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Escolas no Pantanal recebem cercamento para prevenir ataques de onças

Medida para tentar trazer mais segurança às crianças, aos professores, funcionários e dar mais tranquilidade aos pais

Quarta-feira, 12 Novembro de 2025 - 13:32 | Redação


 Escolas no Pantanal recebem cercamento para prevenir ataques de onças
(Foto: Divulgação)

As escolas municipais rurais de Ensino Integral Polo São Lourenço e Extensões e do Paraguai-mirim Extensões, no Pantanal, tiveram a instalação de cercamento no entorno do prédio em função da presença da onça-pintada. Nas redondezas das duas escolas há registros do animal.  Além do cercamento, os alunos participaram de diferentes atividades de educação ambiental que trataram sobre o conceito de coexistência entre humano e a fauna.

O IHP atuou com a presença de analistas ambientais, bem como com os brigadistas da Brigada Alto Pantanal e a iniciativa ocorreu dentro do projeto Semeando o Amanhã, que possui histórico de atividades sendo registrado desde fevereiro deste ano. Além do Instituto, estiveram presentes a Prefeitura de Corumbá, com a Secretaria Municipal de Educação, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e Defesa Civil Municipal, o Ibama, a Brigada Comunitária Ecoa e pais dos alunos. As escolas rurais atendem estudantes que moram nas comunidades tradicionais e indígenas Barra do São Lourenço/Aterro do Binega, Amolar, Mangueiral, Chané, Paraguai-mirim.

Isabelle Bueno, gestora de projetos do IHP, explica que as crianças tiveram a oportunidade de ter contato com atividades extras e obter mais detalhes sobre como é possível coexistir em uma região tão rica em biodiversidade. Também viram ser realizado o cercamento das duas escolas.

“A gente sente uma energia muito boa e mostra o tanto que o trabalho de conservação vale a pena e faz sentido. Essa é uma medida para tentar trazer mais segurança às crianças, aos professores e dar mais tranquilidade aos pais. É real a preocupação que os pais têm com relação à presença de onça-pintada nos arredores de escolas. Esse trabalho está sendo desenvolvido com muitos braços. A gente decidiu ir além do cercamento e falar sobre educação ambiental, coexistência. O intuito é oferecer informações da ciência e juntar isso com o conhecimento cotidiano das comunidades para mostrar que é possível coexistir. Também decidimos abordar muitos outros projetos que existem e podem ser aprimorados em parceria”, detalha Isabelle.

Sobre o cercamento, a estrutura para segurar a tela na escola Polo São Lourenço e Extensões foi levada em duas viagens de barco de cerca de 15 minutos cada. As Brigadas Alto Pantanal e Comunitária Ecoa trabalharam juntas para realizar a obra no entorno da unidade de ensino. Foram necessários dois dias para realizar a fundação e a instalação. Na escola Paraguai-mirim Extensões, havia a estrutura montada e as equipes realizaram a instalação da cerca.

 Escolas cercadas para prevenir ataque de onças
(Foto: Divulgação)

Tatiana Isabela Gomes é diretora da Escola das Águas na Prefeitura de Corumbá e participou das ações. “A logística é um desafio no Pantanal e ter o apoio ajuda muito para gente conseguir estar em locais muito remotos. Uma instituição apenas pode não conseguir fazer tantas coisas. Com parcerias, somos um corpo muito mais longo. E quem acaba tendo benefício são os estudantes, agregando ao conhecimento deles novas informações por meio de palestras e outras atividades. A gente faz questão também de mostrar que essa comunidade faz parte desse conjunto de trabalho.”

Wandir Navarro, técnico em educação ambiental da Prefeitura de Corumbá, dentro da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, detalha que junto na viagem também foi o Joca, mascote da autarquia e que promoveu várias ações lúdicas com as mais de 40 crianças presentes nas duas escolas. “A gente veio aqui para a comunidade com o Joca. Ele é um defensor da natureza. Ele, com vários braços, nessa parceria com diferentes instituições, consegue fazer muito mais. Aqui no Pantanal, tudo é muito grande e distante e faz a diferença fazer um trabalho em conjunto. Juntos conseguimos ser fortes.”

O Subtenente Gilson Gonçalves, coordenador de brigadas da Defesa Civil Municipal, reforça que comunidade e instituições buscam implantar medidas que vão gerar a conservação do Pantanal. “O objetivo de todos é um só, que representa a conservação do Pantanal. A Defesa Civil quer vir na escola com essas outras instituições para repassar todo o trabalho que pode ser feito, orientações para professores e para alunos. E ainda com a ideia de fazer algo lúdico para gerar mais impacto nas crianças. As demandas do Pantanal são gigantescas e a prevenção vem em primeiro lugar.”

Como representante do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Walber Douglas Odorico Nori, geógrafo e técnico ambiental, diz que nenhuma instituição de forma única consegue atuar com as distâncias que o Pantanal impõe. “Essa integração é algo muito salutar, porque, às vezes, uma só instituição não tem toda a estrutura para atender demandas em todas as comunidades. Ao integrar várias instituições, de alguma forma a gente consegue realizar mais atividades, oferece um melhor atendimento para as comunidades. Com o IHP, por exemplo, sabemos que é uma instituição que está no território e consegue nos ajudar.”

 Escolas cercadas para prevenir ataque de onças
(Foto: Divulgação)

Atividades em escolas - O IHP, que faz a gestão de áreas protegidas próximas das escolas rurais, mantém parcerias para garantir diferentes serviços e apoios. Com a Escola Municipal Rural de Ensino Integral Polo São Lourenço e Extensões, o instituto mantém o funcionamento de internet de forma contínua com a instalação de uma starlink. A medida está implementada desde agosto do ano passado.

A instalação de sistema de captação de água com funcionamento de energia solar também teve a parceria com o IHP para funcionar nas escolas do Polo São Lourenço e do Paraguai-mirim. Outra medida envolve apoio da Brigada Alto Pantanal para realizar aceiros e limpezas, bem como orientação sobre manejo do lixo para queima.

Semeando o Amanhã - O projeto Semeando o Amanhã, iniciativa do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e que vem sendo realizado com apoio de diferentes parceiros, já promoveu o plantio de 220 mudas de árvores nativas do Pantanal entre fevereiro e maio deste ano, além de realizar ações de educação ambiental com estudantes de Corumbá e Ladário, tanto na zona rural, como na zona urbana, bem como na Aldeia Uberaba, Território Indígena Guató.

Para garantir a execução de ações nas áreas urbana e rural de Corumbá e Ladário, há diferentes parceiros e apoiadores. Entre os parceiros, estão a LHG Mining, Ambiental MS Pantanal/Instituto Aegea, V.Bio, Celeo, Funbio, Wetlands International Brasil, Brazil Foundation, Instituto Phi e Pure Brasil. As Prefeituras de Corumbá e Ladário, por meio das Secretarias Municipais de Educação e Fundações de Meio Ambiente, são apoiadoras das atividades; bem como o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, com a Secretaria de Estado de Educação e a Coordenadoria Regional de Educação de Corumbá (CRE-3). O empreendimento Meu Quintal Maio que o Mundo também vem dando apoio na iniciativa.

(Foto: Divulgação)

 

SOBRE O IHP - O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/

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