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Manoel Afonso

Manoel Afonso é um dos principais colunistas políticos de Mato Grosso do Sul. Também é advogado, mas há mais de 20 anos dedica-se exclusivamente ao jornalismo.

Quem vence na política? A razão ou a ousadia?, por Manoel Afonso

'As eleições lembram carnaval. No início o desânimo parece tomar conta. Mas depois vem o som das marchinhas e a mágica das fantasias'

Sexta-feira, 08 Agosto de 2025 - 14:36


Quem vence na política? A razão ou a ousadia?, por Manoel Afonso
(Foto: Luiz Alberto/DD)

‘INTOCÁVEIS?:  Para um leitor atento a crise chegou ao MS. Lembra que dos R$ 3,35 bilhões, (13% do orçamento), vai para os poderes e órgãos oficiais. Diz que no país é tradição poupar os ‘príncipes’ dos poderes de sacrifícios financeiros por razões óbvias. Sorte dos ‘imortais’, azar dos pobres mortais.

LEI DO FACÃO:  A verdade é que a recente medida do Governo Estadual para cortar gastos não deixa de ser mais uma pimenta malagueta no cardápio eleitoral. Cada qual com sua ótica de análise, alguns criticando, outros elogiando. Tudo vai depender naturalmente dos interesses de cada um com base na famosa ‘Lei de Gerson’.

CONVENHAMOS: Daqui pra frente, qualquer fato envolvendo o poder público terá seus viés político. Neste contexto estão: as declarações dos deputados Vander, João Henrique, Pedro Kemp, do advogado Fabio Trad, a reunião do PT para deixar o Governo, as manifestações pró anistia e a postura do deputado Pollon.

É O CLIMA!  As eleições lembram carnaval. No início o desânimo parece tomar conta. Mas depois vem o som das marchinhas e a mágica das fantasias. Na política é a mesma coisa. Tudo começa com as manifestações diversas, declarações centradas, descabidas e provocações. Isso inflama o ambiente, fornece combustível para oposição e situação.

SIM OU NÃO? No saguão da Assembleia corre a pergunta: O PT vai mesmo apear do governo, dispensar os benefícios dos felizes companheiros que engordaram e em suas repartições estaduais? Sabe-se que o PT é disciplinado em termos de reuniões e não será desta vez que deixará de fazê-la. Romper com o Governo seria um ato emblemático.

PROVOCAÇÕES: Ouço essas colocações há tempos: ‘se não tiver grupo político para lhe dar retaguarda, experiência e dinheiro, nem adianta se meter na política’. Mas aí aflora a vaidade combinada às vezes com a loucura – eternizada pelo sociólogo Aruano Suassuna na frase “Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado”.

REGRESSÃO? As imagens na mídia com parlamentares colhidas recentemente no Congresso Nacional leva-nos a questionar sobre nossa ‘evolução política’.  Seria o caso  até de comparar essas fotos com uma outra imagem da época da Constituinte, onde aparecem Serra, Lula, FHC e Covas num debate saudável também lá no Congresso.

CAUTELA: É o que não tem faltado nas declarações opinativas de deputados sobre as relações futuras no PL entre o grupo liderado pelo ex-governador Reinaldo e o grupo considerado ‘raiz’.  Mas o deputado Coronel David –  bolsonarista moderado e bem próximo do ex-presidente,  acredita na boa convivência e no êxito do projeto.

OUSADIA?  Gosto de políticos ousados. Fernando Pessoa pregava: ‘Ousar é preciso”. A iniciativa do governador Riedel em peregrinar pela Ásia como propagandista já é vista nos círculos diplomáticos como uma iniciativa impar que pode render frutos para o estado. A globalização das relações é hoje uma realidade irreversível.

PREOCUPA?  Os eventuais rumos da política nacional, poderão sim influenciar em alguns estados, inclusive no nosso.  Lá atrás, o MDB (de Sarney) fez a festa de norte a sul, inclusive com Marcelo Miranda no Mato Grosso do Sul.  Pesquisas mostram que mesmo aqui, a influência do Palácio do Planalto é visível, beneficiado também pelas incoerências e inabilidades de seus opositores. Portanto…

ALERTA: prenúncio de algo ruim, a vaia – ao contrário do aplauso fácil, (que pode ser cínico e falso) – quando ela é espontânea, é reveladora e emblemática. O episódio  onde a senadora Soraya Thronicke, vaiada pelo público no show do ‘Roupa Nova’ em Campo Grande, mostra a conexão entre a manifestação popular e o desgaste da senadora.

IMAGEM: O histórico da trajetória política da senadora Soraya é diminuto, muito exposto e que dispensa assim relatos. O fato é que seu desempenho é ruim em todas pesquisas, não desfrutando de prestígio nos círculos políticos, causando inclusive certo desconforto nas articulações partidárias para o pleito de 2026 no MS.

LEMBRANDO: É preciso ver as vaias populares como forma do direito à livre manifestação do pensamento. Foi assim em 2007 com Lula vaiado na abertura dos Jogos Panamericanos; em 2014 com Dilma na abertura da Copa de Futebol e  Temer naquela abertura das Olimpíadas. Cada uma das vaias com seu peso eleitoral.

AGORA VAI!  O STF decidiu pela viabilidade da federação partidária para atuar como uma única sigla registrada até 6 meses antes das eleições. Uma derrota da ação proposta  pelo PTB (atual PRD  do ex-senador Delcídio). Portanto ainda temos tempo para articulações e consultas entre os dirigentes partidários mirando o pleito de 2026.

ENTENDA: Os partidos podem se unirem para disputar uma eleição por meio de uma coligação ou de uma federação. Enquanto a coligação só vale para o período eleitoral, a federação tem a duração mínima de 4 anos. Outro ponto: a federação tem abrangência nacional, a coligação pode ser apenas regional, parceiros num Estado e adversários noutro.

DETALHES:  É proibido que partidos coligados para a eleição de um governador façam uma coligação diferente para o Senado. Mas os partidos coligados na eleição ao governo, poderão lançar candidaturas isoladas ao Senado. E mais: não há obrigação de vinculação das chamadas coligações no contexto nacional, estadual e municipal (leia-se verticalização)

SEM CENSURA: Conhecida pela sua posição nas mais diferentes situações da política   brasileira, a Folha de São Paulo sempre defendeu a democracia. Em recente editorial – criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes ao mandar prender o ex-presidente Bolsonaro por tem se manifestado. A corajosa iniciativa editorial obteve enorme repercussão.  “A liberdade de expressão é direito que não abandona nem quem cumpre pena…” lembra o editorial.

ALCKMIN: ‘Mineiramente’ ganha preciosos espaços neste episódio do tarifaço ao cumprir missões à mando de Lula. Com as bênçãos presidenciais vai rompendo resistências no PT e ainda atraindo simpatia e apoio de determinados setores da política  moderada Um ‘reserva de outro’ – pode ser candidato a vice, senado e até substituir o titular.

OUTRO LADO: Será que a oposição ao Planalto vai se comportar sabiamente unida nas composições partidárias para definir candidaturas nos estados, ao Senado, e também na chapa majoritária para a Presidência da República? E qual será a participação dos filhos e esposa do ex-presidente no contexto eleitoral? Tentarão manter a exclusividade de mando ou serão apenas coadjuvantes? Complicado.

PILULAS DIGITAIS:

Primeiro comer: moral, vem depois. (Bertoldo Brecht

E se o mundo for o inferno de outro planeta? (Aldous Huxley)

Tenho uma memória fantástica para esquecer. (Robert L. Stevenson)

Não há loteria que acabe com a pobreza de espírito. (Millôr)

O humor é a grande expressão, o melhor canal para dar notícia da vida, da nossa tragédia interior e exterior. (Otto L. Resende)

Uma das poucas vantagens de ser pobre é a de que sai mais em conta. (internet)

Pode ser perigoso ser inimigo da América, mas ser amigo da América é fatal. (Henry Kissinger)

Muita gente que não tolera Bolsonaro também não engole Moraes. (Joel P. Fonseca)

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