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Poderosa, família Name planejava maior matança de MS
Terça-feira, 01 Outubro de 2019 - 06:00 | Redação
A tradicional família Name, dona de várias empresas e que tem nomes na política em Mato Grosso do Sul, montou um grupo de extermínio para fazer a maior matança já vista na história do Estado. A definição consta do despacho do juiz Marcelo Ivo que autorizou as apreensões e prisões da Operação Omertá deflagrada nesta sexta-feira, 27 de Setembro, pelo Gaeco, em parceria com uma força-tarefa policial.
Foram presas 19 pessoas, entre as quais o empresário Jamil Name, o filho dele, também empresário, Jamil Name Filho, funcionários da família Name, policiais civis, guardas municipais, policial federal e um militar da reserva. Eles integravam a organização que, segundo as investigações, cometeu, ao menos, cinco assassinatos e outros crimes como posse ilegal de armas e corrupção ativa e passiva.
O objetivo era eliminar qualquer pessoa que atrapalhasse os planos da poderosa família. Name é pai do deputado estadual Jamilson Name (PDT) e esposo de Tereza Name, ex-vereadora por Campo Grande.
No decorrer das investigações, policiais recolheram um pen drive que tinha várias diálogos gravados. Um deles revela as pretensões sangrentas da família. Jamil Name Filho informa a uma parente que é o chefe do grupo de extermínio criado para executar e eliminar inimigos e desafetos dos Name.
As execuções aconteceriam seja por motivos de ordem profissional (negócios) ou mesmo pessoal. Name Filho ressalta que poderia morrer da pessoa mais simples à mais importante do Estado e menciona as seguintes frases, segundo o despacho judicial: “Sai a maior matança da história do MS.” “De picolezeiro a governador.”
Na avaliação do juiz, tal postura demonstra a “a altíssima periculosidade da organização criminosa liderada pela Família Name.” Conforme o despacho, o grupo criminoso era muito organizado, a ponto de terem sido dividido em núcleos, segundo os investigadores.
Além de Jamil Name e do filho tiveram as prisões preventivas (sem prazo definido) decretadas os guardas municipais Alcidei Arantes da Silva, Rafael Antunes Vieira, Robert Vítor Kopetski e Marcelo Rios; o militar da reserva Andrison Correia, os policiais civis Elton Pedroso de Almeida, Vladenilson Daniel Olmedo, Flávio Narciso Morais da Silva, Márcio Cavalcanti da Silva, e os pistoleiros José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima.
Já a prisão temporária foi decretada para o advogado Alexandre Gonçalves Franzoloso; os policiais civis Elvis Elir Camargo Lima, Frederico Maldonado Arruda; e para os guardas municipais Eronaldo Vieira da Silva, Igor da Cunha Souza, Rafael Carmo Peixoto Ribeiro, além de Everaldo Monteiro de Assis, Luis Fernando da Fonseca, Rudney Machado Medeiros e Euzébio de Jesus Araujo.
Núcleos - As investigações apontam a existência de ao menos quatro grandes núcleos, cada qual com funções específicas e bem definidas, sendo eles: 1 – Liderança (líderes); 2 – Gerência (gerentes operacionais); 3 – Atividade de apoio (logística, segurança e suporte); e 4 – Execução (executores de homicídios).
A liderança cabia a Jamil Name e ao filho dele. Eles definem as missões dos demais integrantes da organização e são responsáveis pelo custeio de todas as atividades do grupo, fornecendo o material necessário às execuções, como armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e, inclusive, proteção.
Já os segundo núcleo, a gerência é composto por Luis Fernando da Fonseca, Márcio Cavalcante da Silva, Vladenilson Daniel Olmede e Marcelo Rios.
Márcio Cavalcante da Silva é policial civil e, segundo apurado, usa da função em benefício da organização criminosa. Durante as investigações, ele foi flagrado várias vezes, em horário de serviço, na residência de Jamil Name e, em algumas situações, tratava de assuntos de interesse da mencionada família Name.
O nível de confiança depositado em Márcio Cavalcante era alto, visto que ele responde diretamente a Jamil Name, não se valendo de intermediários, mantendo inclusive contato com o advogado da família.
Outro membro da gerência é o representado Vladenilson Daniel Olmedo, policial civil aposentado. As investigações apontaram que após a prisão do guarda municipal Marcelo Rios – encontrado com um arsenal de armas da família Name em Maio – Vladenilson passou a ter mais relevância dentro da organização, ao passo que foram captados áudios em que ele orientava outros integrantes do grupo (sobre tarefas e escalas), participando ativamente de tarefas relacionadas ao dia adia dos membros da Família Name.
Vladenilson era o responsável em garantir a segurança da família, resolver pendências financeiras, cuidar das propriedades rurais e também responsável em realizar atividades ilegais, como transportar armas/munições vindas do Paraguai, tendo, ainda, a função de organizar e participar de ações voltadas à pressão, coação ou agressão de pessoas que, de alguma maneira, possam atingir a família Name.
Já Marcelo Rios, que foi o primeiro dos investigados a ser preso, é guarda municipal e era o responsável em “guardar” o armamento pertencente à organização criminosa. Ele foi preso em 19 de Maio com um arsenal de armas em um endereço que pertence à família Name na Capital.
Quando da prisão dele, chamou atenção dos policiais, o fato de três execuções em Campo Grande terem sido praticadas com fuzis calibre .762, justamente um dos apreendidos em poder do representado Marcelo Rios, como o Fuzil AK 47. Além disso, o guarda municipal estava em um veículo roubado, com sinais identificadores adulterados. O fato é uma prova de que a organização criminosa tem se valido de veículos furtados ou roubados para praticar os homicídios. Os carros são queimados após os crimes.
Luis Fernando era pessoa da confiança da família Name, para quem trabalha há 35 anos, figurando como porta-voz de Jamil Name. Ele conhecia a fundo os negócios da família a ponto de, em uma mensagem interceptada, afirmar categoricamente que armas apreendidas pertenciam a Jamil Name Filho.
O terceiro núcleo identificado pelas investigações foi denominado núcleo de atividade de apoio, responsável pela logística, segurança e suporte, na organização criminosa. Os membros eram Alcinei Arantes, Andrison Correia, Elton Pedroso de Almeida, Flávio Narciso Morais da Silva, Rafael Antunes Vieira, Robert Vítor Kopetski, Alexandre Gonçalves Franzolo, Elvis Elir Carmargo Lima, Eronaldo Vieira da Silva, Euzébio de Jesus Araujo, Everaldo Monteiro de Assis, Frederico Maldonado Arruda, Igor Cunha Souza, Rafael Carmo Peixoto Ribeiro, Rudney Machado Medeiros.
Esse grupo desempenha a função de apoio na organização criminosa, dando o suporte necessário para que tudo transcorra conforme a ordem de seus chefes, seja para atividades lícitas, atuando como motoristas, ou mesmo ilícitas, como uma ação de retirada de documentos do apartamento de Jamil Name Filho, na tentativa de esconder provas de crimes, logo após a prisão de Marcelo Rios.
O quarto e último núcleo identificado é o de execução composto por Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires, os pistoleiros do grupo. Eles praticavam os homicídios, mediante paga ou promessa de recompensa, por ordem dos líderes Jamil Name e o filho dele Jamil Name Filho. Os dois agiram juntos, por exemplo, do assassinato do jovem estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, no dia 9 de Abril, no Jardim Bela Vista.
O rapaz, na verdade, foi morto por engano já que o alvo verdadeiro era o pai dele, o capitão reformado da PM Paulo Roberto Teixeira Xavier. Apesar do erro na execução, o crime foi meticulosamente planejado pela organização criminosa, com divisão de tarefas. O capitão foi alvo de vigilância nos dias que antecederam o crime. A organização, inclusive, usou de meios de informática (hackeamento) para levantar em tempo real a localização do alvo.
Detalhe, José Moreira Freires era monitorado por tornozeleira eletrônica e mesmo assim manteve vigilância no local do crime dias antes da execução da de Matheus, chegando a ser visto pelo próprio Paulo Roberto no veículo usado na ação criminosa, um GM Onix, cor branca.
“A conduta dos representados apresenta um caráter antissocial que traz intranquilidade e repugnância à população, sendo que a periculosidade concreta dos representados se demonstra pela forma estruturada da organização criminosa, sendo necessária a preservação da ordem pública, haja vista a reiteração delitiva de seus integrantes, bem como pelo fato da organização criminosa contar com a presença de membros das forças de segurança”, diz o juiz em sua decisão.
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