Geral
Dia contra homofobia é marcado por série
"Vozes" compartilha histórias de dores e sofrimentos de personagens reais
Segunda-feira, 17 Maio de 2021 - 09:35 | Redação

O editor do "Dois Iguais" — mídia autoral, alternativa, independente e focada na comunicação para o público LGBTQIA+, jornalista Elverson Cardozo, lança a nesta segunda-feira, 17 de Maio, no Dia Internacional contra a Homofobia a série "Vozes". Em áudio, 10 pessoas compartilham as dores de sofrimento que causam o preconceito. O primeiro episódio será publicado ainda hoje, no Instagram do projeto (@doisiguais) às 18h (horário de MS), mas você já pode ouvir os teasers pelo jornal Diário Digital.
Conforme o jornalista, a ideia de criar uma série em áudio partiu da própria experiência como um homem gay, que sempre enfrenta preconceito por conta da voz. "Trabalhar com a dor que eu mesmo conheço me faz elaborar e encarar situações traumáticas de outro jeito, sem estender o sofrimento de forma autodestrutiva, por isso as pautas LGBTs causam tanto apreço", disse o jornalista.
Ainda segundo Elverson, "a partir deste ponto de vista são terapêuticas, porque, ao mesmo tempo que me dedico a elas, eu me curo durante o estudo, pesquisa e na identificação com outras pessoas. Além disso, diante de uma situação flagrante de homofobia, o jornalismo que eu acredito (aquele que combate o preconceito de qualquer natureza, inclusive o de orientação sexual, como preconiza nosso Código de Ética Profissional) convoca o repórter adormecido, sempre presente, a agir, então eu aceito o chamado”.

(Foto: Divulgação)
De acordo com o relato do idealizador do projeto, os personagens que integram a série “Vozes”, a maioria homens gays, surgiram de forma espontânea, a partir de uma pergunta simples no stories do Dois Iguais: “Você já foi vítima de preconceito por conta da sua voz”? A partir daí, os relatos, afirma o jornalista, apareceram de diversos cantos do país. "Como o perfil tem alcance nacional, recebi mensagens de seguidores que moram em outros Estados. Fiz uma triagem, solicitei depoimentos em áudio e depois editei. Foi surpreendente, relata.
Para o jornalista, a temática da série faz também um alerta para o problema, afinal de contas muita gente sofre calado, tem medo de enfrentar e chega a desenvolver pensamentos suicidas. "Inclusive, há participantes que pediram anonimato por medo de represálias e outros que não vão ouvir o próprio relato, porque o tom de voz gera sofrimento, tamanho preconceito enfrentado e, hoje, internalizado. Neste caso, vale lembrar que homofobia é crime e há canais e profissionais especializados neste tipo de denúncia", ressalta.
A iniciativa, segundo o editor do Dois Iguais, tem como objetivo colocar em pauta um assunto importante, pouco falado, neste dia em que, nas redes sociais, o que não falta são frases de efeito contra a homofobia e empresas declarando apoio à causa, mas sem envolvimento real.
“A gente sabe que o Pink Money gera um apelo comercial grande, afinal de contas o público LGBTQIA+ também consome e, aliás, segundo pesquisas, tem alto poder de compra, dependendo da classe social. É natural, infelizmente, que por estratégia de marketing ou posicionamento de marca, muitas companhias e seus gestores sinalizem um apoio, quando, na realidade, não mudam a própria cabeça atrasada e preconceituosa, tampouco a cultura da empresa no que diz respeito ao acolhimento real de pessoas que são vítimas de violência, física ou psicológica e, por isso, morrem todos os dias”, afirma.
Uma morte a cada 36 horas — Morrer todos os dias não é, exatamente, força de expressão. Segundo Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga organização em defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, a cada 36 horas um LGBT brasileiro é vítima de homicídio ou suicídio, o que confirma o país como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. São lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexos e demais variações biológicas de sexo, identidades de gênero e orientações sexuais que, segundo os pesquisadores, “sofrem cotidianamente por fugirem de um padrão socialmente imposto e referenciado a partir da heteronormatividade, binariedade e cisnormatividade”.
No ano passado, 237 mortes violentas foram documentadas pelo GGB por meio do “Observatório de Mortes Violentas da LGBTI+ no Brasil, relatório divulgado anualmente. Na lista de crimes bárbaros cometidos em 2020, predominaram os homicídios (90,71%), suicídio (5,48%) e latrocínio (3,79%). As causas das mortes são variadas: descarga elétrica, tortura, esquartejamento, pauladas, tiros, esfaqueamento, etc. As tipificações mais registradas foram: arma de fogo (42,30%), esfaqueamento (23,07%), espancamento (9,13%), entre outras.
Em um cenário como esse, que inclusive coloca o Brasil como o país que mais mata homossexuais e transsexuais no mundo, falar sobre LGBTfobia e dar voz a quem sofre preconceito diariamente é mais do que necessário. Pode salvar vidas.
“O mundo continua cruel e perigoso com quem não segue um padrão tido como normal, mas não dá para abaixar a cabeça quando nossa presença é apenas tolerada e não respeitada. A má notícia, para os homofóbicos, é que estamos mais cientes de nossos direitos e a resistência se impõe como uma necessidade legítima mesmo. Neste sentido, a série “Vozes” é um grito pela liberdade de ser quem somos. Um grito coletivo, em uníssono, por isso está no plural, mas também um grito meu, sozinho, mesmo que para os ouvidos da hipocrisia a minha voz destoe daqueles que sequer tem a coragem de defender a própria honra”, argumenta o jornalista.
Se você pensa que isso não é um problema ou conhece essa realidade, mas sofre calado, acompanhe, pelo Instagram do projeto os testemunhos fortes, pesados e necessários, que trazem luz ao assunto.
Teaser — Para acessar basta clicas nos links abaixo :
1° Episódio — https://www.instagram.com/reel/COrNEM_lix9/?igshid=130nxndoopb2f
2° Episódio — https://www.instagram.com/reel/CO6shexlrPH/?igshid=1iridwgt785cq
3° Episódio — https://www.instagram.com/reel/CO8jjTKlAPz/?igshid=trm7yc2xc0y6
Dia Internacional contra a Homofobia — Há 31 anos, em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirava a homossexualidade da lista internacional de doenças. Momento histórico para o movimento que hoje conhecemos pela sigla LGBTQIA+. A partir dessa data, a homossexualidade perdeu o antigo sufixo “ismo” - que classificava essa orientação sexual como doença - e, mundialmente, deixou de ser considerada uma patologia.
Até então, vários países ainda tratavam homossexuais como pessoas portadoras de “desvio patológicos mentais”, permitindo a violações da dignidade da pessoa humana, preconceitos e terapias de reversão, como a “cura gay”. É verdade que, ainda hoje, há os que ainda comungam desse pensamento, por isso a luta continua e a data de hoje ficou declarada, na história, como o Dia Internacional de Combate à Homofobia.
Como denunciar ? Em Mato Grosso do Sul, a Subsecretaria de Políticas Públicas LGBT realiza os encaminhamentos necessários para atendimento especializado de vítimas de LGTBfobia de forma a responsabilizar os agressores. O contato pode ser feito pelo telefone (67) 3316-9191 ou no e-mail [email protected].
Você também pode ligar para a Ouvidora Nacional de Direitos Humanos, o Disque 100 - serviço do governo federal, que funciona 24 horas, todos os dias, para prestar informações, orientações e receber denúncias (anônimas ou não).
Pelo site da Polícia Civil de MS também é possível fazer denúncia, acessando a Delegacia Virtual ou no Aplicativo MS Digital, no ícone Segurança. Agora, em situações de urgência e emergência, quando uma agressão estiver acontecendo, a orientação é chamar a polícia pelo 190.
A Defensoria Pública de MS, por meio do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH) também pode atender vítimas de LGBTfobia. Por conta da pandemia, os atendimentos estão sendo realizados de forma on-line pelo site. Se preferir ligar, o telefone é o (67) 3313-4791 ou o Disque Defensoria 129, de abrangência estadual. Outra opção é a Ouvidoria do Ministério Público de MS, que pode ser acionada pelos telefones 127 e 0800-647-1127, além do site.
Sobre o Dois Iguais — Mídia independente e autoral, presente no Instagram, o Dois Iguais é um projeto de comunicação para o público LGBTQIA+, com foco nas histórias de amor e casamentos homoafetivos. Lançado em 2015, o perfil é um espaço de representatividade e acolhimento aos casais e famílias que integram o movimento. O perfil é editado pelo jornalista, mestre em comunicação, Elverson Cardozo, mais conhecido como Elvis, sul-mato-grossense de 32 anos, natural de Campo Grande.
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