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“Morte foi planejada pela internet”, diz polícia sobre homicídio de professor

Quinta-feira, 09 Abril de 2020 - 14:50 | Redação


“Por meio apenas da internet, eles orquestraram e executaram a morte de uma pessoa”. A fala é do delegado Fabiano Arlindo Alves, da Delegacia de Polícia de Aparecida do Taboado (MS), responsável pela investigação do assassinato do professor aposentado Amarildo Rossi, de 57 anos, morto por dois adolescentes de 14 anos com pelo menos 10 facadas. Após desdobramento sobre as investigações, a polícia descobriu que tudo foi planejado por um menor de 15 anos, em um perfil falso na rede social.

Segundo o delegado, depois que o corpo da vítima foi encontrado à beira de uma estrada de terra, próxima a BR 158, na área rural da cidade, na manhã de segunda-feira (6), os dois adolescentes de 14 anos se entregaram a polícia, confessaram o crime e foram apreendidos. “Logo após a apreensão dos menores, nós ouvimos uma testemunha que trouxe elementos de uma terceira pessoa envolvida que seria um mandante. Nós até noticiamos o caso por encerrado na mídia para não atrapalhar as investigações até chegarmos ao suspeito”, explicou o Fabiano.

Uma mensagem no Facebook de um perfil, até então desconhecido, que denunciou a polícia quem seriam os autores do crime também levantou a suspeita dos investigadores. Inicialmente, a informação era de que Amarildo teria sido morto por ordens de um detento do sistema prisional de Mato Grosso do Sul, ligado a uma facção criminosa, e que teria prometido R$ 3 mil aos adolescentes infratores para o assassinato, em razão de uma dívida de tráfico de drogas.

Mesmo depois da apreensão dos menores, ambos negaram que tivessem matado a vítima a mando de alguém. Porém, a investigação policial chegou ao perfil no Facebook utilizado pelo suposto interno do presídio para conversar com os adolescentes e ordenar o assassinato do professor.

“Diante dos novos elementos, na tarde de ontem (8), nós ouvimos os adolescentes novamente e confrontados sobre as divergências, eles confessaram a participação da terceira pessoa”. Ainda conforme o delegado, os meninos acreditavam que com a morte de Amarildo estariam apadrinhados pela facção criminosa e receberiam o dinheiro.

O mandante – O que nem mesmo os adolescentes que confessaram o assassinato sabiam, era que o mandante, na verdade, é um menor de 15 anos.

Na delegacia, o adolescente de 15 anos admitiu que criou um perfil falso na rede social para se passar por um indivíduo que estaria preso. O perfil era utilizado há cerca de dois anos, mas nos últimos 15 dias, teve como objetivo principal cooptar os adolescentes para o homicídio.

 “O adolescente disse que fez isso por medo já que, supostamente, foi ameaçado por Amarildo Rossi, em uma discussão nas redes sociais, em seu perfil verdadeiro”. O motivo das conversas entre a vítima e o menor foi mantido em sigilo pela polícia.

As investigações apontam que apesar dos adolescentes terem fugido com o carro da vítima depois de deixar o corpo no local do crime, a intenção não era roubá-lo. O veículo, foi encontrado abandonado, também na manhã do dia 6 de abril.

O adolescente de 15 anos, tem uma passagem anterior pelo ato infracional análogo a tráfico de drogas, cometido no ano passado. Porém, por determinação da justiça, ele não permaneceu recolhido.

Crueldade do trio – O que chamou atenção da polícia, foi a morte violenta da vítima. Amarildo foi golpeado em regiões vitais, como pescoço, cabeça e peito. Conforme a perícia inicial, no corpo foram encontradas entre 10 e 15 perfurações.

Sobre o adolescente de 15 anos apreendido nesta quarta-feira (8), o delegado explica que a situação serve de alerta aos pais, a respeito do comportamento dos jovens na internet. “ É impressionante, ele criou uma história muito bem arquitetada. Fez o perfil falso, o alimentava com fotos, publicações para não levantar suspeita e interagir com os outros adolescentes”.

As diligências sobre o caso continuam e a Polícia Civil vai verificar os dados dessa conta na rede social. O Ministério Público, foi informado e por ordem do Poder Judiciário, os três adolescentes vão permanecer em internação provisória e, na próxima semana, devem ser encaminhados a uma Unei (Unidade Educacional de Internação) do estado.

O crime – No início da manhã de segunda-feira (6), uma testemunha acionou os policiais e relatou que passava pela estrada quando viu uma grande mancha de sangue e o corpo em meio a uma moita. Equipes de policiais civis e militares foram até o local e identificaram a vítima como Amarildo Rossi.

 Durante as investigações, a polícia não encontrou o carro da vítima, algo que levantou a suspeita inicial de latrocínio – roubo, seguido de morte. Porém, por volta das 10h, o veículo de Amarildo foi localizado.

Minutos depois, dois adolescentes, ambos de 14 anos, foram ao quartel da Polícia Militar e confessaram que foram os autores do assassinato do professor. Na versão inicial, os dois adolescentes disseram que combinaram de encontrar com o professor para usar drogas. Eles teriam indo juntos até o local do homicídio, na noite de domingo, dia 5 de abril, e em determinado momento tiveram uma discussão.

Ainda segundo os adolescentes, o motivo da briga, seria porque Amarildo “tentou algo” com um deles. Para ajudar o amigo, o outro adolescente confessou ter esfaqueado o professor. Em seguida, eles fugiram com o carro da vítima e jogaram as duas facas usadas no assassinato em um matagal.

 

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