e o outro por poços profundos -- são 150 no total. O líquido recebe tratamento específico até atingir características físicas, químicas e microbiológicas que o classifiquem como potável.
Só então vai para os reservatórios da concessionária para ser distribuída aos moradores da Capital. Após o uso, cai na rede de esgoto e volta para a concessionária onde é novamente tratado para ser devolvida aos rios.
Todo o processo, desde a captação da água bruta até a entrega nos hidrômetros é monitorado por meio de amostras que são analisadas para confecção de relatórios. Os dados são repassados à Vigilância Sanitária do município - fiscal da atividade - e Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg).
As informações são encaminhadas também para o Sisagua, o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da água para Consumo Humano do Ministério da Saúde. A Portaria nº 5 do Ministério da Saúde estabelece parâmetros de potabilidade da água e também o plano de amostragem (diária, mensal, quinzenal, trimestral e semestral).
Parece leite, mas é só água com muita pressão - "Parece leite saindo da torneira", compara Osvaldo Ferreira de Castro, morador da Aguadinha, comunidade localizada no Jardim Noroeste, região leste da Capital, segurando um copo cheio de água de cor esbranquiçada (realmente muito parecida com leite).
Desde que isso ocorreu pela primeira vez, ele nunca pensou em outra possibilidade a não ser que tivesse relação com o tratamento da água. Para o morador se tratava de excesso de cloro ou outro produto químico misturado ao líquido. "Então, eu fervo sempre. Até para fazer gelo é só com água fervida", conta Osvaldo.
Outros moradores, também vivem a mesma situação. A reportagem do Diário Digital esteve na comunidade em uma tarde de terça-feira, no fim do mês de Outubro. Na ocasião, a água saia das torneiras com aspecto normal, incolor. Na maioria dos dias, o líquido está transparente, normal.
Contudo, dias depois, populares fizeram imagens da água esbranquiçada captadas nas primeiras horas de uma manhã de Novembro. Veja alguns dos vídeos abaixo.
O morador Maurício Baker da Costa também fez vídeos para comprovar o que ele considerava um problema. "É daí para pior, ninguém tem coragem de por isso na boca", relata. Veja abaixo:
Porém, segundo explicação da Águas Guariroba Osvaldo não precisaria ferver a água e nem Maurício sentir medo dela. "Não tem nada de anormal. A cor esbranquiçada se deve à pressão da água que, por vezes, é muito forte em algumas regiões"," explica Karina Goulart, coordenadora do Laboratório de Análise da concessionária.
Conforme Karina, basta que o morador deixe a água de repouso, por alguns minutos, após retirar da torneira que ela voltará ao normal já que a pressão desaparecerá. Ela assegura que não há excesso de cloro ou de qualquer outro produto químico.
"Isso já aconteceu também na minha casa. Sei que o aspecto do líquido assusta. Uma vez, eu mesma peguei a água e tomei na frente do meu marido para ele acreditar que não tem nada de errado", revela.
No dia 8 de Novembro, técnicos da Águas estiveram na comunidade para avaliar a água. O teste feito na casa dos moradores provou que o líquido está normal.
"A alta pressão provoca a concentração de oxigênio na água por conta da compressão. Quando ela vai para o copo, essa concentração passa essa impressão de leitosa por conta das microbolhas de oxigênio, que vão se dissipando para o ambiente gradativamente, por isso volta ao normal", foi a explicação do técnico aos moradores.
Os técnicos da concessionária também gravaram vídeo no qual é possível ver as bolhas de oxigênio. Assista abaixo:
Laboratório da concessionária analisa 114 parâmetros - Karina tem certeza da pureza da água servida na Aguadinha e em qualquer outra localidade da Capital, pois ela chefia diariamente um trabalho rigoroso de avaliação do líquido no laboratório da concessionária Localizado na Estação de Tratamento de Água, ETA Guariroba, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian.
Os equipamentos e métodos de trabalho permitem a análise de 114 parâmetros químicos de forma minuciosa. As amostras de água coletadas na rede são analisadas em seu PH, quantidade de cloro, presença de compostos orgânicos, pesticidas, cianotoxinas, entre outros. Assim, os testes apontam exatamente como está a água que chega à casa das pessoas.
O chamado PH, ou Potencial Hidrogeniônico, é uma grandeza que indica o grau de acidez ou basicidade de uma solução aquosa. Na Capital, o PH da água que sai das torneiras está em 6,9, conforme o mais recente Relatório sobre Qualidade da Água de Campo Grande. O índice é considerado ideal, segundo o Ministério da Saúde.
O mesmo documento leva em consideração outros fatores como turbidez, cloro, cor aparente, coliformes totais, entre outros, e todos os índices alcançados pela água de Campo Grande estão dentro dos padrões ideais.
Desde o ano passado, o laboratório conta com o reforço do cromatógrafo, equipamento que aumentou a lista de análises que podem ser feitas no próprio local, sem a necessidade de busca por terceiros
Vale mencionar que todos os resultados que saem referentes aos processos credenciados têm repetibilidade, rastreabilidade e são dados auditáveis, ou seja, é possível saber quem fez a análise, data e hora que foi feita, qual reagente usou, o lote e o fabricante desse reagente, entre outras informações.
"Dessa forma, quem mora em Campo Grande pode consumir a água diretamente da torneira sem a necessidade de tratamento complementar, pois aqui no laboratório temos uma equipe qualificada que cuida de tudo seguindo normas rigorosas", reforça Karina.
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Tratamento da água bruta é feito em várias etapas - Antes de chegar às torneiras, a água passa por 3.952 quilômetros de rede, equipamentos, tecnologia, trabalho e controle.
Tudo começa na captação do líquido. Um potente sistema de bombeamento retira do Córrego Guariroba 40% da água servida na Capital. O líquido viaja através das adutoras por mais de 30 km até chegar à estação de tratamento. O restante é captado do Córrego Lageado (13%) e de 150 poços profundos – sendo 10 deles do Aquífero Guarani (47%).
O ETA Guariroba tem uma estrutura gigante para recepção e tratamento do líquido bruto. O processo envolve as seguintes etapas:
Pré-alcalinização - Aplicação de cal para aumentar a alcalinidade e corrigir a acidez da água.
Coagulação - Adição de sulfato de alumínio à água para coagular as impurezas dissolvidas.
Floculação - Agitação da água para flocular as impurezas, facilitando a sua remoção.
Decantação e Flotação - Remoção das impurezas por forças físicas (separação de misturas).
Filtração - Retenção das impurezas mais finas num filtro de areia e antracito.
Desinfecção - Adição de cloro, assegurando que a água distribuída não contenha microrganismos.
Fluoretação - Adição de uma pequena quantidade de flúor para evitar cáries.
Ajuste final de PH - Segunda correção da acidez para distribuição de uma água neutra.
"O trabalho é realizado 24 horas por dia. A água passa por todos os tanques e só vai para a rede quando está desinfetada e adequada para o consumo", explica o operador do ETA Guariroba Willen Rogério.
Armazenamento errado pode sujar água que vem limpa da rede - A água tratada chega a 99% da população de Campo Grande após passar por um longo processo de tratamento e distribuição. Porém, todo esse serviço de tratamento terá sido em vão se morador não armazenar a água que chega até sua casa de forma correta. Se a água está com cheiro ou gosto desagradáveis, o problema pode estar na caixa d’água suja ou mal tampada.
Para garantir a qualidade e a segurança da água que está sendo consumida, a recomendação é que a caixa d’água seja limpa de seis em seis meses, seja residencial ou predial. Limpar a caixa d’água é um procedimento simples que pode ser feito pelo próprio morador, ou, no caso de prédios com caixas com volume muito grande, recomenda se a contratação de uma empresa especializada.
Beba água: Dicas para não esquecer a hidratação - Hidratação em dia é tudo de bom (e necessário demais). Campo Grande e várias cidades de MS estão passando por ondas de calor neste período do ano. Na Capital, as temperaturas máximas devem ficar entre 33º C e 37ºC, nesta segunda semana de Novembro, segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima, o Cemtec.
Entretanto, o calor extremo e preocupante está previsto para de 13 a 20 de Novembro, causado por um bloqueio atmosférico, que irá favorecer uma nova onda de calor, com altas temperaturas próximas aos 40e 45°C e baixos valores de umidade relativa do ar entre 10 e 30% no Estado.
Assim, é importante estar devidamente hidratado, condição fundamental para manter a energia, pele radiante e corpo em bom funcionamento. Logo, confira abaixo dicas preciosas para não esquecer de tomar o líquido:
1️⃣ Garrafa na mão: Mantenha uma garrafa de água sempre por perto, como um acessório indispensável!
2️⃣ Desafio dos goles: Desafie-se a beber um gole de água a cada 30 minutos. Mantenha o ritmo e sinta-se revigorado(a)!
3️⃣ Água com sabor: Adicione frutas ou ervas na sua água para dar um toque especial. Sabor e hidratação juntos!
4️⃣ Compartilhe o desafio: Chame os amigos e façam um desafio de quem bebe mais água. Vamos hidratar juntos!
Saiba os canais para acionar a Águas Guariroba - A concessionária Águas Guariroba tem vários canais de atendimento para resolver questões relacionadas à água e esgoto:
📧 Email: [email protected]
📱 Whatsapp: (0800) 642 0115 (Segunda a sexta, das 7h às 22h)
☎️ SAC: (0800) 642 0115 (Disponível 24 horas por dia, sete dias por semana)
👂 Ouvidoria: (67) 4042 0716
Equipe Diário Digital
Reportagem e edição: Valdelice Bonifácio
Fotografia: Luiz Alberto Louveira
Apoio logístico: Natalino Barbosa Antunes
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