Geral
Povos Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue sofrem novo ataque armado em Iguatemi
Em menos de 1 mês, cerca de quarenta indígenas foram atacados no dia 22 de novembro
Segunda-feira, 18 Dezembro de 2023 - 19:16 | Da redação

Um grupo de indígenas do tekoha Pyelito Kue/Mbaraka’y foi atacado na tarde de sábado (16) por seguranças armados em uma retomada realizada na fazenda Cachoeira no município de Iguatemi.
De acordo com o Conselo Indigenista Missionário, na madrugada de sábado indígenas ocuparam uma pequena área de mata no interior da fazenda, que possui 2387 hectares e fica totalmente sobreposta à Terra Indígena (TI) Iguatemipegua I – nome oficial do território que compreende os tekoha Pyelito Kue e Mbaraka’y.
A área de mata ocupada por cerca de 30 indígenas, entre homens, mulheres e crianças, é chamada pelos Guarani e Kaiowá de “Tororõ” e corresponde a uma pequena área da fazenda. É uma das poucas áreas do território que não foi desmatada pelos fazendeiros e coberta por pastagens.
Desta forma, os indígenas pedem apoio e a presença de autoridades federais na região, pois não confiam nas forças de segurança locais, em especial o Departamento de Operações de Fronteira (DOF). As forças estaduais possuem histórico de apoio aos fazendeiros e seguranças privados na região.
“Precisamos que alguma autoridade venha para a região, para proteger a comunidade. É urgente”, relata Kunhã’i, mulher Guarani Nhandeva, cujo nome não indígena foi ocultado por razões de segurança. Ao final da tarde, um grupo de mulheres de Pyelito Kue se preparava para ir até o local da retomada.
“A mulherada está pronta para ir ver onde foi que os fazendeiros que fizeram tiroteio nesta tarde, ali no mato”, afirmam uma liderança do tekoha, em vídeo gravado no celular. Como praticamente não há sinal telefônico no local da retomada, o grupo que participa da retomada encontra-se sem comunicação com as pessoas que permaneceram na aldeia.
As Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado de Mato Grosso do Sul (DPE), assim como o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já foram acionados.
Em menos de um mês
A retomada e o novo ataque de seguranças armados contra os indígenas ocorrem três semanas após uma brutal investida contra a comunidade que acabou resultando em agressões, também, a um jornalista e uma antropóloga que passavam pela região.
No dia 22 de novembro, cerca de quarenta indígenas foram atacados cinco dias após retomarem uma área de mata da fazenda Maringá – que possui de 425 hectares também totalmente sobrepostos à TI Iguatemipegua I. Depois de ocuparem a sede da fazenda, os indígenas foram alvo de um violento ataque armado.
Em relato registrado em boletim de ocorrência junto à Polícia Civil de Iguatemi (MS), membros da comunidade relatam agressões e ameaças, e contam que quatro integrantes do grupo foram mantidos durante horas em cárcere privado pelos seguranças das fazendas.
Eles relataram às autoridades que participaram do ataque segurança das fazendas Maringá, Cachoeira, Santa Rita e Vera Cruz, todas elas sobrepostas ao seu território. Segundo o relato, cerca de vinte homens encapuzados e armados, em diversos veículos, teriam participado do ataque.
Naquele mesmo dia, um jornalista canadense e uma antropóloga também foram agredidos por um grupo de homens armados e encapuzados quando passavam por uma via pública que dá acesso à aldeia Pyelito Kue e às fazendas da região.
Eles buscavam registrar a denúncia de sequestro dos indígenas e averiguar a presença de forças de segurança nacionais no local. Foram parados e agredidos pelos homens na rodovia MS-386, depois de terem sido abordados por uma viatura do DOF. Eles também relatam que uma viatura da PM passou pelo local enquanto eram agredidos, mas não atendeu aos seus pedidos de socorro.
Na mesma noite, quando realizavam buscas em propriedades da região, agentes da Polícia Federal, da Força Nacional e servidores da Funai prenderam o proprietário da fazenda Pássaro Preto, vizinha à fazenda Maringá, por posse irregular de munição e arma de fogo. Foram apreendidas 88 munições de calibre 12 no local.
Após o ataque e as agressões, a Força Nacional foi acionada e enviada para a região. No dia 30 de novembro, os indígenas também prestaram depoimento à Polícia Federal, que passou a investigar o caso.
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