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Artesanato sul-mato-grossense se firma como força na economia estadual

Artesanato retrata toda a diversidade cultural e étnica que compõem a formação histórica e social dos sul-mato-grossenses

Sexta-feira, 05 Setembro de 2025 - 18:09 | Redação


Artesanato sul-mato-grossense se firma como força na economia estadual
O crescimento do setor está diretamente ligado à abertura de mercados e ao aumento da qualificação técnica dos produtos. (Foto: Álvaro Rezende/Secom)

Com originalidade, identidade regional e forte conexão com saberes tradicionais, o artesanato de Mato Grosso do Sul vem conquistando visibilidade, movimentando a economia e se consolidando como um dos pilares do mercado criativo no Estado. Nomes diversos personificam essa força social, que transforma objetos em memórias de nossa história e riquezas.

Atualmente, mais de 8 mil artesãos estão oficialmente cadastrados como tal, exercendo produção ativa nas mais diversas tipologias, como argila, cerâmica, madeira, fibras, tecelagem, pintura e escultura. Desses, cerca de 4 mil profissionais fornecem sua arte diretamente para a Casa do Artesão de Campo Grande - espaço que funciona como vitrine do artesanato local.

Entre tantos artesãos está Jane Clara Arguello, natural de Corumbá. Mestra artesã, ela também é designer, artista plástica, restauradora de imagens sacras e ceramista, atuando no setor desde 1991. Formada em Artes Visuais e com pós-graduação em Artesanato Empreendedor e Cultura Regional, ela é referência na cerâmica artística de Mato Grosso do Sul.

"Cada peça que produzo carrega uma história. É arte, é memória, e também é ferramenta de transformação", afirma Jane, que em sua produção une técnica, expressão e sensibilidade, utilizando materiais recicláveis e naturais, como fibras, PETs e malotes, além de integrar cerâmica e vidro em peças vibrantes que retratam mulheres indígenas, negras e japonesas.

As peças de Jane, assim como a de outros milhares de artesãos, encontram um setor fortalecido, e passa por recentes ações de profissionalização e incentivo à comercialização, apoiadas diretamente pelo Governo do Estado, através da Setesc (Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura) e da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul).

Só em 2024, essas ações do Estado dirigidas ao setor geraram mais de R$ 4 milhões em movimentação direta, considerando feiras, rodadas de negócios, vendas institucionais e o comércio contínuo na Casa do Artesão. Em apenas uma feira, as vendas de peças artesanais podem ultrapassar R$ 300 mil, demonstrando o potencial econômico do segmento.

O crescimento do setor está diretamente ligado à abertura de mercados e ao aumento da qualificação técnica dos produtos. A participação em feiras nacionais e internacionais, rodadas de negócios e exposições tem permitido aos artesãos alcançar novos públicos e comercializar suas peças com maior valor agregado.

Parcerias como a realizada com a Apex-Brasil possibilitaram a presença de artesãos de Mato Grosso do Sul em uma feira na Colômbia, com repercussões comerciais que seguem ativas. Compradores da China, Emirados Árabes, Peru e Europa também participaram de rodadas promovidas no Estado, confirmando o interesse internacional pelo artesanato sul-mato-grossense.

Mesmo com a diversidade de estilos e a riqueza cultural, muitas peças ainda são subvalorizadas no mercado interno. Em espaços como lojas de aeroporto ou galerias de arte, produtos similares chegam a custar até cinco vezes mais do que o valor praticado localmente, o que reforça a importância da valorização da produção artesanal e de políticas públicas voltadas à comercialização.

Atualmente, o artesanato sul-mato-grossense marca presença em pelo menos sete feiras nacionais por ano, com destaque para eventos em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Paraná e Distrito Federal. A participação nesses circuitos amplia o alcance dos produtos, gera novas parcerias e ajuda a consolidar a imagem do Estado como referência em diversidade e autenticidade artesanal.

Além do impacto econômico, o setor cumpre um papel fundamental na inclusão social e cultural. Oficinas, cursos e projetos de capacitação têm mudado a realidade de muitas famílias, principalmente entre mulheres, idosos, indígenas e jovens em situação de vulnerabilidade. O artesanato é também uma ponte entre gerações, permitindo que saberes antigos permaneçam vivos e relevantes na atualidade.

Iniciativas inovadoras, como a startup Bruaca, que atua com foco em impacto socioambiental, também têm contribuído para conectar os artesãos a consumidores conscientes, fortalecendo uma cadeia mais justa, sustentável e culturalmente rica.

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