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Briga de trânsito leva a prisão de sucessor de Minotauro

Segunda-feira, 20 Janeiro de 2020 - 18:43 | Redação


O policiamento reforçado na fronteira durante a Operação Hórus após a fuga em massa de 75 detentos da Penitenciária de Pedro Juan Caballero, que integram uma das maiores facções criminosas do Brasil, levou equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e da DERF (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) que estão em Ponta Porã (MS)  ao traficante apontado como substituto de Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro. Edson Barbosa Salinas, de 32 anos, o “ Salinas Riguaçu”, foi preso durante uma briga de trânsito na noite deste domingo (19).

Segundo a polícia, durante rondas na Av. Brasil, por volta das 22h, as equipes flagraram Fábio Lopez Vilhalva, de 23 anos, armado com uma pistola 9 milímetros, discutindo com dois homens em uma caminhonete Toyota SW4.  Edson Salinas era o passageiro do veículo e apontava uma pistola calibre.380 para Fábio.

Na abordagem, os policiais ordenaram que eles saíssem do veículo e deitassem no chão. Porém, Salinas e Rodrigo Antunes Flores, de 28 anos, que conduzia a Toyota SW4 se recusaram e tiveram que ser contidos a força. Fábio estava em um veículo VW Gol acompanhado da esposa, da cunhada e de dois filhos pequenos, de dois e três anos.

Na delegacia, eles relataram que a briga começou por conta de uma discussão no trânsito. De acordo com as testemunhas, Edson e Rodrigo estavam em uma festa e saíram para comparar mais bebidas. No retorno, o condutor da Toyota SW4, visivelmente embriagado, passou a trafegar em duas faixas da Avenida e fechou Fábio que conduzia o veículo VW Gol.

Sem conseguir passar, Fábio teria buzinado e com sinal de luz solicitado passagem para a Toyota SW4. Ao emparelhar com o carro de Rodrigo e Edson, Fábio sacou a pistola e começou a briga.

Ele ainda tentou fugir, depois de mostrar a pistola, mas foi perseguido por Rodrigo que também estava com uma arma no carro. Em determinado momento, Fábio estacionou seu veículo e desceu quando foi avistado pelos policiais.

Além das duas armas, a polícia apreendeu cinco munições da pistola calibre 9mm e 12 da pistola calibre .380.  Com Salinas e Rodrigo foram encontrados U$ 4.200,00 (dólares) e R$ 4.150,00.

Fábio Lopez Vilhalva foi preso em flagrante por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, assim como Edson Barbosa Salinas e Rodrigo Antunes Flores que ainda vão responder por ameaça e por conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool.

Edson Barbosa Salinas, vulgo “Salinas Riguaçu” – Por se tratarde um criminoso conhecido na fronteira, Salinas já foi transferido para o Presídio de Ponta Porã.  Segundo informações da polícia, ele é sucessor do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Neto - “Minotauro” que estava à frente da guerra do PCC contra facções rivais pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira.

Salinas teria liderado ataques contra membros de facções rivais. Na lista de execuções do traficante estaria o assassinato da advogada argentina Laura Marcela Casuso, morta a tiros em novembro de 2018, em Pedro Juan Caballero. Segundo a polícia paraguai, ela era advogada do traficante sul-mato-grossense Jarvis Ximenes Pavão, um dos maiores fornecedores de maconha e de cocaína para o Brasil que, atualmente, cumpre pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Pavão é investigado pelo assassinato do traficante Jorge Rafaat, em junho de 2016.

Em janeiro de 2019, o alvo de “Salinas Riguaçu” teria sido o empresário Chico Gimenez, executado em sua casa em Ponta Porã. No local, a polícia recolheu mais de 190 projéteis de calibre 556 e 762. Chico era tio de Pavão.

Ligação com Minotauro – Salinas é apontado como dono de imóveis em Pedro Juan onde foram presos 15 integrantes do alto escalão da quadrilha chefiada por Minotauro. Com o grupo, foram apreendidas, em fevereiro de 2019, diversas armas e munições.

Como seu sucessor, Edson Salinas ainda é suspeito de ser o mandante de uma chacina que matou seis pessoas e deixou bebê de pouco mais de um ano ferido, na cidade paraguaia, em maio do ano passado.  As vítimas estavam sentadas na varanda da casa quando pistoleiros começaram a atirar com pistolas e fuzis calibre 5.56. Elas fariam parte do grupo liderado por Jarvis Pavão.

Minotauro tem relação com mais de 150 mortes na região de fornteira e comanda uma das quadrilhas que disputam a liderança do tráfico de drogas com a morte de Jorge Rafaat. Ele foi preso em fevereiro do ano passado em um apartamento, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina durante uma operação que mobilizou policiais paraguaios e brasileiros.  

Fuga em massa – O Ministério da Justiça do Paraguai confirmou o nome de oito dos 12 pistoleiros ligados a Minotauro que estavam presos e fugiram junto com outros 67 internos do Presídio de Pedro Juan Caballero, na madrugada deste domingo (19).

Um dos comparsas de Salinas seria Danilo Gimenez Lopes apontado como possível mentor da fuga em massa e o responsável pelas execuções e o armazenamento das armas.  Apesar de ser considerado foragido da justiça, testemunhas afirmam que ele continua a atuar na fronteira e pode estar oferecendo suporte material e financeiro a detentos que fugiram do presídio de Pedro Juan.

 

 

 

 

 

 

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