De importador a líder Mundial: o papel da Embrapa na pecuária brasileira

Ao completar 50 anos de história, a Embrapa Gado de Corte celebra não apenas o tempo de atuação, mas principalmente o impacto que suas pesquisas e tecnologias trouxeram ao campo brasileiro. Criada em 1975, em Campo Grande (MS), a unidade se tornou referência mundial em ciência para a pecuária de corte em clima tropical, contribuindo decisivamente para transformar o Brasil em um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo.

O Brasil, que até os anos 1970 era importador de carne bovina, hoje é o maior exportador mundial, abastecendo cerca de 180 países. Mais de 70% da carne produzida no país é consumida internamente, garantindo segurança alimentar à população, enquanto o excedente coloca a pecuária nacional como líder global. Para o chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, Antônio do Nascimento Ferreira Rosa, o Toti, essa transformação só foi possível porque houve proximidade com os produtores rurais.

“50 anos da Embrapa Gado de Corte representam um período em que procuramos estar sempre sintonizados com a cadeia produtiva. A Embrapa distante do produtor rural não tem sentido nenhum. Com a graça de Deus e o empenho dos nossos pesquisadores, conseguimos levar informação, conhecimento e tecnologia que ajudaram o produtor rural a fazer a virada sensacional feita no Brasil. Sair de importador, abastecer o mercado interno e, com apenas 30% do que sobra, ser os maiores exportadores do mundo. Temos muito ainda a fazer, melhorar a sustentabilidade do nosso negócio, a qualidade da carne e atender os mais diversos mercados, mostrando a vocação natural do Brasil em produzir alimentos”, explica o pesquisador.

Ao mesmo tempo, em que celebra conquistas, a Embrapa Gado de Corte já trabalha para enfrentar os desafios das próximas décadas. Toti aponta como prioridade o desenvolvimento de novas variedades de pastagens mais resistentes à seca e às altas temperaturas, atendendo diferentes realidades produtivas no Brasil e no mundo. O país, além de carne, tornou-se também um grande exportador de sementes de forrageiras tropicais, um segmento que cresce em relevância estratégica.

Outro foco está na transferência de tecnologia, garantindo que inovações científicas cheguem de forma efetiva às fazendas. “Temos muito conhecimento estocado que precisa ser levado aos produtores, para que eles se incorporem nessa locomotiva moderna do desenvolvimento da produtividade”, explica o chefe-geral.

A sustentabilidade é outro pilar que guia o futuro da pecuária. Desde 2014, a unidade investe em pesquisas para aliar eficiência produtiva, bem-estar animal e redução das emissões de gases de efeito estufa. O objetivo é mostrar ao mundo que é possível produzir mais, com menor custo e menor impacto ambiental.

Do ponto de vista dos produtores rurais, a Embrapa sempre foi mais do que uma instituição de pesquisa, é parceira na caminhada pela produtividade, qualidade e sustentabilidade da pecuária, é o que pontua o diretor do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho - SRCG, Gustavo Nunes.

“Não há como falar da evolução da pecuária sem reconhecer o papel da Embrapa Gado de Corte. Graças ao trabalho incansável de seus pesquisadores, tecnologias que nasceram aqui em Campo Grande chegaram às fazendas, ajudaram o produtor a produzir mais, a reduzir custos, a respeitar o meio ambiente e a atender as demandas do mercado. Para nós, é motivo de orgulho celebrar 50 anos de uma história que se confunde com a própria evolução da pecuária brasileira”, destaca o produtor rural.

As comemorações pelos 50 anos também tiveram um momento especial no Legislativo estadual. O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, participou da Sessão Solene de outorga da medalha legislativa “Afonso Nogueira Simões Corrêa”, realizada em homenagem ao cinquentenário da Embrapa Gado de Corte. O evento reconheceu a relevância da instituição para o desenvolvimento do setor e reforçou a importância da parceria com os produtores rurais de Mato Grosso do Sul e de todo o Brasil.