Estudantes da fronteira Brasil-Paraguai vivenciam diplomacia e liderança

Com o objetivo de desenvolver habilidades como liderança e diplomacia entre estudantes da região fronteiriça, o Campus Ponta Porã do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) realizou, nos dias 3 e 4 de outubro, a primeira edição da Simulação da Organização das Nações Unidas da Fronteira Brasil-Paraguai (FronMUN).

Participaram 50 estudantes de seis escolas da região, além de representantes do IFMS e de uma instituição paraguaia. Os jovens atuaram como delegados e jornalistas, representando diferentes países e discutindo temas variados. A programação incluiu debates em comitês simulados da ONU, oratória e negociações diplomáticas.

O diretor-geral do Campus Ponta Porã, Izidro Lima, destaca que a iniciativa foi planejada e organizada pelos próprios estudantes.

"É muito importante que o IFMS seja inserido nessa região da fronteira, tanto entre as instituições, por meio dos gestores, mas também com essa integração dos estudantes. Isso mostra que o trabalho do campus, de olhar para a internacionalização e pensar nela, faz com que a gente consiga despertar nos estudantes essa vontade neles também", aponta.

Desde 2021, o IFMS conta com uma Política de Internacionalização e promove ações que fortalecem seus objetivos e diretrizes.

A ideia de realizar o evento partiu de Arthur Pereira da Conceição, estudante do curso técnico em Informática, de 17 anos, que participou, em janeiro, do Programa Jovens Embaixadores nos Estados Unidos — iniciativa voltada a jovens com engajamento social.

"Pensei em realizar algo diferente que nunca aconteceu em Ponta Porã e que impactaria os estudantes. Algo que traria a questão da internacionalização para o nosso campus, e reconhecimento para o Instituto Federal", afirma Arthur.

As estudantes Clara Delgado e Cunha e Gabrielly Beatriz Bogado Nogueira colaboraram na organização da 1ª FronMUN, que reuniu cerca de 100 pessoas nos dois dias, entre participantes, organizadores e público interessado nos debates.

Arthur ressalta a importância do acesso ao evento. Segundo ele, simulações da ONU existem no Brasil, mas têm alto custo, incluindo traje, inscrição e transporte.

"Em Mato Grosso do Sul não existem simulações para estudantes do ensino médio. Criamos a FronMUN pensando em democratizar o acesso, de forma gratuita, para estudantes de escolas públicas, principalmente da nossa região de fronteira, que já enfrentam várias questões relacionadas a aspectos financeiros e sociais. Nosso objetivo principal foi esse, termos uma grande representatividade de escolas públicas nesse evento binacional, que envolvesse a região de fronteira e os dois países", explica.

Arthur aponta benefícios para os participantes.

"É um evento que promove o protagonismo estudantil nas falas, nos discursos. Também oportuniza o desenvolvimento de vários tipos de habilidades, como oratória, liderança e diplomacia. Além disso, faz com que os participantes tenham conhecimento sobre relações internacionais, resolução de conflitos e cooperação entre países", destaca.

Como organizador, ele também ressalta ganhos pessoais.

"Tive a oportunidade de exercer a liderança dentro da instituição. Conseguir discursar, apresentar, ter a postura de um diplomata. Várias habilidades foram incorporadas, tanto no âmbito acadêmico quanto no pessoal".

Arthur finaliza: "Aumentou meu desejo de futuro profissional, de querer ser um diplomata. Eu me apaixonei ainda mais pela carreira e pela profissão".