Aparecimento de animais silvestres alerta para criação e captura

Com a aparição frequente de animais silvestres em área urbana, a dúvida de como proceder reaparece, e a Polícia Militar Ambiental orienta que a população entre em contato com a instituição para a captura.

Geralmente, os animais aparecem nas ruas, dentro de residências ou em comércios buscando por alimento para si ou para filhotes. Ainda, quando o animal aparentar estar machucado, precisando de atendimento especializado, oferecendo riscos às pessoas, é necessário o chamado da equipe da PMA para captura.

Um caso chamou a atenção por funcionárias de um salão de beleza no centro de Campo Grande, quando a encarregada da limpeza encontrou um gambá dentro de um balde, sem ferimentos, porém, não saia do local em que estava preso, não sendo indicado a remoção por conta própria. Sem saber quem procurar, procuraram o Corpo de Bombeiros que indicaram a Polícia Militar Ambiental para remoção. 

“Ele deve ter chegado de noite e não conseguiu sair. Como é algo diferente as meninas se assustaram, a moça quase passou mal. Então ligamos primeiro para os bombeiros e eles nos informaram que deveríamos entrar em contato com a PMA. Fizemos a foto do animal, mandamos e depois a equipe veio fazer a captura. Agora já sabemos como funciona o procedimento, caso aconteça novamente”, relata Leonardo Martinez, cabeleireiro do salão.

O caso foi coordenado pelo sargento da Polícia Militar Ambiental, Wagner da Silva Azevedo, que recomenda ligar para a PMA e não mexer no animal.

"Após pegar as informações, definimos como vamos proceder. Neste caso específico viemos buscar o gambá porque estava preso, em um ambiente comercial cheio, as pessoas se assustam e têm medo de ataque. Nós vamos fazer a reintrodução ao seu habitat. Eles (gambás) tem hábitos noturnos, saem atrás de comida a noite. Não são agressivos, mas se alguém quiser pegar ele, pode morder por um instinto de defesa”, pontua Azevedo.

Caso o animal esteja ferido, a PMA encaminha o animal até o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) para o tratamento necessário. A captura muitas vezes não é a melhor alternativa pois pode ferir o animal, sendo melhor deixá-lo seguir pela cidade.

Segundo dados reunidos de Janeiro até 30 de Junho, a PMA atendeu 1.513 ocorrências envolvendo a fauna silvestre na Bacia do Paraguai. Do total, 277 animais estavam saudáveis e 158 apresentavam ferimentos. Aves lideram os resgates, representado 53% dos atendimentos. Campo Grande registrou 559 ocorrências, com 176 animais resgatados em boas condições e 131 feridos. As aves foram maioria, correspondendo a 59% dos casos, seguidas por mamíferos (24%) e répteis (17%). Segundo a PMA, em cerca de 20% dos casos, os animais não precisaram de captura.

Animal silvestre não é PET

A PMA esclarece que os animais silvestre não podem ser tratados como PET, mesmo que ao encontrá-los nas ruas, as pessoas querem ajudar, pegar ou dar carinho. Entretanto, é proibido, inclusive sendo considerado crime alimentá-los.

O aparecimento dos animais silvestres é comum perto de reservas florestais, rios e córregos, sendo que em área urbana, os animais se adaptam, como o caso de capivaras, quatis e gambás.

Caso tenha residência próximo aos locais apontados, é recomendado evitar deixar rações espalhadas ou comida no quintal, que atraem estes animais. Isso evita o contato com gatos ou cachorros, que pode ocorrem incidentes e confrontos.

Cada caso é avaliado se a captura é necessária, sendo que também existem períodos sazonais, como a reprodução de aves a partir de setembro, em que os filhotes se machucam quando aprendem a voar, sendo desnecessário intervir no processo.

Casos inusitados

Em Campo Grande, no mês de Abril, foi encontrado um filhote de sucuri embaixo de um veículo, no Bairro Parque Novo Século. Com cerca de 50 centímetros, que estava no filtro de ar do carro. Ao retornar de uma chácara na área rural, o dono do veículo acredita que o animal "pegou carona" para a cidade. A cobra foi resgatada sem ferimentos.

Outro caso curioso ocorreu em uma loja de utilidades, na Avenida Costa e Silva, com a captura de uma filhote de cascavel, de 80 centímetros, encontrada dentro do local, assustando funcionários e clientes.

Uma jiboia de dois metros também apareceu, no Residencial Búzios, escondida em um quintal entre as folhagens, sendo resgatada com segurança.

No caso de animais silvestres em locais de difícil acesso como em telhados, forros de imóveis ou comércio, os policiais ambientais estarão no local, com o equipamento para captura, porém, sem responsabilidade pelo destelhamento, abertura de forro, ou ações dessa natureza. O dono do local terá que contratar profissionais para o procedimento.

Em caso de animal silvestre morto, o contato não é com a PMA, no caso de Campo Grande, é indicado acionar a Solurb. No interior, cada município indicará o serviço específico para este tipo de ocorrência.

O contato para acionar a Polícia Militar Ambiental é o (67) 9 9984-5013.