Igreja inaugura hoje com propósito de acolher 'excluídos' por religiosos e mais fiéis

Um lugar que acolhe todos independente do 'fardo social' que carregam. Essa é a proposta dos pastores e fundadores Josué dos Anjos e Ricardo Vitoriano para a Igreja Viva, que será inaugurada neste domingo (20), a partir das 18h. Os amigos enxergaram a necessidade de abraçar grupos excluídos por outras instituições religiosas e unirem as diferenças em prol da fé e da adoração a Deus.

O lugar é simples: uma sala comercial em uma galeria na Rua Rui Barbosa, em Campo Grande, com capacidade para até 40 pessoas, porém o propósito dos pastores é enorme. Josué foi quem buscou contato com Ricardo, com quem já era amigo há cerca de quatro anos, e propôs a Igreja Viva, especialmente porque sentiu rejeição da instituição que integrava. "Eu sou divorciado e comecei a sentir que as pessoas da Igreja a qual eu frequentava começaram a me tratar diferente após o divórcio. Elas não falavam mais comigo como antes, não iam mais a minha casa como antes. Comecei a sentir o que era ser excluído por pessoas de um local que deveria te abraçar sem te julgar", contou.

Em janeiro, procurou o amigo para contar sobre o projeto, e começaram a formular a Igreja Viva, explicou. Mas não só Josué teve história com a religião, Ricardo também. O pastor realizava cultos a cada 15 dias na varanda de casa e tinha um público grande de pessoas que também foram deixadas de lado pela Igreja. "Mães solos, divorciados, pessoas que foram excluídas simplesmente por terem tatuagem", relembra. "Eu gostava do que eu fazia. Era muito bom poder levar a palavra de Deus e a fé para as pessoas, mas tive que parar", relata.

Ele contou que os vizinhos de onde mora começaram a criar empecilhos para a realização dos encontros, tocando som alto durante os horários dos cultos e não dando ouvidos quando Ricardo pedia para abaixarem. "Foi aí que eu interrompi meus cultos, porque não queria causar confusão. Mas, dava um aperto no coração olhar as cadeiras amontoadas em um canto, os materiais que eu usava parados", lembra.

"Foi o propósito de Deus que nos uniu", afirmou Ricardo. O pastor disse que se conheceram há anos e acabaram unidos pelo ciclo social em comum. "Deus tinha me revelado que tinha esse propósito e que essa Igreja seria criada, mas eu jamais imaginei que fosse com o Josué, porque não conversávamos sobre isso", lembra bem-humorado.

Os fundadores, então, juntaram-se e começaram a buscar pontos na Capital que poderiam dar vida ao projeto. "Procuramos muito. Por onde a gente passava e via que estava vago, mandávamos foto, íamos visitar, foi muita procura mesmo", conta Josué. Até que o salão na Rui Barbosa foi notado por ele. "Eu sempre passava aqui e nunca tinha reparado. Um dia vi e viemos visitar. Nós sentimos que seria aqui, e hoje é", relembra.

Foram duas semanas intensas, dentro dos horários disponíveis dos fundadores que não batessem com a rotina de professor universitário, no caso de Josué, e bancário e professor da rede básica, no caso de Ricardo, para que o local ficasse pronto e começasse a receber os fiéis.

O salão acomoda de 30 a 40 pessoas sentadas, mas os pastores garantem que mais fiéis serão acolhidos e acompanharão o culto se for necessário. "Damos um jeito, podem assistir sentados no chão, ou na janela. O que não vai faltar é vontade de adorar a Deus", garante Josué. Os pastores explicam que, no momento, não possuem materiais necessários para levar o culto às plataformas on-line, mas que pretendem disponibilizar trechos de orações, louvores e mais atividades nas redes sociais.

Sobre o público, os fundadores informam que todas as pessoas serão acolhidas, independentemente das condições. "Seja excluído ou só queira um lugar acolhedor e livre de julgamentos, podem se sentir a vontade para participar da nossa adoração. Vamos receber todos de braços abertos", afirmam.

Para os pais ou responsáveis que queiram ou precisem levar suas crianças, Josué e Ricardo pensaram em tudo: atividades e passa-tempos já foram impressos e garantirão a diversão dos infantes. "Eu já vi lugar que proíbe crianças de entrarem nos cultos. Aqui não queremos isso, muito pelo contrário. A palavra de Deus é para todos, inclusive para crianças", reforça Ricardo.

Projetos futuros - Mais do que somente adorar a Deus nos cultos, os amigos pretendem expandir as atividades para a sociedade. Os projetos futuros de Josué e Ricardo envolvem ações sociais, como louvores às pessoas em situação de rua e doações, além de acolhimento. "Estamos contando para atrairmos psicólogos, advogados e pessoas que possam nos ajudar nessa causa com doações ou com habilidades", explica Josué.

Outra intenção posterior dos fundadores é trazer acessibilidade aos cultos. "No momento, esse prédio só tem escada. Não tem elevador. Nós pedimos desculpas às pessoas com deficiência que queiram assistir nossas adorações, mas garantimos que, em breve, o espaço ficará maior e terá acessibilidade para vocês", lamenta Josué.

Princípios- Assim como muitas igrejas, a Igreja Viva também se baseia em princípios bíblicos, contaram os pastores. "Acima de tudo, é o amor", explicou Josué. "Amor a Deus acima de todas as coisas e amor ao próximo, assim como está escrito na nossa parede", aponta. A parede atrás de onde o palco para as pregações foi montado estampa, no estilo lettering, o versículo bíblico 'ame a Deus de todo o coração, alma, pensamento. Ame ao próximo como a si mesmo'.

São três princípios definidos seguidos pela Igreja Viva, todos baseados no amor:

• Deus é nosso pai e criador. Somos feitos a sua imagem e semelhança. A ele devemos nossa vida e tudo que somos;
• Deus nos fez iguais, nas cada um com suas características. Devemos ser gratos e respeitas nossas diferenças;
• Respeite-se e ame quem você é. Você é uma criação de Deus e tudo que Deus faz é perfeito.

Serviço - A Igreja Viva fica na Rua Rui Barbosa, 900, sala 01, Centro. A inauguração será neste domingo, 20 de março às 18h.