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MS tem indústria forte em tempos de crise
Setor sobrevive à turbulência, abre novas empresas, cria postos de trabalho e aumenta a receita
Domingo, 11 Outubro de 2020 - 09:00 | Redação

O ano em que Mato Grosso do Sul celebra 43 anos de criação foi também o mais desafiador para a economia do Estado. A pandemia do novo coronavírus impactou todos os setores, mas apesar das dificuldades um deles vai encerrar 2020 com indicadores positivos, o industrial.
A indústria contratou mais do que demitiu e ainda há vagas à disposição. Novas empresas foram abertas. A movimentação financeira da produção assim como a receita das exportações também cresceram em relação ao ano passado. O desempenho do setor ajudou a colocar MS entre os estados brasileiros em desenvolvimento mesmo com a pandemia.
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul, Fiems, Sérgio Longen, relembra que quando o coronavírus chegou ao Estado, por volta do mês de Março, uma onda de preocupação se instalou nas empresas. Os industriais não sabiam se conseguiriam manter a produção em um momento único e tão delicado.
"No início da pandemia, Março, indústrias nos procuraram preocupadas com os efeitos dessa doença sobre o setor. Por meio da área de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) do Sesi, iniciamos a elaboração dos protocolos de biossegurança para que as empresas continuassem produzindo apesar da Covid-19 e o resultado estamos verificando agora”, destaca Longen.
Outra ajuda que garantiu fôlego ao setor foi a ajuda do poder público. As indústrias tiveram acesso a linhas de crédito especiais via FCO e a prorrogação do pagamento compromissos. Em negociação com o governo do Estado, foram mantidos incentivos fiscais para os segmentos mais atingidos pela pandemia.
“Além disso, obtivemos o refinanciamento de dívidas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) com o governo estadual, enfim, foram inúmeras ações que ajudaram a construir um cenário favorável à retomada do setor industrial”, ressalta.
Oportunidade na crise - Uma indústria instalada em Campo Grande vive essa retomada após conseguir enfrentar as turbulências do mercado. A Porto Plast fabrica sacolas, sacos de lixo (doméstico e hospitalar), e mangueiras para a construção civil, tudo feito com grão reciclável.
No início da pandemia, os preços dos insumos dispararam e a produção caiu. Foi preciso replanejar o funcionamento da fábrica para evitar demissões. Nenhum trabalhador foi dispensado e apenas três meses depois começou a guinada na fábrica.
Em Julho, a procura pelos produtos reciclados cresceu mundo afora e também no Estado. A empresa precisou aumentar a produção. Foram abertas 10 novas vagas de trabalho. Um novo galpão está sendo montado para armazenar a produção antes de despachar para os compradores.
"Estamos trabalhando com clientes que compram por atacado e apenas dentro do Estado. Não há, por enquanto, possibilidade de vender para fora. Nossa produção sequer consegue abastecer o mercado local. A demanda é muito grande. Não damos conta de atender", explica o diretor-geral
Juliano Berton.
As máquinas trabalham em ritmo frenético. Além de ampliar os horários das equipes, foi preciso criar turnos do domingo e no período da madrugada, algo que a indústria nunca tinha feito. "Apesar de tudo isso, não estamos conseguindo fazer estoques. Tudo o que sai da linha de produção já tem cliente certo", relata Berton.
Empregos - O aumento na produtividade da indústria abriu porta de trabalho até para quem não tinha qualquer experiência no ramo. Eduardo Soares, de 26 anos, trabalha na Porto Plast há cinco meses, como auxiliar de linha de produção. "É uma área que eu nunca tinha trabalhado. Então, quando cheguei aqui, eles me ensinaram tudo. Acho que me adaptei muito bem. Estou bem feliz com a oportunidade", comenta o jovem.
Um diferencial que chama atenção na linha de produção é a presença das mulheres. Segundo Berton, a mão de obra feminina faz muito bem à indústria. "A mulher é detalhista e cuidadosa com os materiais. Está sempre verificando o produto com cuidado", elogia.
Que o diga Letícia Matoso, de 24 anos, que há três anos trabalha como operadora de máquina na Porto Plast. "Indústria é um lugar propício para as mulheres. Muita coisa em nosso trabalho é uma questão de jeito com
as coisas e não de força", define Letícia.
Os homens sempre são chamados para ajudar se houve algo mais pesado para transportar. Mesmo assim, a indústria limitou o peso dos fardos produzidos na fábrica em no máximo 25 quilos para preservar a saúde dos 45 funcionários da empresa.
O setor industrial emprega atualmente cerca de 130,4 mil trabalhadores com carteira assinada em MS, número 4,34% maior que o do ano passado, quando 125 mil pessoas estavam empregadas nas indústrias.
"De janeiro a agosto deste ano, apesar da pandemia, o setor industrial consolidou-se como o maior gerador de postos formais de trabalho no Estado com a abertura de 5.424 novas vagas de emprego, um crescimento de 88% no total de vagas abertas pelo setor quando comparado com o mesmo intervalo do ano anterior”, afirma o economista Ezequiel Rezende coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems.
Indicadores - Ao contrário das previsões pessimistas, o número de indústrias ativas em MS cresceu, passando para 6.014 empresas, contra 5.981 em 2019, um aumento de 1,55%. A movimentação financeira deve encerrar 2020 em R$ 53,9 bilhões, 3,45% mais que o ano passado, quando as indústrias movimentaram R$ 52,1 bilhões.
De janeiro a agosto deste ano, a receita com as vendas internacionais das indústrias locais alcançou US$ 2,499 bilhões, indicando aumento de 3,4% em relação ao mesmo período de 2019, quando ficou em US$ 2,416 bilhões. “A nossa projeção é de que devemos encerrar o ano em US$ 3,74 bilhões, ou seja, crescimento de 2,47% na comparação com o ano passado”, calcula Ezequiel Resende.
Segundo estimativa da Fiems, o PIB Industrial caminha para terminar o ano em R$ 23,1 bilhões, o que significa um salto de 6,45% na comparação com 2019, quando o PIB Industrial ficou em R$ 21,7 bilhões. O PIB Industrial representa 23% do total do PIB de Mato Grosso do Sul, que deve encerrar 2020 em R$ 116,7 bilhões.
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