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Projeto 'Patas que Acolhem' revoluciona atendimento a vítimas em fórum
Ação visa oferecer apoio emocional e acolhimento humanizado a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes graves
Quinta-feira, 12 Junho de 2025 - 15:36 | Redação

Unindo vítimas de violência ao afeto proporcionado pelos cães dentro das dependências do Fórum, a comarca de Anastácio, em parceria com o Canil da Polícia Militar de Aquidauana, lançou o projeto “Patas que Acolhem”. A ação inédita, idealizada pelo juiz Luciano Pedro Beladelli, visa oferecer apoio emocional e acolhimento humanizado a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes graves, como estupro de vulnerável e maus-tratos.
Conforme explica o juiz Beladelli, já existia um canil em Aquidauana com cães adestrados que atuavam com pessoas com deficiência. Com base nessa experiência, surgiu a ideia de ampliar a atuação dos cães para o ambiente forense, especialmente no apoio a vítimas em situação de extrema vulnerabilidade emocional. “Conhecendo o trabalho dos policiais militares e o cuidado com os cães, vimos a possibilidade de trazer essa atuação para dentro do Judiciário, inicialmente com crianças e adolescentes que participam de depoimentos especiais”, afirma o magistrado. O projeto pretende ampliar os atendimentos também para mulheres vítimas de violência doméstica.
O depoimento especial é um momento delicado, no qual a criança ou adolescente precisa reviver os fatos para relatá-los a um profissional capacitado, em uma sala própria e sem a presença direta do juiz, promotor ou advogados. “O sofrimento é visível. Muitas choram, entram em crise, e é preciso interromper o depoimento para que se recomponham. É um processo necessário, mas extremamente doloroso”, relata o magistrado.
Nesse contexto, o projeto “Patas que Acolhem” trouxe uma alternativa de acolhimento. Os cães atuam no início e ao final do procedimento. Se a criança informar que gosta de animais e desejar a proximidade com os cães naquele momento, ela é levada até uma sala preparada para o encontro com o cão. Esse momento auxilia na construção de confiança entre a vítima e o entrevistador. “A criança interage com o cão, sorri, se sente mais segura. O policial militar acompanha todo o tempo. Depois disso, ela segue para a sala do depoimento”.
Concluído o depoimento, a criança é reconduzida à mesma sala, onde reencontra o cão. Esse momento, conforme Beladelli, tem se mostrado essencial para aliviar o sofrimento causado pela rememoração do trauma. “Já no primeiro atendimento, com seis crianças, foi visível a diferença. Elas saíram menos tensas, mais tranquilas. Uma delas chegou a dizer que queria que o depoimento acabasse logo para brincar com o Bart, um dos cães. Isso é muito significativo”, ressalta.
De acordo com o juiz, o projeto é inédito no Mato Grosso do Sul. “Não há nenhuma outra comarca no Estado que tenha implantado esse tipo de atendimento. No Brasil, há poucos exemplos semelhantes, como no Paraná”.
O cuidado com os animais também é parte central da iniciativa. Os cães atuam em ambiente climatizado, com tapetes, cortinas e espaço para descanso. Têm pausas para alimentação, hidratação e necessidades fisiológicas, tudo sob acompanhamento dos policiais do canil. “Não são brinquedos nem ferramentas. São parceiros vivos, sensíveis, que merecem o mesmo respeito com que acolhem nossas vítimas”, afirma Beladelli.
Ainda segundo o juiz, o ambiente criado é confortável, acolhedor e respeitoso. “As crianças interagiram muito bem. Algumas sentaram no chão com o cão, outras deitaram sobre os tapetes. Apenas uma ficou mais receosa, mas mesmo assim conseguiu se aproximar. Foi um ambiente bonito de se ver, muito humano”.
A proposta também será ampliada, futuramente, para atender mulheres vítimas de violência doméstica, outro público que, segundo o juiz, enfrenta enorme sofrimento ao ser ouvido no ambiente judicial. “Queremos que o Fórum de Anastácio seja não apenas um espaço de Justiça, mas também de acolhimento e dignidade”.
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