Família quer explicações sobre morte de empresário em cela de delegacia

O empresário e arquiteto Antônio Cesar Trombini, de 60 anos, foi encontrado morto em uma cela da  Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac Cepol), situada no Bairro Tiradentes, em Campo Grande (MS) enquanto aguardava para ser apresentado à audiência de custódia, no fim da manhã de sexta-feira, dia 2 de Maio. Ele havia sido preso em flagrante na quinta-feira (1), após se envolver em um acidente de trânsito sob efeito de álcool. 

O corpo de empresário foi sepultado na tarde deste sábado, 3 de Maio, no Jardim das Palmeiras, em clima de grande comoção entre parentes e amigos. Seus familiares estão indignados e querem explicações para o falecimento. Um fato intrigante é que a Certidão de Óbito consta morte por hemorragia craniana cerebral e traumatismo craniano. 

De acordo com as informações, Trombini conduzia uma caminhonete Volkswagen Amarok quando colidiu com um Hyundai Creta. No local, a equipe policial constatou que ele apresentava sinais visíveis de embriaguez, como fala arrastada e hálito alcoólico, o que configurou crime de trânsito e resultou em sua prisão em flagrante. 

Segundo o boletim de ocorrência, Antônio estava consciente e orientando quando recebeu a visita do seu advogado, sendo repassado para ele dois medicamentos para hipertensão, o qual foi achado no bolso do short após o óbito.

O empresário foi encontrado sem vida na cela, após um dos detentos chamar um agente que passava pelo local distribuindo as marmitas. O Corpo de Bombeiros foi acionado e, inicialmente, informou que a morte poderia ter ocorrido por causas naturais. 

No entanto, como a prisão aconteceu após uma colisão, o corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL). O atestado de óbito apontou que a causa da morte foi traumatismo craniano.

O irmão de Antônio, que se apresentou como médico, compareceu à delegacia e solicitou acesso à cela para realizar curativos, mas teve o pedido negado. Ele foi informado de que a entrada de medicamentos só seria autorizada mediante apresentação de receituário médico que comprovasse a necessidade.

Segundo o registro da ocorrência, o acesso foi negado porque o irmão não era o representante legal do detento, que, àquela altura, não apresentava lesões aparentes.

Além disso, Antônio não havia relatado qualquer mal-estar que justificasse o acionamento de atendimento médico dentro da unidade.

Polícia Civil - Em nota distribuída à imprensa, a Polícia Civil lamentou o ocorrido e disse que vai apurar os fatos rigorosamente. Leia abaixo na íntegra:

A Polícia Civil lamenta profundamente confirmar o falecimento de Antônio César Trombini, ocorrido na cela da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário de Campo Grande, unidade CEPOL, na data de 2 de maio de 2025.

A Instituição se solidariza com os familiares e amigos do falecido e manifesta seu profundo pesar diante do ocorrido.

Assim que o fato foi constatado, todas as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, e perícia já realizada no local. A Corregedoria da Polícia Civil procederá a apuração dos fatos, que será conduzida com total rigor, transparência e isenção.

Por respeito à família e em atenção ao devido processo legal, novas informações serão divulgadas tão logo haja avanços confirmados nas apurações dos fatos.

Reafirmamos nosso compromisso com a preservação da vida, o respeito aos direitos humanos e a integridade de todas as pessoas sob custódia do Estado.