• Diretor de Redação Ulysses Serra Netto

Geral

Maria é atitude, vitalidade e alegria

Sexta-feira, 08 Março de 2019 - 14:14 | Redação


A faxineira Maria Aparecida Barbosa Cesca, de 64 anos, é dessas mulheres que nunca passam despercebidas nos lugares aonde vai. Alegre, comunicativa e vencedora, ela corre literalmente em busca daquilo que a faz feliz. A casa dela no Jardim Monte Alegre, em Campo Grande, é um santuário cheio de troféus e medalhas que ela ganhou nas corridas de rua. “Eu quero mais. Agora, estou arremessando peso”, revela.

Maria Cesca participou recentemente da Corrida de Verão, primeira etapa da Rota das Estações 2019. E foi no pódio, quando recebeu o troféu pelo segundo lugar em sua categoria, que ela chamou atenção da reportagem pela primeira vez ao comemorar o feito. “Se corrida for doença quero morrer com ela”, bradou, arrancando aplausos dos presentes. Em 2018, ela correu as quatro estapas da Rota das Estações, feito que pretende repetir neste ano.

Por esbanjar simpatia e ser dona de tantas qualidades que podem inspirar outras mulheres, Maria Cesca é o destaque do Diário Digital neste Dia da Mulher. “Meu principal recado para elas é que tenham atitude e gostem de si mesmas”, aconselha. Ao longo dessa reportagem, outras dicas de Maria serão apresentadas, mas esta é uma história que merece ser contada do início.

Maria Cesca é baiana de Andaraí. Ainda pequena veio para Aral Moreira (MS) trabalhar com a família na colheita de café. Por isso, o trabalho pesado faz parte do dia-a-dia dela desde menina.

Ela se casou e teve dois filhos. Até aí se dividia entre o trabalho e os afazeres de mãe, esposa e dona de casa, rotina que durou muitos anos. “Quando eu menos esperava sofri uma desilusão, o casamento lascou-se”, comenta. “Eu estava triste e gordinha, foi aí que meu irmão me convenceu a correr com ele”, relembra.

Na época, Maria trabalhava como açougueira já em Campo Grande. “Eu não tinha muito tempo, nem professor para me treinar, mesmo assim comecei a correr e me destacar”, afirma. Maria estava tão focada nas corridas que conquistou feitos inéditos. Foi a primeira mulher a correr a maratona dos 50 km, no Rio Grande do Sul, em 1998, troféu que ela exibe com orgulho.

Maria nunca mais saiu das pistas. Atualmente, ela concilia, sem qualquer dificuldade, o treinamento para as provas com os quatro empregos. “Vou e volto correndo todos os dias, assim eu treino”, relata. “Assim, estou sempre em forma”, acrescenta.

Todos os dias bem cedo, ela coloca a mochila nas costas e segue em passadas firmes para seus compromissos. Em média, ela corre 2h30 por dia – no trajeto ida e volta. “E dou conta do meu trabalho direitinho e com capricho, tenho os meus patrões há muitos anos”, completa.

A atleta tem carro e motocicleta, mas não dispensa a oportunidade de treinamento. “As mulheres precisam fazer as coisas com garra. Nunca desanimar, principalmente as fofinhas. O resultado vem, só é preciso esforço. Tenho carro e moto e prefiro as minhas próprias pernas”, afirma.

Maria reitera que a corrida proporciona bem-estar inigualável. “Correr bastante faz muito bem. O que faz mal para as pessoas é ter o coração ruim e falar mal dos outros”, ensina.

A corredora revela que não foi fácil se reerguer da separação, porém, ela não tem frustrações na vida. “Tenho filhos muito em criados e encaminhados na vida. Meu neto é militar”, comenta. “E pra ser bem sincera, eu nunca soube o que é dinheiro de homem na minha vida. Eu sempre ganhei o meu próprio e sustentei minha família”, afirma.

Hoje, ela olha com a satisfação de uma vitoriosa, os troféus e medalhas que ganhou nas corridas. “São tantos que eu nem sei. Só São Silvestre foram nove. Corri maratonas em vários estados e até no Paraguai”, enaltece.

“A mulher não pode ficar parada e acomodada na tristeza. Ela tem é que se mexer”, arremata Maria Cesca.

SIGA-NOS NO Google News