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Comércio sente o impacto com as fronteiras fechadas

A fronteira de Bolívia e Corumbá já estão fechadas há três dias

Quarta-feira, 10 Novembro de 2021 - 18:53 | Marina Romualdo


Comércio sente o impacto com as fronteiras fechadas
(Foto: Reprodução/Diário Corumbaense)

Há três dias, a fronteira da Bolívia com Corumbá (MS) está fechada. No entanto, o comércio já começa sentir o impacto. Nos últimos meses, a cidade mantinha intensa movimentação de consumidores bolivianos, viu as vendas caírem desde o início do bloqueio.

Conforme o Diário Corumbaense, o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACIC), André de Arruda Campos relatou que esse impacto pode variar, dependendo do setor.

“A gente teve impacto muito grande, acima do esperado. Impacta em 30% a 70% dependendo do ramo de negócio. Mas, quem sente mesmo a ausência dos bolivianos são os setores de hotelaria, restaurante e o comércio varejista (lojas da região central). Com isso, essa engrenagem acaba respingando em todo o comércio, pois eles consomem de tudo”, discorreu André.

Ainda de acordo com ele, isso se deve ao poder de compra dos “hermanos”, como são chamados os bolivianos. Com o dólar alto e o real desvalorizado, compensa atravessar a fronteira para comprar em Corumbá. “O poder de moeda deles é de quase R$ 6,00, eles têm um poder de compra muito grande que varia desde alimentos, calçados, entre outros. Impacta o comércio de forma geral”.

Para o gerente de uma loja que fica localizada na rua Quinze de Novembro, Solon Carlos da Silva mencionou que com o fechamento da fronteira é possível dizeer que a queda nas vendas é 'assustadora', nestes últimos três dias.

“O poder de compra do boliviano é muito grande. A presença deles aqui corresponde a percentual acima dos 50% das vendas da nossa loja. Hoje, dependemos mais dos bolivianos, pela moeda deles, não desmerecendo os nossos clientes de Corumbá. Mas, digo isso pelo poder de compra deles”, explicou Solon.

O gerente ainda contou que ao saber que a fronteira fecharia na segunda-feira, abriu a loja no domingo. “Abrimos e o movimento, foi muito bom. Eles vieram fazer suas compras não só aqui, como em outros locais”, completou Solon, calculando que nesses três dias, a queda nas vendas pode atingir os 60%.

Entenda – Desde a zero hora desta segunda-feira, 08 de novembro, a fronteira da Bolívia com Corumbá está fechada para o tráfego de veículos. Apenas é permitido que pessoas cruzem a pé ponte que delimita o território entre os dois países.

Os manifestantes fecharam o tráfego, do lado boliviano, pouco acima do Posto Fronteirizo, impedindo a passagem de veículos. O "Paro" é uma manifestação nacional e por tempo indeterminado.

Durante o fechamento da fronteira, houve confusão entre apoiadores e não apoiadores do bloqueio. A Polícia Nacional da Bolívia teve que intervir e controlou a situação, conforme informou, o coronel Franklin Villazon, comandante da Polícia Boliviana, em Puerto Quijarro.

Além da fronteira com Corumbá, existem outros pontos de bloqueios em cidades bolivianas e na estrada bioceânica, que liga o país andino ao Brasil.

“A fronteira permanecerá fechada até que o governo revogue a Lei N° 1386”, afirmou Antonio Chávez Mercado, presidente Comité Cívico Arroyo Concepción a este Diário.

A lei permite ao governo investigar o patrimônio de qualquer cidadão sem ordem judicial e levou a comissão multissetorial a convocar a greve nacional em repúdio a Lei de Estratégia Nacional de Combate à Legitimização do Lucro Ilícito e Financiamento do Terrorismo e outras, como Lei do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social. aprovadas sem consenso ou socialização pelo Movimento ao Socialismo (MAS) na Assembleia Legislativa Plurinacional (ALP), em Santa Cruz de La Sierra.

“Temos um compromisso com a população boliviana, nos unimos a esta greve pela liberdade e justiça do povo boliviano”, disse Rómulo Calvo, que é presidente do Comitê Cívico pró Santa Cruz. Assegurou que será uma medida de pressão "pacífica" e advertiu o presidente Luis Arce que não permita confronto com a população. “Se houver luto, morte e sangue nesta greve, você (Luis Arce) será o responsável, está configurando um genocídio, é isso que os bolivianos têm que ver”, acrescentou.

Os pontos de bloqueios

Conforme o jornal El Deber, a Polícia Boliviana informou 86 pontos de bloqueio na cidade de Santa Cruz, com a mobilização de cerca de 2.000 pessoas; no resto do país a situação seria normal, segundo o comandante Jhonny Aguilera.

“Patrulhas foram mobilizadas para evitar contingências, cerca de 30 pessoas bloquearam também em Suticollo (Cochabamba), mas no resto do país, há normalidade”, disse o autoridade.

Ele ainda mencionou que da mesma forma, em Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, existem três pontos de bloqueios, que estão sendo levantados para restabelecer a passagem de veículos motorizados e um dispositivo especial de segurança também está sendo executado em La Paz, onde organizações vinculadas ao Governo vão comemorar o primeiro ano da presidência de Luis Arce.

(Com informações Diário Corumbaense)

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