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Sem pagamentos, produtores do Guariroba alertam para risco ambiental
Associação cobra políticas duradouras para garantir a segurança hídrica de Campo Grande
Sábado, 09 Agosto de 2025 - 07:00 | Redação

A Bacia do Guariroba, responsável por abastecer quase 50% da população de Campo Grande (MS) com água potável, está em alerta. Os repasses do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que remuneravam produtores rurais por práticas de conservação, foram interrompidos no início de 2025, gerando frustração, prejuízos financeiros e insegurança quanto à continuidade das ações de preservação.
Desde 2013, quando os primeiros contratos foram firmados dentro do Programa Manancial Vivo, 25 propriedades passaram a adotar medidas como a recuperação de nascentes, cercamento de áreas sensíveis e plantio de mudas nativas, protegendo o solo e os recursos hídricos da região. A iniciativa foi coordenada localmente pela Associação de Recuperação, Conservação e Preservação da Bacia do Guariroba (ARCP), referência em ações ambientais no estado.
“O produtor rural precisa ser reconhecido como guardião da natureza. Quem cuida da nascente, protege a água e recupera o que foi degradado precisa de incentivo para continuar esse trabalho. O PSA é a forma mais justa de garantir isso”, destaca Claudinei Menezes Pecois, presidente da ARCP.
Com atuação concentrada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Guariroba, a associação já coordenou a recuperação de mais de 114 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), utilizando técnicas como o plantio de mudas e o sistema de muvuca de sementes, que favorece a diversidade ecológica e a resiliência das áreas restauradas.
Apesar dos resultados expressivos, o PSA nunca alcançou todas as 79 propriedades da bacia, devido à limitação de orçamento. A Prefeitura de Campo Grande, responsável local pela execução do programa, priorizou sub-bacias mais críticas, deixando produtores de fora por falta de recursos públicos.

A situação se agravou com o encerramento dos repasses em 2025. Sem a remuneração pelos serviços ambientais prestados, os produtores enfrentam dificuldades para manter práticas de conservação, como o controle da erosão, a reposição de mudas e a manutenção de cercas em APPs.
“O programa acabou por falta de vontade política. E isso traz prejuízos reais para quem está no campo, comprometido com o cuidado ambiental”, lamenta Claudinei.
Além do impacto econômico, a interrupção do PSA coloca em risco a continuidade de ações que contribuem diretamente para a segurança hídrica da capital. Práticas como o plantio de mudas nativas e o manejo sustentável do solo podem ser suspensas, afetando a qualidade da água e o equilíbrio do ecossistema local.
Para garantir a retomada e a ampliação do programa, a ARCP defende a formação de parcerias com empresas que se beneficiam da água da bacia, como a concessionária Águas Guariroba, além do apoio de ONGs nacionais e internacionais.
“É impossível pensar em segurança hídrica para Campo Grande sem cuidar da APA do Guariroba e, principalmente, de quem vive e trabalha dentro dela. Nós estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos de políticas públicas duradouras e mais investimentos”, afirma o presidente da ARCP.
A associação também é uma das fundadoras da Rede de Sementes do Cerrado – Flor do Cerrado, criada em parceria com o Instituto Taquari Vivo (ITV) e o WWF-Brasil, que fomenta a restauração ecológica e gera renda para produtores e coletoras da região.
O recado da ARCP é claro: sem PSA, a preservação corre riscos reais. E sem preservação, é o abastecimento de água que pode sofrer no futuro.
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