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Médica da Capital explica como proceder em caso de intoxicação por metanol

Gastroenterologista recomenda não induzir vômito, não ingerir água ou leite e manter a pessoa sentada ou deitada de lado

Sexta-feira, 03 Outubro de 2025 - 15:15 | Redação


Médica da Capital explica como proceder em caso de intoxicação por metanol
Intoxicação por metanol é uma urgência/emergência médica; socorro deve ser imediato (Foto: Divulgação)

O Brasil está assustado diante dos graves casos de intoxicação por metanol noticiados nos últimos dias. A gastroenterologista Luciane França Ramos, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh) explica o que é o metanol, como se dá a intoxicação, suas consequências e como agir nessas situações.

- Por que o metanol pode ser nocivo ao organismo humano? Quais órgãos essa substância prejudica?
O metanol é um tipo de álcool utilizado pela indústria na fabricação de produtos como solventes, tintas, embalagens plásticas, MDF, compensados, adesivos, aditivos para gasolina, pesticidas, dentre outros. Ele se faz muito útil nesses nichos. O problema surge quando essa substância é usada de forma ilegal, como no caso recente de adulteração de bebidas, que vem ocorrendo em algumas regiões do Brasil, ou através da manipulação incorreta.
Isso porque ao ser ingerido ou inalado o metanol é metabolizado pelo fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias extremamente tóxicas para o organismo humano. Essas substâncias acometem principalmente os olhos (nervo óptico e retina), sistema nervosos central, rins, coração, fígado e pulmões. 

- Quais os sintomas/sinais de alerta para uma possível intoxicação por metanol?
De acordo com o órgão do corpo acometido, vão ser os sintomas encontrados no indivíduo vítima de intoxicação por metanol. Dessa forma, são sintomas comuns: distúrbios visuais, náusea, vômitos, dor abdominal, confusão mental, sonolência, tontura, dor de cabeça e fraqueza muscular. 

Médica explica como agir em caso de intoxicação por metanol
Gastroenterologista Luciane França Ramos, do Hospital Universitário (Foto: Divulgação)


- Como proceder caso a pessoa sinta sintomas associados à intoxicação por metanol?
Neste momento em que há vários casos de contaminação de bebidas destiladas com metanol no Brasil, a ocorrência dos sintomas já mencionados 6 a 24h após ingerir bebida alcoólica destilada, é necessário procurar assistência médica imediata, em pronto atendimento, onde condutas adequadas serão tomadas. Não induzir vômito. Não ingerir água ou leite. Manter o paciente sentado ou deitado de lado. Essas manobras diminuem o risco de aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, já que com frequência esses indivíduos podem evoluir para um estado de sonolência e torpor. Guardar amostra da bebida ingerida para confirmação da presença do metanol também se faz útil.
Existem antídotos que podem ser administrados em ambiente hospitalar, embora nem todos os locais estejam preparados ainda para esse tipo de urgência. Ainda assim suporte clínico avançado é essencial no prognóstico desse paciente. 

- Quais as consequências do consumo de metanol?
Existem consequências que se apresentam agudamente, como a cegueira, coma, insuficiência renal, e falência do sistema circulatório, que podem levar à morte. E, mesmo quando o paciente é atendido de forma rápida e adequada, sequelas podem ser permanentes, como cegueira, déficits de memória e concentração, alterações motoras, déficits de função renal e hepática.
Portanto, a intoxicação por metanol é uma urgência/emergência médica. O socorro deve ser imediato na tentativa de preservar não só a vida do indivíduo como a função dos órgãos acometidos. É relevante dizer que um dos antídotos utilizado no tratamento para esse tipo de intoxicação é importado e a Anvisa vem trabalhando, segundo as últimas informações divulgadas, para agilizar esse processo.

Rede Ebserh - O Humap-UFMS faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
 

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