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Famílias são despejadas de terreno e reclamam de brutalidade; veja vídeos
Populares relatam que Guarda Civil destruiu barracos e pertences deixando as famílias ao relento
Segunda-feira, 13 Junho de 2022 - 17:13 | Isabela Duarte

Famílias sem moradia foram despejadas de barracos improvisados em terreno baldio no Jardim Los Angeles em Campo Grande, MS. A ação realizada na manhã desta segunda-feira, 13 de Junho, teria sido marcada pela brutalidade, segundo as famílias. Conforme os populares, integrantes da Guarda Civil fizeram uso de gás lacrimogêneo e até ameaçaram uma grávida com arma de fogo.
Líder do grupo, Josinei de Araújo, de 26 anos, já é a segunda vez que são despejados. Na noite de sexta-feira (10), ele e mais 70 famílias com crianças e idosos passaram a fria madrugada aramando os barracos com o pouco que tinham.
"A gente não tem para onde ir, vamos passar a noite no relento. A polícia chegou com arma na nossa cabeça, enterraram todas as nossa coisas e levaram nossos documentos", afirma Josinei, que tenta sustentar ele e a esposa grávida com algumas diárias de pedreiro.

Os relatos do grupo são "chegaram atirando", "trouxeram a patrola e enterraram nossas coisas, nossas ferramentas", "pedimos para pegar nossas coisas e mandaram a gente se virar" e "só estamos com nossa roupa do corpo".
Desalojadas, as famílias estão agora na esquina em frente ao terreno, onde pretendem passar a noite. O advogado da prefeitura já conversou com os populares e tenta agora conseguir uma lona para eles se protegerem do frio.
"A guarda passou agora a tarde de novo e ameaçaram me prender se vissem qualquer um de nós no terreno", conta Josinei.
Todos afirmam que já tentaram conseguir moradias gratuitas de diversas iniciativas públicas, como as casas da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (AMHASF). Uma das moradoras está há 20 anos no cadastro e ainda não conseguiu ajuda.

A esposa de Josinei, Welica Vitória Perez, de 18 anos, está no quarto mês de gravidez e foi acordada pelos policiais com a arma no rosto.
"Fui tentar pegar minhas coisas, colocaram a arma na minha cabeça, perdi até as coisas que tinha ganhado para o meu filho. Eu mostrei a carteirinha de gestante para eles e me xingaram, hoje eu não tenho onde dormir", relata Welica.
O mesmo ocorreu com Cláudia de Araújo, de 49 anos. Segundo ela, a polícia jogou bomba de gás lacrimogêneo em sua moradia e não a deixou pegar pertence algum.
Já Ana Carolina Nogueira, de 21 anos, tem cinco filhos e um bebê de quatro meses, afirma que tinha comprado um material para construir uma casa e foi tudo levado embora.

Necessidade - Quem tem familiar morando por perto conseguiu alguma ajuda para o dia, um lugar para tomar banho e comer. O grupo afirma que muitos tiveram que sair do local por estarem passando mal após a chegada da polícia.
As crianças conseguiram comer e passar o dia na casa da mãe de um pastor que mora com o grupo.
Quem desejar fazer alguma doação de roupa, cobertores ou alimentos para a população pode entrar em contato no telefone 98218-6353 e falar com Josinei.
Prefeitura - Em nota, a prefeitura afirmou que "não se trata de despejo e sim da retirada de invasores que estão cometendo um ato infracional".
Assim, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) informou que se trata de uma área pública e, de acordo com o Código de Polícia Administrativa – Lei n. 2909.
A nota declara "invasão de área pública trata-se de ato infracional, Artigo 5º, § 2º 'Verificada a invasão de logradouro público, o Executivo Municipal promoverá as medidas Judiciais cabíveis para pôr fim a mesma', desta forma, constatada a ocupação indevida da área pública, por meio de invasão, são tomadas as providências para a retirada dos invasores".
Nenhum parecer foi dado a respeito da violência policial contra os populares. Veja vídeos do momento da retirada:
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