Geral
No STF, servidor diz que governo Bolsonaro tentou ligar Lula a facção
Demanda era para investigar volume de votos em áreas ligadas ao CV
Segunda-feira, 14 Julho de 2025 - 14:32 | Agência Brasil

O analista de inteligência Clebson Ferreira de Paula Vieira, lotado no Ministério da Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro, disse nesta segunda-feira (14) ter recebido ordens para compilar dados que pudessem ligar o então candidato à Presidência da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, a facções criminosas.
“Chegou um pedido para tentar ver essa análise de correlação estatística da concentração de votos em territórios do CV [Comando Vermelho] no Rio de Janeiro, para saber se havia correlação, para ver se o candidato à época, Lula, tinha maior concentração de votos em áreas dominadas por facção criminosa”, disse Vieira.
O servidor prestou depoimento como testemunha de acusação, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), em uma das ações penais abertas no Supremo para apurar uma tentativa de golpe de Estado que teria sido colocada em curso por Bolsonaro e aliados.
Clebson Vieira contou que as demandas sobre dados eleitorais começaram a ser feitas em 2022, quando era chefiado pela delegada Marília de Alencar, então diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça. Marília é ré na ação penal.
Em uma das demandas, pediu-se a Vieira que identificasse em quais localidades do país cada candidato havia recebido mais de 75% dos votos no primeiro da eleição presidencial, mas, de acordo com o analista, somente os dados sobre Lula foram de fato considerados pela chefia.
A testemunha confirmou que costumava contar à sua esposa na época, por aplicativo de mensagem, a chegada de demandas com "algum tipo de viés político, referente a tentar ajudar o governo”. Em uma dessas mensagens, ele confirmou ter dito à esposa que ficava “muito mal” com “uma demanda daquelas, diretamente da diretora”.
Ações da PRF - Também foi ouvido nesta segunda-feira Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Conforme já havia declarado em depoimento anterior, Alcântara voltou a confirmar que ocorreram orientações de “policiamento direcionado” durante as eleições de 2022.
Segundo ele, a impressão é que tais ações para a abordagem de vans em ônibus foi intensificada em estados como Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, de onde normalmente partem muitos eleitores para o Nordeste, região onde Lula tradicionalmente concentra maior votação.
“Foram orientações gerais, mas para esses estados [RJ, SP, MG e GO], [onde] a fiscalização foi mais intensificada”, disse Alcântara, repetindo o que já havia dito como testemunha em outra ação penal do golpe.
Depoimentos - As testemunhas de acusação foram ouvidas na ação penal que tem como alvo o Núcleo 2 da trama golpista, aquele apontado pela PGR como tendo sido responsável por ações estratégicas, como o monitoramento de opositores e a elaboração de minutas e dados para subsidiar a tomada de poder.
Fazem parte desse núcleo Filipe Martins (ex-assessor de Assuntos Internacionais do então presidente Jair Bolsonaro); Marcelo Câmara (também ex-assessor de Bolsonaro); Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal); Mário Fernandes (general de Exército); Marília de Alencar (ex-diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça) e Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto de Segurança do Distrito Federal).
Na tarde desta segunda, está sendo novamente ouvido o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista. De manhã, a audiência foi conduzida pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua como auxiliar no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais.
Últimas Notícias
- Nova Alvorada do Sul - 18:30 Advogado morre após bater de frente com carreta na BR-163
- Rio Brilhante - 18:09 Autor de tentativa de homicídio é preso em menos de duas horas
- Dourados - 17:59 Dupla presa por tentativa de homicídio em boate
- 35 anos de ECA - 17:39 MPMS celebra criação do ECA com ações para defesa da infância e adolescência
- 35 anos de ECA - 17:10 Estatuto regulamentou direitos das crianças no Brasil
- Foragido preso - 16:52 Investigado por homicídio em 2024 na capital é preso em Iguatemi
- Política - 16:39 Fazendeiro investigado por matar vizinho é preso após cair em contradições
- Economia - 16:00 Senador de MS convoca debate sobre tarifa de 50% anunciada pelos EUA
- Trânsito - 15:50 Em cidade na fronteira, maioria dos acidentes envolve motoristas sem CNH
- Violência contra a mulher - 15:32 Homem é preso por importunação sexual