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Polícia

'Estamos tendo muitos registros de cárcere privado', diz delegada que atendeu o caso de violência doméstica no Pantanal

A titular da DAM de Corumbá orienta as vítimas procurarem ajuda nas delegacias ou canais de disque denúncias

Sexta-feira, 16 Fevereiro de 2024 - 15:50 | Marina Romualdo


'Estamos tendo muitos registros de cárcere privado', diz delegada que atendeu o caso de violência doméstica no Pantanal
Imagens do vídeo em que a vítima está sendo agredida pelo suspeito (Foto: Reprodução)

Eliezer Rodrigues de Brito, de 34 anos, foi filmado espancando a companheira de 28 anos em uma fazenda que fica localizada em uma região de difícil acesso no Pantanal, no município de Corumbá. Após as cenas de agressões, o suspeito morreu na em um confronto com a polícia durante uma ação para resgatar a vítima que estava em cárcere privado.

Durante a entrevista com a delegada da Delegacia da Mulher (DAM) em Corumbá, Camilla Gerarde Borges expôs algumas orientações para as mulheres que são vítimas de violência doméstica e alertou que são muito importantes. "Procurar assim que possível uma delegacia de polícia, delegacia da mulher, se não for possível ir à delegacia, procurar canais de disque denúncia como o disque 100, 190, 180 ou pedir ajuda para os familiares caso esteja impossibilitada de acessar esses canais. Além disso, pedir auxílio para os vizinhos, amigos para poderem entrar em contato com a gente e passar as informações do local da vítima".

"Atualmente, estamos tendo muitos registros de cárcere privado. No qual, as vítimas conhecem os autores pela internet, que hoje é em dia é muito comum conhecer as pessoas pela internet e não só para relacionamento, mas também para amizades, serviços profissionais. Mas, é muito importante enumerar em que relação em tentar fazer uma pesquisa antes da vida da pessoa e outros tipos de cuidados para evitar esses tipos de crimes como foi o que ocorreu", finalizou a delegada.

A ex-acadêmica de enfermagem, de 28 anos, que preferiu não se identificar, conversou com a reportagem do Diário Digital e falou que as agressões tiveram início quando ela estava grávida de três meses do filho do casal. "Ele me conheceu quando ainda era influencer digital e estudava. Ficamos namorando por seis meses e depois fomos morar juntos, inclusive, com outras duas minhas filhas que tenho de outro relacionamento".

"Ele bebia muito, porém, as agressões tiveram início no momento em que fiquei grávida do nosso filho, que atualmente tem 4 meses. Lembro que quando estava grávida, ele me agrediu por estar com ciúmes. Eu fazia postagem nas minhas redes sociais e ele não gostava. Acredito que ele se sentiu ter um poder sobre mim por conta da gravidez".

De acordo com a vítima, eles ficaram juntos por 2 anos e depois de muitas brigas, ela registrou um boletim de ocorrência contra Eliezer e pediu medidas protetivas. Porém, com medo, resolveu voltar e dar chances para o companheiro. "Essa é a segunda fazenda que ele administra e pelo fato de que ele ficaria por muito tempo longe, peguei as crianças e fui passar um período no Pantanal. Cheguei no dia 2 de fevereiro e desde então fiquei em cárcere e sendo agredida. Ele desligava a internet para não conseguir conversar com ninguém e ainda xingava minhas filhas de "demônios".

"Foi difícil pedir ajuda para sair daquele local, pois, todos vinham as agressões, mas ninguém fazia nada. E, graças a Deus, um colega dele da fazenda o distraiu para eu conseguir gravar o vídeo, mandar para os meus familiares e, foi quando as equipes da Polícia Civil juntamente com a Polícia Militar foram acionadas. Durante a ação, os policiais encontraram Eliezer em frente a porteira da fazenda e resistia à prisão e, em um certo momento, tentou atingir um agente com uma faca que estava em suas costas e foi baleado.

Neste momento, ele foi socorrido, mas não foi resistiu aos ferimentos e morreu no local. Já na residência, a vítima foi encontrada com as suas filhas e um bebê de 4 anos em um quarto que quando avistaram os policiais, expressaram uma gratidão pela presença da polícia e relataram que estavam sofrendo diversos tipos de agressões por parte do autor. Em seguida, foi feito uma varredura e foram localizadas duas cápsulas deflagradas de diferentes calibres, um rádio comunicador, aparelho celular e chaves de vários cômodos da fazenda que somente o suspeito tinha acesso.

O caso foi registrado como sequestro e cárcere privado, ameaça, posse ou posse irregular de arma de fogo, desobediência, lesão corporal dolosa, maus-tratos. Após o resgate, as vítimas conseguiram chegar em Campo Grande após exames médicos e elas ainda seguem fazendo tratamento psicológico para conseguir passar por esse momento frágil.

O caso – Eliezer Rodrigues de Brito, que foi filmado espancando a esposa de 28 anos, morreu na noite de sábado (10) durante o confronto com a polícia durante o resgate da vítima no Pantanal, no município de Corumbá. O vídeo da agressão circula nas redes sociais.

Nas imagens, a vítima aparece caída ao solo e o homem a segurando contra o chão. E, todas essas agressões ocorreram na frente das filhas. Os familiares receberam o pedido de ajuda da vítima no sábado (10), pois, ela estava em uma fazenda de difícil acesso.

Em outro vídeo, ela aparece dizendo que se caso acontecer alguma coisa com ela e as filhas, quem seria o ocupado era o companheiro. No entanto, durante à noite, foi feito o seu resgate e o agressor acabou morrendo.

Na data, ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O corpo do Eliezer chegou no domingo (11) em Corumbá e havia sido levado para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL).

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