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Brasil registra déficit de US$ 4,7 bilhões nas contas externas em agosto

Levantamento aponta aumento no déficit e impactos na balança de pagamentos

Domingo, 28 Setembro de 2025 - 11:53 | Redação


Brasil registra déficit de US$ 4,7 bilhões nas contas externas em agosto
No acumulado de 2025, o déficit é de US$ 46,8 bilhões, o maior para o período de janeiro a agosto desde 2015 (US$ 51,6 bilhões). (Foto: Rafa Neddermeyer|Agência Brasil).

Em agosto, as contas externas do Brasil registraram déficit de US$ 4,7 bilhões. Apesar do resultado negativo, houve melhora em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o saldo foi de -US$ 7,2 bilhões.

Os dados constam no boletim Estatísticas do Setor Externo, divulgado nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC), em Brasília. No acumulado dos últimos 12 meses até agosto, o déficit chegou a US$ 76,2 bilhões, equivalente a 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB). Em julho, o indicador estava em US$ 78,7 bilhões (3,66% do PIB). No mesmo período de 2024, o déficit somava US$ 43,6 bilhões (1,95% do PIB).

No acumulado de 2025, o déficit é de US$ 46,8 bilhões, o maior para o período de janeiro a agosto desde 2015 (US$ 51,6 bilhões).

Entendendo as contas externas

As contas externas medem a relação econômica do Brasil com outros países e incluem indicadores como:

  • Balança comercial: diferença entre exportações e importações;
  • Balança de serviços: gastos com transporte, viagens, seguros, aluguel de equipamentos, propriedade intelectual e telecomunicações;
  • Renda primária: pagamentos de salários, remessa de juros, lucros e dividendos;
  • Renda secundária: transferências entre pessoas.
  • Déficit significa que o país envia mais recursos para o exterior do que recebe, o que, a longo prazo, pode pressionar a moeda nacional e aumentar a necessidade de endividamento externo.

Balança comercial e tarifaço

O déficit menor em agosto em comparação ao ano anterior foi influenciado pela balança comercial e pela balança de serviços. Em agosto de 2025, a balança comercial teve saldo positivo de US$ 5,5 bilhões, resultado do crescimento das exportações (US$ 30 bilhões, alta de 3,8%) e da redução das importações (US$ 24,5 bilhões, queda de 2,6%). Em agosto de 2024, o saldo foi de US$ 3,7 bilhões.

Agosto marcou o início do efeito do “tarifaço” americano, com taxas de até 50% sobre determinados produtos exportados pelo Brasil. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, o aumento nas exportações mesmo com as tarifas reflete a busca por novos mercados, como China e Argentina. “É um aspecto interessante a ser acompanhado. Podemos ter novos mercados”, afirmou Rocha.

Outros indicadores

A balança de serviços apresentou déficit de US$ 4,2 bilhões em agosto, redução de 20,3% frente ao mesmo mês de 2024.

O déficit em renda primária foi de US$ 6,3 bilhões, alta de 6,4% em relação ao ano anterior. A conta de renda secundária fechou com saldo positivo de US$ 397 milhões.

Alta no déficit acumulado

O déficit em conta corrente nos oito primeiros meses de 2025 atingiu US$ 46,8 bilhões, acima dos US$ 36,7 bilhões registrados em igual período de 2024. Segundo Fernando Rocha, essa piora se deve à redução do superávit comercial, que caiu de US$ 48 bilhões para US$ 37,5 bilhões no período. “Esse comportamento resulta da estabilidade das exportações (+0,3%) e do aumento das importações (+6,1%)”, explicou.

Investimentos estrangeiros e reservas

Os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 8 bilhões em agosto, valor próximo ao registrado em igual mês de 2024. No acumulado de 12 meses, o saldo foi de US$ 69 bilhões (3,18% do PIB), contra US$ 71,2 bilhões em agosto de 2024. As reservas internacionais alcançaram US$ 350,8 bilhões em agosto, expansão de US$ 5,7 bilhões em relação a julho, atingindo o maior nível desde novembro de 2024 (US$ 363 bilhões). Segundo o Banco Central, as reservas funcionam como um “colchão de segurança” para enfrentar obrigações no exterior e choques externos, como saídas abruptas ou interrupções na entrada de dólares.
 

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