Geral
Regionalização da saúde é realidade em MS
Tempo de espera diminui, proporcionando maior conforto aos pacientes que são atendidos mais próximo de casa, contribuindo para a recuperação e no acompanhamento pós-operatório.
Quarta-feira, 02 Julho de 2025 - 11:50 | Redação

O projeto de regionalização da saúde, com atendimento para a população em diferentes municípios de Mato Grosso do Sul vem realizando procedimentos cirúrgicos diversos são realizados em hospitais do interior. Dessa forma, o tempo de espera diminui, proporcionando maior conforto aos pacientes que são atendidos mais próximo de casa, contribuindo para a recuperação e no acompanhamento pós-operatório.
Morador da cidade de Dourados, Ezequias Moreira da Silva, 52 anos, passou por cirurgia de artroplastia total do quadril - procedimento ortopédico que substitui a articulação danificada por prótese - em dezembro do ano passado, pouco mais de um mês depois de ser encaminhado para o hospital do município de Rio Brilhante.
“Meu problema foi causado pela artrose. Foi muito rápido, depois que fui encaminhado para fazer a cirurgia em Rio Brilhante. Deu tudo certo, fui bem atendido. Sofria muito, não conseguia nem andar, mas agora estou em recuperação e fazendo fisioterapia”, afirma Ezequias.
A mesma cirurgia foi realizada em Fevereiro deste ano em Valdemir Rodrigues, 47 anos, que também foi atendido no hospital de Rio Brilhante. Segundo a esposa de Valdemir, Clécia da Silva Braga:
“A gente mora em Ponta Porã, e ele chegou a ser encaminhado para fazer o procedimento em Amambai, mas deu certo de fazer em Rio Brilhante. O atendimento foi excelente, o hospital é pequeno, acolhedor, os médicos e toda a equipe é atenciosa. É desnecessário ir para Campo Grande se mais perto da gente tem hospital bom”, pontua.
O paciente José Claudino de Oliveira, 61 anos, morador de São Gabriel do Oeste, fez cirurgia de retina no hospital de Costa Rica, há duas semanas. Segundo sua esposa, Adriana Aparecida de Oliveira, 55 anos, alega que:
"Ele é diabético, teve um sangramento e por isso foi atendido numa primeira consulta em Costa Rica, onde fizeram uma aplicação. Desde o começo deu tudo certo, apesar de ser mais longe de São Gabriel, a gente percebeu que é um hospital preparado, com menos riscos", comemora.
Ao acompanhar a esposa, Maria José dos Santos, 69 anos, que também passou por cirurgia de retina em Costa Rica, o lavrador Luiz Gonzaga da Silva, 66 anos, comemora a realização do procedimento. “Foram uns 60 dias entre fazer a primeira consulta e a cirurgia. Achei rápido demais e deu tudo certo”, afirma Luiz, morador de Coxim.
Municípios
O secretário de Saúde de Costa Rica, Daniel Rayckson Santos, esclarece que a parceria do município com o Governo do Estado auxiliar na descentralização do atendimento aos pacientes em municípios como Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Com a organização é possível diminuir o tempo de espera do paciente pela cirurgia, que é realizada em aproximadamente 90 dias.
“Costa Rica vem neste caminho da regionalização, com suporte para pacientes de vários municípios. Realizamos diversos atendimentos, especialmente a cirurgia de retina que tinha fila de espera. Conseguimos equipe e aporte de recursos do Estado para fazer os procedimentos oftalmológicos”, disse Santos.
O exames de ressonância e tomografia, realizados na unidade de saúde de Costa Rica, e existe previsão de expandir os serviços oferecidos com exames de endoscopia e colonoscopia.
“É o grande intuito da regionalização do Estado, além da questão da retina, fazemos cirurgias de joelho, quadril, e recebemos pacientes de diversos municípios que estão aguardando há muito tempo e não conseguiram ser atendidos em Campo Grande, por exemplo. Foi um mecanismo criado para desafogar as cidades maiores e fazer a fila de espera andar”, afirmou o secretário.
No município de Rio Brilhante, são oferecidas cirurgias ortopédicas - prótese de quadril, ligamento e menisco -, além da área de urologia, atendendo mais de 700 pacientes de todo o Estado desde 2023. Segundo a secretária de Saúde de Rio Brilhante, Lívia Baungaertner:
“Aliado a programas do Estado, com recursos que contribuem para dar mais qualidade de atendimento aos pacientes, conseguimos investir em equipamentos e infraestrutura física. Nosso município é referência em ortopedia para a região”, explica.
A cidade pretende expandir os atendimentos nas próximas etapas, com realização de cirurgias de amígdalas e adenoide, e no próximo mês deve iniciar o procedimento minimamente invasivo utilizado para tratamento de cálculos urinários (pedras nos rins ou ureteres) - ureterorrenolitotripsia flexível a laser.
“Hoje os serviços são superlotados, nos grandes centros, que não dão mais conta dos atendimentos. Por meio dessa proposta do Governo do Estado regionalizado e descentralizando, é melhor para a população, que fica mais perto de casa e um atendimento de qualidade”, disse a secretária.
São oferecidos diversos tipos de cirurgia para pacientes do Estado, como aponta a secretária de Saúde de Coxim, Fernanda Berigo:
“Procedimentos eletivos de ginecologia, otorrino, cirurgia geral e vascular, além de ortopedia nas áreas de quadril e joelho, e recentemente incluímos ombro e cotovelo. Conseguimos trazer profissionais para fortalecer as ações e limpar a fila”.
Novas subespecialidades foram inseridas na unidade para fortalecer os procedimentos que já ocorriam, dando continuidade da regionalização. “Percebo, que a partir do momento que a regionalização é fortalecida, com especialidades, aumentamos as cirurgias. Os pacientes de outros municípios confiam no nosso serviço. E estamos trabalhando a questão cultural mesmo, com conversas próximas aos familiares, mostrando que aqui em Coxim tem conforto., lotação menor e atendimento de qualidade”, explicou Fernanda.
O município já atendeu pacientes de 43 cidades, como parte do projeto de regionalização, além de ser referência na área de urgência e emergência na região norte do Estado, com oferta de dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
“A regionalização está acontecendo e é um sucesso, por meio da parceria com o Estado, que não nos deixa desassistidos. Oferecemos hemodiálise para 70 pacientes da nossa região. Estamos fortalecendo a atenção primária especializada e ambulatorial, fora do hospital”, disse a secretária de Saúde de Coxim.
Modelo
Novo modelo de regionalização da assistência hospitalar em Mato Grosso do Sul deverá otimizar a capacidade e descentralizar atendimentos dos hospitais regionais, atingindo diretamente a população nos 79 municípios.
Como parte da assistência à saúde, a atenção hospitalar é planejada pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) de maneira a contemplar variadas áreas e necessidades de atendimento para todas as regiões do Estado.
A criação de cinturões de média complexidade em torno das cidades referências em alta complexidade dentro das macrorregiões de saúde de Mato Grosso do Sul, como principais mudanças da regionalização da assistência hospitalar.
“Os hospitais viram uma oportunidade com o novo modelo, a partir do atendimento, procedimentos e cirurgias que não são de alta complexidade. Com o financiamento adequado, essas unidades de saúde deixam de enviar pacientes para os grandes centros, fazendo o atendimento no próprio local. Os hospitais do interior têm qualidade e agora estão conseguindo contribuir para reduzir o número de pacientes que guardam atendimento”, disse o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões.
Os hospitais de referência das macrorregiões estão em Campo Grande (Região Central), Dourados (Cone Sul) e Três Lagoas (Costa Leste). O conceito visa garantir que esses hospitais de referência se concentrem nos atendimentos de alta complexidade, enquanto cidades vizinhas assumem os atendimentos de média complexidade, evitando sobrecarga e proporcionando assistência mais próxima ao paciente.
No processo de implantação desse modelo, o Governo do Estado tem atuado com uma série de ações que incluem renovação de contratos, projetos de capacitação e investimentos em infraestrutura. Os investimentos, realizados desde 2023 até agora, para colocar a operação em prática, já somam de mais de R$ 1,8 bilhão, que incluem obras executadas pelo Estado e por meio de convênios com os municípios, aquisição de equipamentos e veículos, incentivo hospitalar, MS Saúde e repasses aos municípios.
Para o atendimento de alta complexidade, as cidades de referência continuam sendo Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Já as cidades menores ao redor formam um "cinturão" ao assumirem a média complexidade, garantindo que procedimentos menos complexos sejam resolvidos mais próximos das residências dos pacientes. O modelo reduz deslocamentos desnecessários e melhora a eficiência do sistema de saúde.
Todo o planejamento foi apresentado aos deputados estaduais durante uma reunião de trabalho, no dia 4 de junho, com o governador Eduardo Riedel, além de Simões e da secretária especial de Parcerias Estratégicas, Eliane Detoni.
Na prática, na macrorregião Costa Leste, a cidade Três Lagoas recebe casos de alta complexidade, enquanto outras cidades como Bataguassu, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Costa Rica, Cassilândia e Chapadão do Sul absorvem a média complexidade. Na macrorregião Central, Campo Grande atende alta complexidade, enquanto municípios como Aquidauana, Coxim, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Maracaju, Bela Vista e Jardim assumem a média complexidade. Já na macrorregião Cone Sul, Dourados é referência para alta complexidade, enquanto cidades como Ponta Porã, Naviraí, Nova Andradina, Rio Brilhante e Fátima do Sul absorvem casos de média complexidade.
Tudo isso foi definido com base em estudos e após planejamento minucioso da SES, que levou em consideração diversos indicadores e dados que contribuíram para a elaboração do novo modelo de regionalização de assistência hospitalar do Estado.
“Nós fizemos um diagnóstico das necessidades em saúde de cada região do Estado, além de estudar o desenvolvimento econômico e social. Ter a informação do quanto os municípios estão investindo em saúde, me ajuda a direcionar o recurso. Com isso estabelecemos uma proposta para incentivar a produtividade e os municípios aprovaram e já estão trabalhando desta forma”, disse Simões.
Entre os benefícios do novo modelo está a redução da sobrecarga nos hospitais de alta complexidade, atendimento mais ágil e próximo ao paciente, melhor distribuição de recursos hospitalares, maior disponibilidade de vagas para casos graves nas referências. Com essa estratégia, a regionalização da saúde se torna mais eficiente, beneficiando tanto pacientes quanto a gestão hospitalar.
Financiamento
O novo modelo de financiamento para os HPPs (Hospitais de Pequeno Porte) do Estado foi apresentado ontem (1°), por Simões, aos deputados estaduais. A iniciativa visa reduzir as filas por diagnósticos, procedimentos e cirurgias, com incentivo financeiro para a produção de serviços e, consequentemente, ampliação do número de atendimentos em 66 hospitais do interior de MS.
O programa será baseado em duas linhas de financiamento, com 'incentivo fixo' (repasse para que as unidades mantenham sua estrutura aberta e em funcionamento) e incentivo variável (bonificação diretamente relacionada à produção de serviços, diagnósticos ou terapêuticos). A abordagem estimula os hospitais de pequeno e médio porte, que muitas vezes não realizam procedimentos de baixa e média complexidade por falta de incentivo, e desafoga assim os grandes centros hospitalares que acumulam esses atendimentos. Os procedimentos previstos para serem incentivados nesses hospitais incluem urgência e emergência, materno-infantil, cirurgia geral, geniturinária e traumato-ortopedia.
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