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Bolivianos voltam a bloquear Bioceânica

Grupo impede passagem de caminhões de carga e cobra estrutura para a saúde da fronteira

Quarta-feira, 08 Julho de 2020 - 11:02 | Paula Fernandes


Bolivianos voltam a bloquear Bioceânica
Manifestantes cobram estrutura de saúde na fronteira (Foto: Diário Corumbaense)

Teve nesta quarta-feira (08) o bloqueio por tempo indeterminado da estrada Bioceânica, em Puerto Suárez, na Bolívia. Com isso, na região de fronteira entre Corumbá e as cidades bolivianas, que já está fechada por conta da pandemia de coronavírus, nem os caminhões de cargas, que estavam liberados para circulação, podem passar.

A linha férrea também está bloqueada na fronteira. O objetivo é, mais uma vez, chamar a atenção dos governos nacional, departamental e municipal, sobre a estrutura da saúde local, mais precisamente do hospital San Juan de Dios, em Puerto Suárez, o único que atende toda a região.

O presidente do Comitê Cívico de Puerto Suárez, Humberto Miglino Rau, explicou que o bloqueio não tem cunho político, mas sim cívico. “Temos hospital construído, mas vazio, só temos infraestrutura, mas não temos equipamentos, itens para médicos profissionais. Nós enviamos duas cartas à presidente do país com as reivindicações e não fomos atendidos. Fizemos um bloqueio de 48h e não fomos atendidos e desde a meia-noite de hoje iniciamos o bloqueio indefinido”, explicou Humberto.

Ele ainda ressaltou que diante do cenário de luta contra o novo coronavírus, a distância de um hospital mais equipado, fica a cerca de 630 quilômetros, na cidade de Santa Cruz de La Sierra. “Tínhamos no país vizinho, exatamente na cidade de Corumbá, o atendimento no hospital, agora com a pandemia isso foi suspenso e não temos para onde levar nossos doentes, não tem condições de atender ainda mais em caso de pandemia. Tem pessoas que não aguentam e infelizmente morrem na metade do caminho, nossos hospitais estão colapsados não temos como levar os doentes. Estamos 'brigando' pela vida, é um bloqueio cívico e não político”, reforçou.

Conforme Humberto Miglino, o hospital San Juan de Dios está em operação há 10 anos, classificado pela Serviço Departamental de Saúde (Sedes) como segundo nível. Em cinco anos, não foi realizada nenhuma movimentação para equipá-lo.

“Hoje mais do que nunca, precisamos do hospital equipado. Em menos de dois meses, temos 56 pessoas falecidas. Não se sabe se é por covid ou qual outra causa, já que os testes vão para o Cenetrop de Santa Cruz e demoram muito tempo para chegar. Da mesma forma, é usado o protocolo de manuseio de corpos por covid-19 ", mencionou o líder cívico.

Puerto Suárez tem 25.000 habitantes e o hospital San Juan de Dios é um dos pontos de referência na província de German Busch. Atende pacientes de outras cidades como Puerto Quijarro, Roboré e Carmen Rivero Tórrez.

Com a crítica situação do sistema de saúde do lado boliviano, muitos doentes acabam entrando em território brasileiro, por trilhas clandestinas, para buscar atendimento em clínicas particulares e na Santa Casa de Corumbá. 

O trânsito na fronteira entre as cidades de Corumbá (MS), Puerto Suárez e Puerto Quijarro, na Bolívia, está fechado desde março, uma das medidas de combate ao coronavírus. Apenas é permitida a passagem para os dois lados de caminhões de cargas, para não afetar o comércio exterior. No Esdras, a Receita Federal tem um cadastro dos motoristas que fazem esse trabalho. A passagem de veículos de passeio e estrangeiros não é permitida, seguindo assim a determinação do governo federal.

O controle na região fronteiriça é feito pelo Exército durante toda a noite e também pela Polícia Federal. Durante o dia, fiscais da Receita com o apoio de policiais militares, também ficam no posto Esdras.

Do lado boliviano, seguindo o decreto e Emergência Sanitária, ninguém entra e nem sai do País. Só é permitido o ingresso de bolivianos repatriados de outras nações que estejam portando documentação correta e do transporte pesado, onde até então, apenas caminhões de cargas estavam permitidos a passar, mas com o bloqueio, tudo foi paralisado. 

(Com informações: Diário Corumbaense)

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